TOP GUN: HURRICANE

CAPÍTULO QUATRO

ROOSTER

  As pessoas no Hard Deck estavam todas na área externa do bar, logo à frente da praia, o clima estava agradável e as músicas que tocavam nas caixas de som se misturavam com as conversas paralelas de todos ali. Eu com minha cerveja em mãos estou com Phoenix e Bob, que estavam falando sobre um assunto que não prestei muita atenção desde o início, porque estava pensando no que havia ocorrido essa manhã.

  Maverick e Frost ainda vão me deixar maluco. Nunca pensei que fazer parte de uma missão me trouxesse tantos desafios antes mesmo dela ser iniciada, ainda mais quando o desafio é conviver com pessoas tão difíceis. Com Maverick tentando acertar as coisas o tempo todo é quase impossível de manter minha cabeça em paz, ele não entende. Não há perdão pelo o que ele fez. Mesmo com tudo o que ocorreu no passado, ele ainda conseguiu piorar tudo invalidando meus documentos para a academia naval, atrasando anos da minha carreira, isso tudo por um capricho que, sinceramente, nunca vou entender. Ele não tinha esse direito, e mesmo assim fez, sem nem se explicar, sem nem dar as caras depois disso. Agora ela, ah, essa garota ainda vai ser a minha ruína.

Aquele seu jeito explosivo e frágil, arrogante e austera de ser, uma pessoa que ao mesmo tempo que me tira completamente do sério com sua teimosia, me fascina com tamanho altruísmo. Ela é como a neve, deslumbrante e divina aos olhos nu, mas tão inconstante ao ponto de logo em seguida se transformar em uma bruta nevasca, da qual não há mais saída. E foi o que ela fez comigo. Me sinto preso em seus olhos acinzentados assim que cruzam com os meus, sua boca me tenta cada vez que se abre para questionar qualquer atitude minha. Eu a desejo tanto, ao ponto de meus ossos doerem e meu corpo implorar por seu toque. Mas essa garota não me inspira confiança. Não enquanto é próxima a Mitchell, e para mim, ela sabe de muito mais coisa do que aparenta.

   — Eu queria muito saber o que se passa na sua cabeça quando fica muito tempo assim. — Phoenix diz tirando a cerveja de minhas mãos e dando um gole logo em seguida.

   — Nada demais, só prestando atenção no ambiente — respondo despreocupado e Trace apoia uma de suas mãos na cintura me lançando um olhar desconfiado, e colocando a cerveja em uma das mesas próximas ali.

   — Você precisa relaxar, Rooster. Bob, traz umas doses por favor — a morena se vira ao de óculos, que assente logo indo ao bar improvisado ali fora para facilitar o acesso. — Vodka sempre é nossa melhor amiga nesses momentos — diz com humor e sorrio fraco olhando para o mar.

   — Como vou relaxar se tudo ao meu redor não facilita? — digo mudando de expressão rapidamente e encostando em uma das colunas da estrutura do estabelecimento — Parece que estão querendo me sabotar o tempo todo.

   — Acho que você tá pegando muito pesado com quem não merece — Phoenix diz apoiando uma de suas mãos em meu ombro — Ela não merece esse tipo de tratamento, você não é assim, Rooster. Nunca foi tão injusto como está sendo agora.

   — Como alguém que eu mal conheço pode me deixar tão maluco, Phoenix? Ela é igual a ele, me impressiona não serem parentes. — travo o maxilar e olho para Trace, a qual ri nasalado e não compreendo o humor.

   — Um dia você vai precisar me contar toda essa história com Maverick pra eu poder entender, e onde Frost se encaixa em toda essa implicância, mas enquanto esse dia não chega — a morena se vira para a mesa logo atrás dela e pega as doses, entregando uma à Bob, uma à mim e pegando uma para si — Cheers! — brindamos e viramos as doses em sincronia, Bob faz uma careta e rimos em sequência.

  Depois de alguns minutos de conversa e risadas minha atenção se volta totalmente à porta. Seus cabelos loiros estavam soltos em ondas e seu vestido branco que ia até um pouco acima da metade de suas coxas era de tirar o fôlego, ela estava radiante. Percebo que estava procurando por algum rosto conhecido por ali, seus olhos perdidos logo se encontram com os meus, nos encaramos por alguns segundos que eu poderia jurar que estavam passando em câmera lenta. Droga, eu não consigo tirar minha atenção dela, seus olhos se parecem com ímãs, cada vez que os encontro fico mais preso do que a vez anterior. Logo saio do meu transe ao ouvir Phoenix chamar por seu nome e ir correndo em sua direção, disfarço e me viro para Bob puxando qualquer assunto aleatório para sair daquela situação constrangedora, virando mais uma dose.