○ Capítulo 11 ○

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As nuvens ralas cobriam o sol, que anunciava o início de uma nova manhã. Apesar de seus raios atingirem o mar, as casas, as lojas se abrindo e os orvalhos frescos das folhas, o restante do céu estava nublado, o que indicava a chegada de uma chuva — quem sabe, no fim da tarde.

No quarto da pousada, Illumi começava a abrir seus olhos. A primeira coisa que visualizou quando sua visão ficou mais nítida foi a porta de vidro da pequena sacada aberta; ela balançava para a esquerda e para a direita, lentamente, de acordo com a direção do vento matinal que passava; o vento arrepiou a pele do assassino e o obrigou a se sentar na cama em busca de uma coberta.

Quando ele se ergueu, viu Hisoka, que estava sentado no colchão, próximo aos seus pés. O mágico já estava vestido, os cabelos avermelhados penteados para trás e para cima, um cropped e uma calça brancas com os símbolos dos naipes, um revestimento roxo abaixo do cropped que cobria seu tronco e cintura, a maquiagem de lágrima e estrela em seu rosto e, não menos importante, um sorriso pequeno e um olhar singelo, ambos endereçados ao recém-acordado Illumi.

— Bom dia. — desejou o Morrow, esticando mais os lábios.

— Hum, bom dia. — o moreno esfregou os olhos com as costas da mão e suspirou. — Que horas são?

— É cedo ainda. Dormiu bem?

— Dormi sim...

— Você está uma bagunça, sabia? — o ruivo deu um risinho.

O Zoldyck franziu o cenho e ocorreu-lhe a ideia de se olhar no espelho da penteadeira. Ele inclinou o tronco 45 graus para a direita e pôde ver seu reflexo. A trança que o mágico fez na noite passada estava toda desarrumada. Muitos fios se soltaram, o pompom que prendia as mechas afrouxou, o topo de sua cabeça parecia ter frizz. Realmente, ele parecia acabado.

— Acho que peguei pesado com você ontem à noite...— disse o mágico em um tom provocativo.

— "Pegar pesado" não é um problema para mim. — ele arqueou a sobrancelha, devolvendo ao Morrow a provocação.

— Então não vou me sentir culpado.

Com um riso baixo, o Zoldyck retirou o pompom da ponta de seus cabelos e balançou a cabeça para espalhar os fios pelo ar.

— Olha, trouxe café. — Hisoka pegou uma sacola marrom de papel debaixo da cama e a estendeu para o assassino com uma expressão neutra mas estranhamente fofa.

Illumi pegou a sacola e a abriu sobre a cama, querendo ver o que tinha dentro. Retirou um copo descartável grande e quente, que provavelmente continha café, um donut de creme e três torradas integrais. No fundo do pacote havia uma pequena caixinha escrito "requeijão" em cima, provavelmente para acompanhar as torradas.

— Nossa..., obrigado...— disse o Zoldyck um pouco acanhado pelo gesto.

— Você precisa estar forte para fazermos o que...viemos fazer.

— Tem razão. Quanto mais cedo sairmos dessa ilha, melhor.

— Eu concordo...

Enquanto Illumi comia seu desjejum, Hisoka aproveitou para arrumar suas malas, estava com receio de fazer muito barulho enquanto o moreno dormia então deixou essa tarefa para depois. O assassino não se demorou muito em sua refeição e logo tomou a mesma atitude do mágico: retirou as poucas roupas que fizera questão de guardar nas gavetas e organizou as coisas nas mochilas.

Com um sorriso gentil e acolhedor, a recepcionista realizou o check-out desejando aos dois uma boa viagem e uma futura oportunidade de vê-los pela pousada se assim as circunstâncias permitirem.

Hisoka e Illumi andaram mais uma vez pelas ruas da Ilha da Baleia em direção ao cais. Conforme a manhã e o horário avançavam, as estradas ficavam mais cheias e o mar começava a se agitar no litoral. Em certos momentos, o Morrow olhava para o moreno, mas este não o olhava de volta. Aliás, Illumi não olhava para lugar algum. Parecia focado apenas em seguir o caminho que precisava sem querer se distrair com nada, inclusive com Hisoka. Quando alcançaram o cais, o Zoldyck arcou com as passagens de barco para ele e para o hunter.

Felizmente, conseguiram lugares em um barco que iria sair em alguns minutos até a Arena Celestial. Não era um destino muito comum aos habitantes da Ilha, mas a grande popularidade de lutas envolvendo a Torre tornava quase necessária a existência de uma rota marítima para lá.

No bater do relógio às 08h40, Illumi, Hisoka e os outros passageiros entraram no barco. E às 09h00, ele partiu.

Alone, with You [EM PAUSA]Onde histórias criam vida. Descubra agora