DESTINO

DESTINO (Cap.13)

      Seher viu Yaman saindo apressado pela porta de sua casa para poder ir buscar o famigerado contrato para analisar e ver se tinha algo que a pudesse salvar do terrível destino de se casar com o homem que ela mais abominava em toda a sua vida...

- Se não houver um jeito eu me jogo no mar... eu não vou aceitar esse destino... não vou! – Ela falava sozinha enquanto as lágrimas lavavam o seu rosto. – Papai... porque fez isso comigo? Kevser... cadê você? Por que você sumiu assim? PORQUÊEE! - ela corre para o quarto que era de Kevser e se joga na cama. Ela sentia muita falta da irmã e não conseguia acreditar que ela pudesse ter feito isso e não avisado o pai. – Kevser não faria nada para desagradar papai... ela teria mandado uma carta para ele...ela teria avisado de alguma forma...

- Seher? Você está aí?

- Aqui mãe Nadire... no quarto de Kevser... – ela tenta secar o rosto mas seus olhos denunciam o quanto tinha chorado.

- Oi filha! Como você está? O que está acontecendo? – a senhora senta-se na cama e Seher deita com a cabeça em seu colo e desaba novamente.

-Mãe Nadire... por que papai fez isso comigo? Tem alguma coisa errada... Kevser nunca teria feito isso... algo aconteceu com ela...

- Filha, seu pai ficou transtornado com a noticia de que ela tinha fugido e começou a fazer de tudo para encontra-la...

- Então a senhora sabe do contrato? – Seher se levanta e a olha incrédula.

- Contrato? Que contrato? – A senhora reage surpresa.

- Papai fez um contrato me dando como esposa e legado para Osman caso ele morresse antes de pagar a divida que contraiu pegando dinheiro para pagar um detetive... como ele pôde fazer isso comigo? – Seher agora estava com raiva.

- Filha, eu não sabia de contrato nenhum, eu sei apenas que ele tinha feito alguns empréstimos com o banco e mais nada. Eu vi Osman algumas vezes conversando com Yusuf e ele geralmente ficava nervoso quando esse rapaz saia mas não sabia que ele tinha feito tal contrato... mas como vai ser?

- Não sei o que vai ser... estou desesperada mãe... se não tiver uma solução eu me jogo no mar...

-Não fale besteira criança! Tudo irá resolver-se da melhor maneira... tenha paciência! – Mãe Nadire chama Seher a razão mas ela está decidida a não ceder ao jogo sujo de Osman. – Você já comeu alguma coisa?

- Yaman fez um omelete para comermos não tem muito tempo. – ela lembra dele na cozinha e sente um formigamento em seu peito e deixa escapar um pequeno sorriso que não passa despercebido pela experiente senhora.

-Ele sempre foi muito preocupado e destinado a te proteger... Onde ele está agora?

-Foi levar o contrato para o amigo dele que é advogado ver se encontra alguma brecha que me livre desse martírio. Estou com medo mãe Nadire...

-Acalme-se... tudo vai ficar bem! – Ela abraça Seher e depois a puxa pela mão para irem a cozinha preparar o jantar.

***

   Firat chega ao anoitecer e vai até a cozinha onde está Seher e mãe Nadire.

-Boa noite mãe! Boa noite maninha! Como estão as coisas? – Ele pergunta ao ver o clima pesado.

      Mãe Nadire e Seher fazem um resumo do assunto e ele diz que vai esperar por Yaman para conversarem e acharem um jeito de resolver tudo isso. 

– Vamos te livrar disso pestinha... – ele a chama pelo apelido de quando eram crianças e consegue arrancar um sorriso dela.

-Me chame disso novamente e eu jogo essa panela em você! – ela ergue uma panela enorme e finge jogar nele que se esconde atrás do móvel.

- Acho bom vocês dois pararem de tumultuar minha cozinha ou vou ter que coloca-los no castigo. – Mãe Nadire relembra quando eles eram pequenos e que tantas vezes teve que chamar a atenção deles que juntos a deixavam de cabelo em pé. Os dois param a brincadeira na mesma hora e vão até ela e a abraçam. - Não mudam nunca... sempre minhas crianças levadas!! - eles riem.  Yaman chega neste momento na porta da cozinha e ao ver Seher sorrindo seu coração se enternece.

- " Como pode ser ainda mais linda a cada momento!" ele pensa e engole seco antes de conseguir dizer alguma coisa. - Boa noite a todos! 

- Boa noite Yaman! – Firat o cumprimenta e mãe Nadire fazem um gesto com a cabeça. Seher ainda não tinha conseguido falar nem reagir, e não sabia se o nervosismo era pelas notícias que ele teria ou por simplesmente vê-lo. "Por que ele tinha que ser tão bonito?"

- Alguma novidade? – Ela finalmente consegue formular uma frase.

- Sim e não! Podemos nos sentar? – Yaman se dirige ao sofá e é seguido pelos outros três. – Eu levei este papel para que meu amigo Nedin olhasse e me dissesse se havia alguma brecha para resolver tudo e ...

- Diz que sim, por favor! - Seher estava com o coração quase saindo pela boca de aflição e deixou que uma lágrima rolasse de seus olhos.

- Calma filha! – Nadire tenta acalmá-la.

- Existe um parágrafo na cláusula que fala da execução da dívida onde diz que se, em até duas semanas após a morte do sr. Yusuf você se casar por amor com outro homem, você fica isenta de cumprir com esta parte do casamento com o credor... Acredito que ele de alguma forma queria ainda te proteger deste idiota do Osman. Seher ouvia calada e o sorriso que esboçava no inicio agora sumia completamente do seu rosto. Um conflito interno a fez sair correndo da sala e ir para o quarto. Todos ficaram surpresos com a reação dela. Yaman foi atrás.

- Bonequinha! Abre a porta... vamos conversar!

- Não quero conversar Yaman. Me deixe sozinha...

- Por que você ficou assim? Não é bom? Existe a possibilidade de não ter que cumprir com esse casamento...seu pai...

- Como você pode dizer que meu pai tentou me proteger? Ele sempre soube que casamento nunca foi uma opção para mim e agora querer que eu case em menos de duas semanas para fugir de um outro casamento?

- Bonequinha... abre esta porta... – Yaman sentia seu peito doer a cada soluço que ouvia dela do outro lado da porta.

- Como vou me casar por amor? Com quem? Nunca amei ninguém? "Embora eu ache que, talvez, eu ame você meu protetor! Mas como vou dizer isso? Irá me achar uma pobre menina tola...e realmente sou tola em achar que um homem lindo e tão independente iria querer se casar comigo...até por que já és casado, não é?" Seher pensava e a cada conclusão que tirava chorava ainda mais.

- Pare de chorar, por favor! Descanse então e depois conversamos melhor! Taman? "Bonequinha eu queria ser o homem que você casaria por amor... mas como poderia ser? És ainda tão jovem e tão cheia de sonhos... como poderia eu ser a pessoa a te privar disso?"– Yaman pensava enquanto se afastava da porta do quarto e voltava para a sala, ficaria ali aguardando por ela e conversariam até chegarem à uma solução, nem que para isso ele tivesse que dar um jeito em Osman. 

   Firat e mãe Nadire foram para casa e Yaman ficou ali onde disse que ficaria. Subiu até a porta do quarto dela mas não a chamou, pensou que ela estava dormindo por causa do silêncio. Voltou e deitou se no sofá e acabou adormecendo. Alguns minutos depois acordou ao ouvir um barulho na porta... correu até ela e viu que Seher havia saído correndo em direção a praia. Ela vestia apenas um vestido branco fino que parecia ser uma camisola e estava descalça. Ele correu atrás dela. "Que diabos você está fazendo bonequinha?" Ele chega a praia mas a perdeu de vista, está escuro e tem uma tempestade se aproximando da costa, o mar está agitado e ele olha para todos os lados sem conseguir vê-la. Resolve chamar por ela:

-Seheeerrr! SEHEEEERRRR! ONDE VOCÊ ESTÁ? Seheeeerrr! - "Bonequinha cadê você, não faz isso! – nenhuma resposta está tudo deserto e a tempestade está cada vez mais próxima e o mar cada vez mais agitado... Um raio corta o céu clareando o mar no instante em que Yaman olha e vê Seher afundando sob uma onda gigantesca. - SEEEHEEEEERRRRRR!!!