DESTINO (Cap.14)

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      Seher estava confusa com tudo o que vinha acontecendo em sua vida nesses últimos dias... se sentia sufocada... todo o seu mundo havia ruído em tão pouco tempo: Descobrir sobre o sumiço da irmã, a dívida contraída por seu pai, a morte do seu pai, o casamento e a perda de todos os seus bens para o homem que ela mais sentia nojo na vida... ela se levanta e vai até a janela e implora a estrela do norte uma resposta para suas dores e dúvidas" Eu não aguento isso... o que eu faço? Por favor uma resposta... eu preciso de uma resposta!" – Ela chorava e um vento frio a fez lembrar da praia e de que Yaman havia levado ela no dia da morte de seu pai para que ela se sentisse melhor e conseguisse pensar em como encarar a nova condição..."Talvez um banho de mar me ajude a tirar um pouco desse peso sobre meus ombros e eu consiga pensar no que fazer!" – Pensando isso ela desceu as escadas e avistou Yaman adormecido no sofá..."Ele é tão lindo! As linhas em sua testa denunciam o quanto deve ter sido dura sua vida e, mesmo assim és tão doce comigo... como não me apaixonar por alguém assim?" – ela respira fundo como se quisesse recobrar os sentidos pois havia congelado ali o observando. Andou até a porta devagar e a abriu tentando não fazer barulho para não acordar seu protetor que devia estar muito cansado... só iria se molhar um pouco e sentir a brisa do mar e voltaria para casa.

    Quando chegou a rua começou a correr para chegar rápido, saiu descalça pois não queria fazer barulho e agora estava arrependida pois sentia seus pés machucarem em contato com as pedras do calçamento. O vento começou a soprar mais forte quando ela se aproximou da água, fechou os olhos para sentir o vento e cheiro da maresia e foi andando em frente, não viu que uma tempestade se formava e que cada vez mais o mar ficava agitado, pareceu ouvir alguém chamar seu nome e quando abriu os olhos para se virar para o lugar de onde vinha a voz uma enorme onda a derrubou a puxando para dentro do mar ao mesmo tempo que um raio cortou o céu... ela gritava por socorro mas uma nova onda a jogou para o fundo e ela tentava voltar mas não tinha mais forças... via a superfície da água se afastando e seus sentidos ficando cada vez mais fracos e antes que seus olhos se fechassem ela viu o rosto do seu protetor se aproximando.

***

Yaman ficou desesperado ao ver que Seher estava sendo arrastada pelas ondas para o fundo do mar e sem pensar em nada retirou apenas a camisa e seus sapatos e se jogou na água nadando em direção ao local onde a tinha visto afundar..." Aguenta firme bonequinha estou indo pegar você!" – ele pensava enquanto em braçadas fortes se aproximava do local... mergulhou e conseguiu avistá-la e rapidamente a segurou nos braços e percebendo que estava inconsciente nadou o mais rápido que pôde, lutando contra as ondas de um mar revolto pela tempestade, conseguiu chegar a praia depositando o corpo inerte de Seher sobre a areia molhada pela chuva que não dava tréguas, exausto tentava reanima-la : - Seher...acorda...Seher... por favor bonequinha acorda! – ele falava já entrando em desespero por não obter resposta dela. 

   Começou a massagem cardíaca e ao encostar os lábios nos dela para fazer o procedimento do boca a boca, mesmo no desespero soube que o gosto de sua boca era único, o desespero veio ainda mais forte, ele precisava que ela ficasse bem...ele precisava que ela vivesse mesmo que distante dele ele precisava saber que ela estava bem ou ele não teria mais vida também.

  – Bonequinha respira... por favor volte a respirar para que meu coração volte a bater! – Alguns segundos ou minutos se passaram e depois de várias tentativas de reanima-la ele sente o corpo dela estremecer e ela começa a tossir expelindo a água que havia engolido.- Bonequinha... graças a Allah... – ele a olha com alívio e encontra os olhos esmeraldas assustados o olhando em uma expressão de alívio e ao mesmo tempo medo... ou seria surpreso? Ele não conseguia distinguir mas ele se sentia aliviado e seu coração agora batia acelerado.

- Meu protetor...Você... – Ela ergueu-se e colocou os braços em volta do pescoço dele em um abraço de gratidão, alivio, felicidade... amor... – Como em meus pesadelos você me salvou... – ela o olha nos olhos e sente uma enorme vontade de beijá-lo mas sabe que não pode fazer isso...- Bonequinha eu... " Eu queria te beijar agora e te carregar em meus braços para um lugar só nosso, onde ninguém pudesse te fazer mal...mas..." – seus olhos estavam presos nos lábios, agora arroxeados de frio.

 – Eu... eu fico feliz que você está bem... Por que fez isso? Você quase me mata de susto...vem vamos para o hospital...- ele a pega no colo e vai em direção a casa para pegar o carro sem esperar nenhuma resposta pois poderia perder o restante de controle que ainda se obrigava a ter para não fazer algo errado.

- Yaman, eu não quero ir para o hospital... eu estou bem... só me leve para casa, por favor! – Sua voz trêmula pelo frio e pela corrente de emoções que estava sentindo.

- Tem certeza? Você engoliu muita água, talvez... – ele para de falar ao sentir a mão dela em sua barba o puxando para olhar para ela. "Não faz isso bonequinha..."

- Eu estou bem... eu juro! Só preciso de um banho e roupas quentes! – Ela o olha com olhar suplicante e ele apenas assente em um gesto de cabeça e anda depressa.

    Ao chegarem em casa ele a solta e ela segue para o banheiro.

- Precisa de ajuda com alguma coisa? – Ele pergunta.

-Não, obrigada! – ela fecha a porta e ele fica ali parado no meio da sala pensando no que fazer. 

    Algum tempo depois já no quarto e vestida ela ouve batidas na porta e a voz dele.

- Bonequinha? Já está vestida? Trouxe uma sopa para você... – ela abre a porta e ele entra. – Como você não jantou deve estar com fome... além de ajuda-la a se aquecer um pouco.

-Obrigado! – ela senta sobre a cama e pega o prato que ele alcança a ela e devora o conteúdo.

 – Estava mesmo faminta! – Ela fala enquanto dava a última colherada.

- Que bom! Agora descanse... conversamos amanhã! – ele já estava indo em direção a porta e ela o chama.

 – Yaman?- Sim!-Desculpe! Eu não quis fazer isso... eu só queria sentir a brisa do mar e me molhar um pouco para tentar pensar na minha condição e... quando dei por mim a onda me arrastou...

-Está tudo bem... o importante é que você está bem! – ele fala voltando para próximo dela e deixando o prato sobre a mesinha ao lado da cama. – Você está passando por um momento difícil... poderia ter me chamado e eu iria com você...

-Você estava dormindo e devia estar exausto... não quis incomodar... – ela baixa os olhos envergonhada.

-Você nunca estará me incomodando, taman? Eu estou aqui por você e para você! – Ele fala pois realmente estava e sempre estaria, ele tinha certeza disso, mas não esperava que ela pudesse ser reciproca.

-Eu estou com medo Yaman! – ela começa a chorar e ele a abraça. – Ter perdido o restaurante, a casa não me importa... mas ter que me casar com aquele nojento... eu não me importo com dinheiro... eu não sou esse tipo de mulher que faz tudo por uma condição financeira elevada... eu só queria ser feliz, estudar e abrir meu próprio restaurante...e agora...

- Você ainda pode fazer tudo isso e não precisar se casar com aquele bastardo... – ele se afasta dela um pouco e segura seu rosto entre as mãos e a olha nos olhos, que estão ainda maiores e mais verdes do que nunca o observando em interrogativa.- Como? Eu...

- Case-se comigo Bonequinha!

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