Ele estava pálido, parecia que iria desmaiar. Seu terno estava coberto de sangue. Fui para perto dele e Carol me ajudou a tirar o terno dele. Ele havia sido atingido do lado direito da barriga. A bala provavelmente estaria dentro dele.
Eu me virei para o motorista e disse:
- Precisamos ir para um hospital agora, ele está muito ferido.
Ele segurou minha mão e sussurrou, por que estava fraco.
- Não podemos parar agora, eles virão atrás de nós. Vamos para a fazenda e lá resolveremos isso - e desmaiou.
Eu não podia aceitar isso, ele precisava de cuidados médicos se não, poderia acontecer algo pior. Não conseguia nem imaginar isso, alguém morrendo por minha causa. Carol me abraçou e me pediu para sentar, enquanto ela cuidava dele e tentava reanimá-lo.
Eu me sentei no canto e procurei Caio para chamá-lo pro meu lado, mas ele parecia ocupado demais conversando com a "amiga" dele. Senti raiva daquela situação. Será que ele não via que eu estava mal? Ele não via que eu estava sofrendo com tudo aquilo? Encostei-me na janela e tentei não pensar naqueles dois, afinal eram o meu menor problema.
Fiquei ali encostada o caminho todo, olhando os carros passando, as fazendas enormes ao longo da estrada. Havia também enormes plantações de milho. Sempre me lembro de quando era criança e meu pai nos levava para o sitio de um tio meu. Eu amava correr entre aquelas enormes espigas. Depois de duas horas de viagem, a van parou em frente a um portão enorme de madeira. Richard desceu e abriu passagem para a van entrar naquela luxuosa casa de campo. Era um lugar muito bem cuidado, a grama era bem verde e estava aparada. Tinha um caminho de pedra que levava até a grande casa amarela. O tempo estava fechado, parecia que iria chover a tarde toda. Foi só pensar em chuva que se abriu as torneiras do céu. Caía uma chuva forte que nos deixou ensopados. Saímos correndo e, quando estávamos chegando, uma senhora abriu a porta para nós e nos cumprimentou com um grande sorriso. Caio apareceu ao meu lado, mas não fui simpática, ele sabe como detesto aquela companhia e ainda assim insiste nela.
Entramos numa sala bem iluminada e quente. A grande senhora foi até um quarto branco e saiu de lá com algumas toalhas e agasalhos. A casa era enorme. Subimos para o segundo andar onde fomos divididos em duplas, e cada dupla foi para um quarto de hospede. Cada quarto era uma suíte, tinha uma enorme cama de casal branca e decoração toda em azul bem clarinho. Havia uma mesa do mesmo azul da decoração com cadeiras brancas. No lado esquerdo do quarto tinha uma porta branca onde ficava o banheiro. Coloquei minha bolsa no chão, e fechei a porta atrás de mim. Caio sentou-se em uma cadeira, e disse que eu poderia tomar o meu banho primeiro. Fui ate o banheiro e liguei a água quente, eu estava tão gelada por causa da chuva que sentir aquele calor era como um sonho. Perdi a noção do tempo ali em baixo, até que Caio bateu na porta pedindo pra que eu saísse e ele pudesse se aquecer. Desliguei o chuveiro e me enrolei numa toalha. Penteei meu cabelo coloquei uma roupa seca e um dos agasalhos que ganhamos. Saí do banheiro e Caio entrou para tomar seu banho. Desci as escadas e avistei o professor deitado no sofá, ainda muito fraco. Abigail, a grande senhora, havia trazido uma pequena caixa de primeiros socorros e estava ajudando Carol a cuidar do ferimento do professor. Vi quando tentavam tirar a bala dele, e ele, ainda que fraco, tentava se contorcer. Senti meu estomago revirando com aquela situação, então fui até a varanda olhar a chuva caindo e deixando um maravilhoso cheiro de grama molhada.
Sentei-me ali numa rede e fiquei observando. A fazenda era grande, vi ao longe algumas arvores altas, montanhas ao fundo. Era um cenário que me dava uma pequena sensação de paz em meio aquela situação que vivíamos. Fiquei imaginando até quando teríamos que passar por aquilo. Pensei em ligar para policia e contar tudo o que houve, mas não sabia ao certo o que dizer. Teria que viver sob custodia, com proteção a testemunha, e pra mim, era o mesmo que estar ali, afastada do mundo. Acabei adormecendo, ouvindo a chuva e perdida em pensamentos. Quando será que isso vai acabar?
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Os Crimes De Sophia
Tajemnica / ThrillerUma jovem de personalidade forte. Essa era Sophia! Aos 18 anos cursava a faculdade de jornalismo, pois sempre sonhou em estar nos lugares mais perigosos e inusitados atras de uma nova matéria. Desde pequena esse era seu sonho e ela o estava seguindo...