03. Back to Home I

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O sol incomoda os olhos de Alison, não é aquele sol agradável do final de tarde contra o rosto com leve glamour, é um sol escaldante que faz a pele avermelhar e coçar, em plena dez horas da manhã. A adolescente pega o miniespelho da mochila e constata o que já esperava, uma pele corada e suada. Esperar por duas horas na fila não era o que ela esperava para a viagem de retorno, mas quando a professora franziu as sobrancelhas e começou a se exaltar com o motorista tudo parou, a companhia perdeu as passagens e no final acordaram que os adolescentes só entrariam se estivessem na lista de passageiros e apresentassem toda a documentação de identificação. Anna, a garota na sua frente, tagarela animada sobre planos futuros, principalmente sobre faculdade.

- Eu enviei cartas para Harvard, Stanford, Yale, Cornell e NYU, vou cursar direito, assim como meus pais, e você? Já enviou suas cartas? - a morena cantarolou, ansiosa para saber os planos da outra garota.

- Algumas, medicina. - ela respondeu simplesmente, cansada demais para conseguir manter uma postura animada, os eventos anteriores simplesmente lhe derrubaram e tiraram tanto o sono quanto a fome, o corpo começando a sentir as consequências. Mas Anna a encarou com expectativa, inconsciente de seu mau humor - Harvard, Stanford, Yale e Johns Hopkins.

- Uma futura Ivy League. - a estudante deu um pulo ainda mais animada - Eu também! Sinceramente, não tenho expectativas com Harvard ou Yale, mas Cornell parece mais receptível. Além disso, meus pais se conheceram e começaram a namorar lá. Ah, o amor universitário, como queria viver um, já que na escola não deu certo. - ela diz sugestivamente e um silêncio desconfortável paira no ar, Alison nem mesmo está prestando atenção nela e sim no pequeno tumulto com dois garotos que não apresentaram documentos - Eu soube que Paul e Michael fugiram do hotel para ir beber e provavelmente perderam os documentos na noitada.

- Eles vão ter que ficar em Los Angeles?! - Alison perguntou abismada, de repente assustada pelos colegas de classe terem de ficar naquela cidade enquanto todos voltam para suas casas.

- Provavelmente... Você não queria entrar na UCLA? - a morena voltou aos questionamentos, de repente se dando conta de que ela não havia citado a renomada faculdade - Fala disso desde que tínhamos uns 12 ou 13 anos...

- Você pode, por favor, parar de falar por um minuto? - a ruiva rosnou com pura irritação e virou-se, sem ver a expressão de espanto e mágoa no rosto da colega de classe, procurando sua carteira na mochila, apesar de ter arrumado tudo na noite anterior não lembra de tê-la colocado lá - Droga!

- Somos as próximas. - Anna sussurrou baixinho, sem olhar diretamente para ela, ainda envergonhada e um pouco chateada - Achou seus documentos?

- Não... Merda! - ela de repente lembrou das cópias que tirou no prédio de Montgomery para anexar ao currículo e que nem teve tempo de pegá-los na copiadora, até porque fora expulsa de lá com direito a chamada a segurança - Eu deixei na... praça. - ela mentiu, sem querer relevar sua pequena fuga para ir atrás de sua suposta mãe.

- E agora? - a morena a olhou com choque e antes que pudesse falar algo mais a Sra. Mitchell, professora, a chamou para apresentar seus documentos. Ela imediatamente mostrou todos e fora puxada para dentro do ônibus, mas ela não conseguiu tirar os olhos de Alison, preocupada.

Em seguida a professora chamou a ruiva pelo sobrenome e ficou surpresa quando a menina alegou estar sem os documentos, sem dar mais explicações quando ela a questionou, Alison deu os ombros e suspirou derrotada. Já não lhe bastasse as decepções do dia anterior a viagem também se mostrou um desastre total, alguns dias para visitar algumas faculdades e passar um tempo na praia tornaram-se uma dor de cabeça do início ao fim. Nem precisou a professora lhe dizer e ela seguiu os meninos, os dois mexiam no celular desesperados, provavelmente entrando em contato com seus responsáveis para sair dessa enrascada. Ela meditou se deveria fazer isso também e escolheu por não, pelo menos por enquanto, esperando do fundo do coração que houvesse compaixão e a empresa os liberasse para viajar junto com o resto da turma. Não gosta de preocupar sua mãe, principalmente à toa, situações que ela pode controlar ou resolver sozinha. Mas 40 minutos se passaram e todos já haviam entrado, exceto eles e uma das professoras que ficou para os acompanhar, a ruiva já estava escorada em algum canto, entediada e sem esperanças. Quando achou que seu dia não poderia piorar, Anna saiu do ônibus e caminhou até eles, um sorriso nos lábios feliz de poder se juntar a eles.

A Second Chance - MeddisonOnde histórias criam vida. Descubra agora