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Giro a baqueta em meus dedos enquanto espero Megumi terminar de ajeitar sua guitarra.

É o segundo ensaio e estamos ainda decidindo o quê tocar na apresentação. Nobara fica parada no sofá do meu porão, o qual virou um espaço meu a muitos anos atras, e por isso minha bateria fica aqui.

Ela ajeita o celular no tripé antes de ir até Megumi e arrumar seu cabelo. A ruiva jura que vai nos deixar famosos com suas gravações, e nem eu nem o emo nos importamos de sermos gravados.

É difícil iniciar um ensaio sem ter uma música definida, mas agora estamos só vendo o estilo um do outro.

Fushiguro termina ambos o cabelo e a guitarra, e inicia o solo de "Hotel California" para testar a afinação.

Fico vidrado.

Ele faz parecer tão fácil.

– Hm... Está ok. Pronto? – ele diz, me olhando.

Me perco um pouco em seus olhos, sem querer.

– Eu?! Ah... Claro? – digo incerto.

Vejo os cantos de sua boca levemente se levantarem enquanto espera minha contagem.

Bato as baquetas três vezes antes de iniciar o ritmo da música que Megumi estava testando, e ele me segue com vigor.

Gritamos a letra juntos sem se preocupar com afinação ou palavras trocadas. Ali, somos um só, s nos entendemos melhor que tudo.

Pelo menos até eu perder uma baqueta em um momento de distração e Nobara ser obrigada a achá-la e me devolver, tudo isso enquanto eu ainda tocava apenas com uma mão.

Megumi dá uma leve risada enquanto canta e sinto que finalmente o entendo um pouco melhor. Apenas um pouquinho, ao menos.

Ele parece tão forte assim, tocando com vigor. Meu coração erra uma batida ao lembrar de sua aparência no hospital, e quase perco a nota. Ele percebe, e me olha com o cenho franzido. Eu nego com a cabeça, indicando que não é nada.

Nesse momento, Sukuna, Mahito e mais um homem alto entram no porão. Paro de tocar imediatamente mas o emo ainda toca por uns segundos até notar o que aconteceu.

Meu irmão finge que não ouviu o que aconteceu e se dirige ao sofá em frente à televisão, diferente do que Nobara está sentada. Ainda assim, atrapalham a gravação dela.

– Ei! – ela reclama, estridente.

Sukuna desarruma o cabelo dela enquanto passa a mão bruscamente em sua cabeça e liga o Xbox, ignorando-a e sem dizer uma só palavra.

– Ô Capeta! – grito – A gente tá ensaiando aqui!

Ele dá de ombros e fala:

– Idai? Vai parar só porquê chegamos?

– Sei lá... Megumi? – pergunto o olhando, meio que dependendo dele. Sukuna abre o fifa e o emo finalmente suspira e mostra alguma reação.

– Que seja. – ele comenta e acena para mim, indicando que posso recomeçae a música.

O imito e suspiro também, vendo a ruiva indignada mudar de lugar para poder nos gravar, fazendo questão de passar em frente aos meninos intrusos e atrapalhar a visão do jogo.

– Ei! – exclama o menino de cabelos pretos. 

A menina revira os olhos e posiciona sua câmera de novo, fazendo um joinha com a mão.

Assinto pra ela e olho Megumi, que parece desconfortável na presença de outros mas não diz nada, apenas suspira e encontra meu olhar. Bato as baquetas três vezes novamente e tocamos "Hotel Califórnia" de novo, dessa vez com menos erros.

Toco sem nem prestar atenção no que estou fazendo. Meus olhos possuem um dono, e eu fito o guitarrista com olhos ansiosos.

O solo vem logo depois, e eu consigo parar de tocar e prestar todo o meu tempo apenas para seus dedos hábeis dançando pelo corpo do instrumento.

Me sinto esquisitamente quente. Quente demais. Quase perco a hora de entrar novamente e, se não fosse pelo emo me olhando ansioso, eu provavelmente teria perdido.

Foco na música. Ou pelo menos tento.

Quando terminamos ela, ouço palmas além de Nobara e encaro os amigos de meu irmão. O branquelo de cabelo preto bate palmas levemente, sorrindo de canto enquanto Sukuna e Mahito conversam no seu próprio mundo, provavelmente descobrindo quem vai ser o ativo hoje.

– Vocês tocaram bem! – o estranho fala – Foi tipo PA POW e depois PA PA PA! Muito foda! – ele comenta, animado.

Meu irmão revira os olhos e empurra levemente o amigo.

– Cala a porra da boca, Choso. Vai subir à cabeça deles.

– Deixe de ser cabeça dura, demônio! Foi demais, e você sabe.

O rosado apenas suspira e volta a falar com seu amado, ignorando o outro amigo que ainda estava enchendo eu e Megumi de elogios e críticas construtivas.

Nobara tinha suas sobrancelhas arqueadas e, talvez fosse a tatuagem no rosto do homem, ou seu jeito estranho de se vestir, mas ela não parecia completamente à vontade perto dele.

Apesar disso, o emo parecia ficar bobinho com os elogios, e percebi seu sorriso de canto ficando maior com a conversa. Lindo. Não, porra! Horroroso. Feio. Demônio.

Ele me nota o encarando e diz:

– Uma foto dura mais.

– Vai à merda – retruco, envergonhado.

Os intrusos eventualmente acabam saindo no momento em que estamos decidindo a próxima música, e o tal de Choso acena brevemente, mandando um joinha para nós.

Apesar do longo ensaio, não me sinto tão cansado assim. Nobs se senta num canto do sofá, praticamente deitada, revendo o vídeo gravado. Megumi larga a guitarra e vai até onde os intrusos haviam se sentado, pegando o controle e tomando o lugar deles.

Ele me lança um olhar de questionamento e logo me acomodo ao seu lado. Ao contrário de meu irmão, abrimos um jogo de luta e descubro como estou enferrujado. Talvez me falte idas à casa de Junpei. Ou talvez trabalhar em uma locadora deu ao emo uma habilidade especial.

De qualquer forma, sou massacrado muitas vezes. Embora Fushiguro esteja parado que nem uma muralha, apenas rindo pelo nariz quando acertava um golpe, eu me mexo todo, levando o controle junto à direção na qual eu quero que meu boneco vá.

Assim, acabo derrubando Megumi. E eu mesmo. Eu em cima dele. Nossos peitos se encostando e meu nariz tão próximo do seu que sinto sua respiração em mim.

A ruiva, se viu a cena, não falou nada durante. E eu, nervoso, não sei o que fazer.

Queria o beijar. Sua boca é tão perfeita, tão atrativa. Não sei como não reparar. Ele também mantém seus olhos em meus lábios e eu quase mando tudo se fuder e o agarro ali mesmo.

Mas, meu senso fala mais alto.

Sinto minhas bochechas ruborizarem enquanto me levanto rapidamente.

– Me desculpa! – digo, tampando a boca levemente.

– ... Tudo bem.

Ele está tão vermelho quanto eu, e não sei mais o que dizer.

Nobara me olha com sobrancelhas arqueadas e eu simplesmente fujo para o banheiro.

Esses vão ser longos ensaios.

~

oii gente, desculpa a demora! to tentando postar mais mas to meio desanimada, sinto que ninguém le essa fanfic e to meio que terminando por desencargo de consciência...
mas amo escrever ela e prometo, de dedinho, que vou terminar! ate mais 🫶🏻

Uncover • ItafushiOnde histórias criam vida. Descubra agora