Eu te amo, Aberração.

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O ar no Mundo Invertido era seco, fazia a garganta de Eddie coçar, e com o pânico tomando conta de seus músculos com aqueles morcegos atrás deles só tornava as coisas piores, ele sentia que poderia desmaiar a qualquer momento, mas continuava. Por Dustin, por Chrissy, por Hawkins e especialmente por S/n.

Dustin foi o primeiro a conseguir pular para o outro lado do portal no teto do trailer de Eddie, o metaleiro segurou firme na cadeira e olhou para S/n, que olhava para portinha da tubulação que estava quase sendo aberta pelos demobats.

- Vamos, amor, sua vez.

S/n olhou para ele e depois para trás novamente.

- Amor...

- Vai você.

- Que? Não. Isso está fora de cogitação.

- Vai você primeiro, Eddie, estou falando sério. - A garota afirmou se aproximando mais dele.- Eu vou depois.

Eddie respirou fundo e balançou a cabeça, já entrando em desespero com o que seja lá que se passasse na cabeça de S/n.

- Amor, você confia em mim? - S/n insistiu.

- Confio, mas também conheço você. Por isso posso passar horas discutindo aqui, mas não vou te deixar.

S/n deu um sorriso triste e então espalmou a mão na lateral do rosto dele, lhe dando um beijo lento, no fim do beijo conseguiu distrair ele e tirar o escudo improvisado com uma lata de lixo e pregos de suas costas.

- O que você está fazendo? - Ele perguntou, se dando conta do que ela fez.

- Gente... Da pra vocês irem rápido? - Dustin gritou do outro lado, já preocupado com a demora deles.

S/n ergueu a cabeça e olhou para Dustin ainda com aquela olhar melancólico.

- S/n, o que você está fazendo?

- Estou ganhando tempo.

Eddie tentou a impedir, mas S/n jogou seu corpo contra a porta e passou pela sala do trailer. Seu corpo tremia pela adrenalina, mas S/n não iria recuar agora. Pegou a primeira coisa pesada viu, uma poltrona e fechou a porta do cômodo em que Eddie estava, com a poltrona impedindo que ele não vá atrás dela.

Segurando com força o escudo saiu do trailer e chamou a atenção dos morcegos, que assim que a viram se juntaram em bando e rosnaram para ela.

Respirando uma boa quantidade de ar, ela apertou a bandana preta que Eddie havia lhe dado em sua testa e avançou. Eles ficariam tão concentrados nela que esqueceriam seus amigos, talvez se S/n conseguisse ferir ao menos algum deles, isso poderia enfraquecer Vecna, dar vantagem para Steve, Robin e Nancy.

Mas eram muitos, S/n não conseguia os atacar de um lado enquanto no outro mais de um demobats a mordia. Em algum momento, S/n sentiu dentes em uma de suas costelas e pelo grito de dor acabou deixando cair o escudo no chão. A dor era forte, ela não iria mais conseguir.

Suas pernas enfraqueceram e toda sua visão foi tomada por aquelas criaturas voando em cima dela, pousando em seu corpo e a mordendo. Até que alguma coisa fez eles pararem, mas S/n não conseguiu entender. Sentia tanta fraqueza que seus olhos se fecharam e ela tremia no chão, que também estava molhado.

Ah, era seu sangue.

- Não, não, não... - Ela escutou uma voz distante e familiar.

Eddie estava ali, se aproximando tropeçando nos próprios pés. Caiu de joelhos ao lado do corpo ferido da namorada. Viu sangue, carne exposta e muitas feridas. Eddie sentou que poderia vomitar, desmaiar... Tudo ao mesmo tempo.

- S/n? Ei, eu estou aqui! Está me ouvindo? - Perguntou a trazendo para seu colo com delicadeza.

Fazendo muito esforço, a garota abriu os olhos e conseguiu enxergar a figura descabelada e com os olhos úmidos de lágrima. Eddie estava desesperado.

- Amor, me responde, por favor.

- Estou aqui.

- Ótimo. Aguenta firme, tá? Eu vou cuidar de você. Vai ficar tudo bem.

- Eddie...

- Shhh, calma, vem. Meu Deus, por que você fez isso? - Ele tentou a levantar, passando o braço dela em volta do seu ombro. - Vamos.

- Espera... Eu só preciso de um minutos. Descansar.

Receoso, Munson concordou com a cabeça e se ajoelhou, deixando ela com a cabeça nas suas cochas. Fazia um leve carinho nos seus cabelos.

- Amor. - Ela o chamou.

- Sim, linda?

- Cuide dos nossos pestinhas. - Pediu, fazendo o peito do namorado doer. - Mostre para Hawkins que você é um herói.

- Não fale isso, S/n, nós vamos cuidar dos pestinhas. - Eddie balançava a cabeça, a olhando com as sobrancelhas franzidas enquanto falava. - Nós vamos ser os heróis de Hawkins, entendeu?

- Me escute, por favor.

- Não, amor, não faça isso comigo.

A voz dele falhou e ele fechou os olhos com uma expressão dolorida, lágrimas rolando pelo rosto. S/n ergueu um braço e tentou as enxugar.

- Eu tenho muito orgulho de você, meu garoto. Promete para mim que você vai se formar?

Ela sorria enquanto falava com ele, até mesmo seus lábios estavam machados de sangue. Era como uma pancada nos pulmões de Eddie a ver daquela forma.

- Prometo. - Respondeu com dificuldade.

Satisfeita com a resposta, cobriu a mão dele com a sua e olhou para o céu acima de suas cabeças, os pensamentos distantes.

- Esse foi seu ano, Eddie. Eu estou orgulhosa de você.

- Amor... - Ele tentou falar alguma coisa, mas os soluços de seu choro impediu.

- Eu te amo, Aberração.

Ele sabia, sentia o corpo dela se endurecer em seus braços. As unhas dela contra sua blusa e escutava ruídos baixos de dor saindo de seus lábios. S/n sentia muito medo, mas não queria demonstrar. Por ele.

- Eu te amo, linda.

Essas foram suas últimas palavras antes de Eddie assistir a vida ir embora do corpo de sua namorada, e não conseguir fazer nada para impedir. Não era como se fosse a primeira vez que algo do tipo acontecia, mas daquela vez doía mais. S/n parou de respirar, e automaticamente Eddie queria fazer o mesmo.

Todas as suas ideologias, pensamentos e ações deixaram de fazer sentido. Ele começou a tremer enquanto apertava fortemente sua mão, aguardando para que ela voltasse, ou que ele simplesmente acordasse de algum pesadelo muito realista.

Eddie não queria viver em um mundo sem ela, ele não conseguia se imaginar sem ela. Pânico era tudo tomava conta do seu corpo.

Um tempo depois, ele ainda estava lá quando Dustin apareceu correndo e ofegante. Com as mãos no joelho, encarou a cena em sua frente e bastou apenas uma troca de olhares cheia de dor, para ele entender. Seu corpo falhou e o menino levou a mão até a cabeça, suplicando para que aquilo seja uma mentira.

Munson se sentia vazio. Para ele, poderia continuar por S/n, mas não tinha forças para isso e a partir do momento que havia pedido a garota... Ele havia perdido tudo.

Eddie soltou um grito alto e dolorido, como um pedido de socorro para seja lá o ser superior que possa existir acima deles, ele nunca acreditou muito naquelas coisas, mas se ajoelharia perante a qualquer ser ou algo que pudesse ter o poder de despertar S/n de seu sono longo e eterno.

Imagines | Eddie Munson [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora