CAPÍTULO TRÊS

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Abro a porta de meu alojamento e vejo Phoenix sentada em sua cama depositando suas roupas que estavam em cima da cama dentro de sua mala, ela estava com um conjuntinho azul simples e o cabelo solto. Logo levanta o olhar para mim e se ergue rapidamente, indo em direção a porta para fechá-la, me dirijo até o espelho pendurado em uma das paredes e solto meu cabelo, analisando minha feição no objeto refletivo.

   — Tudo bem, Olivia, vai me contar o que está acontecendo entre você e o Rooster? — Phoenix pergunta impaciente, voltando sua atenção para mim e cruza seus braços parada à frente da porta.

   — Não está acontecendo nada, Nat. — me direciono até o banheiro, ligo a torneira e acumulo uma pequena quantidade de água em minhas mãos, levando-as até meu rosto e sentindo o alívio imediato, apoio minhas mãos na borda da pia e fico nessa mesma posição por alguns minutos.

   — Aquilo lá em cima não me pareceu "nada". E aquela noite no bar? Como isso mudou da água para o vinho em questão de uma manhã? — Trace se aproxima, apoiando suas mãos em meus ombros, olho para o reflexo da morena pelo espelho a minha frente e balanço a cabeça em negação.

   — Ele está espelhando todos os problemas entre ele e Maverick em mim, Trace, isso não é justo.

   — Que problemas? Por favor, Liv, eu quero ajudar! — Phoenix diz em um tom preocupado, suspiro virando meu corpo ficando frente e frente com a mesma, puxo-a pela mão nos conduzindo até a cama, me sento e indico para Phoenix fazer o mesmo

   — Olha, eu prefiro que essa conversa fique somente entre a gente, até porque isso nem é da minha conta, nem deveria estar falando sobre  — a morena concorda com a cabeça, indicando para eu dar continuidade — Maverick voava com Goose, pai do Rooster, e uns dias antes da formatura no meio de uma simulação houve um problema nos motores do avião, fazendo com que ele girasse e caísse muito rápido em direção ao mar, então eles teriam que ejetar. O problema é que, por mais que Goose tenha conseguido puxar a alavanca para ejetar já era tarde, ele bateu a cabeça no cockpit e morreu antes mesmo de cair na água. — Phoenix arregala os olhos com a informação e coloca uma de suas mãos à frente de sua boca — Pete se culpa até hoje por conta disso, fora que meu pai também contou que há entrelinhas entre os diversos problemas de Rooster e Maverick,  mas isso tá muito fora do meu alcance, informações confidenciais.

   — Rooster nunca falou muito sobre o assunto, mas o que eu não entendi é — Trace faz uma pausa se arrumando na cama e me olhando novamente — onde você se encaixa nisso tudo pra ele agir como agiu?

   — Eu não sei, Nat, talvez seja o fato de eu ser próxima do Mav, não sei ao certo. Isso é tudo o que eu sei, meu pai não me contou mais nada, eu só não queria que ficasse esse climão durante as simulações.

   — Se precisar que eu converse com ele, eu faço, Liv — Phoenix sorri fraco e passa suas mãos por meus braços.

   — Não tem o que conversar, capaz até de piorar a situação — deito na minha cama e olho para o teto — acho que preciso dormir.

   — Tudo bem, hoje vamos todos ao Hard Deck de novo para esfriar a cabeça, se quiser, aparece por lá mais tarde...— ela diz se levantando e sorri sem mostrar os dentes ao me olhar — Ele é uma boa pessoa, Liv, não se preocupe. Logo menos tudo vai se acertar. — apenas assinto com a cabeça e vejo a morena sair pela porta de nosso quarto.

  Me reviro várias vezes na cama, inquieta tentando dormir, mas sem sucesso. Olho para minha mala na ponta da minha cama e analiso o objeto por alguns minutos, logo me levantando e indo até a mesma, me sento no chão ficando frente a frente com ela, abro a mala e logo vejo algumas fotos guardadas entre minhas roupas, uma delas estava eu quando era criança e meu pai segurando um dos meus brinquedos preferidos da época num belo dia de verão, sorrio ao ser rapidamente teletransportada para essa lembrança.

Anos atrás...

   — Frost, volte já aqui! — meu pai diz correndo atrás de mim e ri com a situação, eu estava com seu uniforme correndo pela casa brincando com um de meus diversos aviões, vou em direção ao jardim, mas assim que me dou conta, sinto os braços do mais velho me envolverem — Te peguei! Você é muito mais rápida do que eu imaginei — diz ele respirando pesadamente e me fazendo cócegas, gargalho com a situação e tento me soltar.

   — Você viu, papai? Agora eu sou igualzinha a você — digo segurando uma parte do uniforme onde estava com a pequena tag escrito seu nome, meu pai sorri com a situação e me abraça, me fazendo retribuir. Ele me solta e me pega no colo, logo em seguida apontando para o céu.

   — Um dia, filha, você vai estar lá, assim como o papai faz, e você vai sentir coisas que não têm nem explicação, sensações únicas, não vai pensar em mais nada além daquele momento e naquele avião. Mas saiba que eu sempre estarei com você, independente de onde você esteja, até mesmo há milhas de distância do solo. — ele me olha e sorri fraco — Você é uma criança muito especial, Frost, não poderia ter uma filha melhor. — sorrio e o abraço. Olho para a passagem da varanda para o jardim e vejo minha mãe nos observando com uma expressão de felicidade sem tamanho.

   — Vocês não cansam mesmo de falar sobre voar, aeronaves, Marinha. — ela se aproxima e cruza os braços analisando minha roupa — É impressionante como eu tento esconder esse uniforme de você e mesmo assim sempre acaba achando. — minha mãe ri fraco e apoia uma de suas mãos nos ombros de meu pai — Esse momento está implorando por uma foto. Fiquem onde estão — ela pega a câmera que estava em cima da cerca da varanda e se senta na escada. — Sorriam!

  

   — Vamos mostrar pra sua mãe como é que se faz, Frost — meu pai me leva até seus ombros, fazendo com que cada perna minha se apoie em cada um, seguro seu rosto, apertando suas bochechas e ele com uma de suas mãos segura o avião fazendo com que pareça que ele esteja decolando, sorrimos e logo pôde-se ouvir o click da câmera, minha mãe sorri satisfeita.

  
— Essa com certeza é minha nova foto favorita, vou carregá-la sempre comigo. — nos entreolhamos e sorrimos, meu pai corria comigo em seus ombros pelo jardim como se estivéssemos pilotando aquele aviãozinho de brinquedo, arrancando várias gargalhadas de mim e de minha mãe.

Tempos de hoje

Sinto uma lágrima escorrer por minhas bochechas e continuo a analisar as fotos, uma delas é da minha mãe, essa meu pai tirou. Ela estava sentada no balanço que havia no nosso quintal, pendurado em uma das diversas árvores que haviam ali, com um sorriso de orelha a orelha e um olhar exalando plenitude. Essa era Diana Kazansky. Não tinha tempos ruins quando se tratava dela. Sempre foi uma pessoa completamente feliz, e apaixonada por Iceman até o seu último suspiro. Ela morreu quando eu ainda era muito nova, pouco tempo depois da foto que eu tinha com meu pai ser tirada, e desde então minha casa nunca mais foi a mesma, meu pai ficou desolado, deprimido, tínhamos apenas um ao outro. Então ele decidiu que iríamos nos mudar e alguns anos depois da ele conheceu a Sarah, minha atual madrasta.

Sarah sempre foi uma pessoa incrível, e ajudou meu pai quando ele mais precisou, e mesmo depois da doença ter aparecido ela permaneceu ao seu lado. Devo muito à essa mulher, por amar e cuidar do meu pai até os dias de hoje quando eu não posso.

   — Eu sinto tanto a sua falta, mãe. Você saberia me acolher em momentos como esse — analiso a foto novamente e a levo até meu peito, aperto meus olhos e deixo as lágrimas rolarem. Espero alguns minutos para me recompor e guardo as fotos onde elas estavam antes, analiso o restante da minha mala e vejo minhas roupas me lembrando do convite de Phoenix, suspiro pesado e vou até o banheiro para começar a me arrumar.


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Oii gente, o capítulo de hoje ficou mais curto em relação aos outros porque eu queria falar um pouco mais sobre a relação do Iceman com a Olivia e apresentar um pouco sobre a mãe dela. Vou tentar ao máximo postar com mais frequência os capítulos, porém não vou definir muito as datas por conta da faculdade e tudo mais.
E aí, o que estão achando da fic?

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