DESTINO (Cap.11)

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     Seher sai em disparada do seu quarto e desce as escadas, está tudo em silêncio, ainda é cedo e mãe Nadire deve estar dormindo ou foi para sua casa. Sai e vai em direção ao restaurante. O restaurante está fechado desde o dia do baile devido a todos os acontecimentos, ela entra e vai direto ao escritório e começa a analisar alguns documentos de fornecedores e encontra algumas notas promissórias sobre a mesa que devem ter chegado após ela sair do restaurante naquele dia, Kiraz deve ter posto lá.

-Estão todas em atraso... mas como? – Seher não estava acreditando em tudo que estava vendo. Vai até o cofre que o pai mantinha no escritório e ela nunca mexeu por achar que era muito pessoal dele e tira de lá mais um monte de notas e papéis de empréstimos.- Por Allah, o que meu pai estava fazendo? Cadê o dinheiro do restaurante? Eu fazia todos os dias o fechamento e entregava o dinheiro a ele juntamente com as notas que deveriam ser pagas naquele dia... Pai o que o senhor foi fazer? – Ela cai de joelhos desolada em frente ao cofre e fica ali por alguns minutos e decide procurar pela pessoa citada no envelope. 

...

-Bom dia sra. Paola! Eu poderia falar com Osman?

-Querida Seher! Entre, venha tomar café conosco! – Seher entra a contragosto e segue a dona da casa até a sala onde está servido o café da manhã. – Querido, olha quem veio tomar café com a gente!

- Bom dia sr. Omar! Desculpe vir esta hora, mas eu precisava falar com Osman.

-Bom dia menina! Sente-se! Meus sentimentos, eu soube do seu pai! Não pudemos ir ao velório por que estávamos viajando e voltamos apenas ontem a noite.

-Obrigada! – Seher senta-se no lugar indicado mas está tensa demais e olha em volta tentando ver quem ela veio procurar.

- Osman já deve descer minha filha! Quer café ou chá? – fala D.Paola.

- Café, obrigada!

-Bom dia família...Seher meu anjo! Que felicidade encontrar você aqui! – Osman chega com seu cinismo e disfarça o susto em vê-la. "Será que ela desconfia que fui eu que empurrei o velho?"

-Bom dia Osman! Eu gostaria de falar com você... podemos?-Claro, vamos até ...

-Vamos até o restaurante... – ela o interrompe.

-Certo! Vamos sim! – Eles saem e os pais de Osman se olham sorrindo pensando se talvez eles estivessem se acertando, não faziam idéia do que o filho havia feito mas apoiariam se soubessem pois era filho único e mimado por ambos.

   Fizeram o caminho até o restaurante em silêncio e em poucos minutos entravam no escritório.

- O que significa isso Osman! – Seher joga o envelope sobre a mesa em frente ao rapaz que sorri sarcasticamente.

-Vejo que já sabe que se casará comigo! Precisamos avisar as famílias e marcar a data! O anel já está comprado e é sua cara minha princesa!

- Você acha mesmo que eu me casaria com você?

- Se você leu esse documento, e eu acredito que você leu, sabe que não tem outra alternativa!

- Como você fez meu pai assinar isso? Que tipo de monstro vil é você?

- Seu pai estava desesperado atrás de dinheiro para pagar o detetive que ele contratou para encontrar sua irmã na França e eu o ajudei...

- Você se aproveitou da fragilidade do meu pai...

- Não minha princesa...

- Não me chame de princesa...

- É o que você é para mim... eu te amo meu amor...sempre amei você... – Seher o olhava horrorizada enquanto ele falava com um leve sorriso no rosto. – então ajudei o pai da mulher que amo a procurar pela minha cunhadinha fujona. E para você ver... eu dei a ele um ano para ele me pagar mas ele foi gastando mais com o detetive e não foi sobrando para me pagar, então acho que no fundo ele queria mesmo o nosso casamento... não acha minha linda?

- Eu não posso acreditar nisso... como ... – Seher chorava num misto de raiva e decepção. – como meu pai foi se enterrar dessa forma e nunca me falou nada?

- E então meu amor... agora o velho... quer dizer... meu querido sogrinho morreu o que leva a outra cláusula do contrato, e a data da divida está vencendo... podemos marcar a data do nosso casamento? Seher apenas olha com o olhar vazio para ele e sai do restaurante deixando Osman com muita raiva mas determinado a ir até o fim, ele não iria desistir do seu amor. Seher não conseguia chorar, não sabia o que pensar, não sabia o que fazer... Na entrada do restaurante mãe Nadire estava passando por ali, vindo do mercado e a avistou:

- Seher! SEHEEERR... – Seher passou por ela sem olhar, na verdade ela nem ouviu seu nome ser chamado. – O que aconteceu com essa menina? – A senhora se pergunta mas logo vê o rapaz saindo de dentro do restaurante e presume o que seja. – Coitada da minha menina... Allah que ajude encontrar uma outra saída e que a faça feliz! 

    Seher continua andando em direção a sua casa mas ela não tinha certeza se era para lá que ela queria ir... Mãe Nadire a seguia de longe para assegurar que ela ficasse bem quando avistou o carro de Yaman se aproximando e parando. Yaman desce do carro e vai correndo em direção a Seher:

-Bonequinha! Por que saiu de casa? Está tudo bem? – Ele se aproxima dela mas ela continua presa em seus pensamentos e ia se desviando do corpo dele para continuar seu caminho quando ele a segurou pela cintura parando em sua frente. – Hey... bonequinha... olha para mim! O que aconteceu? Alguém machucou você? – Ele ergue seu rosto com a ponta dos dedos e a encara aguardando alguma resposta mas o que ele vê é um olhar de dor, angústia e medo, apagando o verde daqueles olhos que ele adorava olhar. O tremer do seu queixo denunciava que ela estava segurando o choro. – Minha linda bonequinha... Por Allah, fala alguma coisa ou eu vou morrer aqui! – Ele a abraça apertando a contra seu peito e acariciando seus cabelos. Ela não aguenta e começa a chorar desoladamente deixando seu corpo cair e ser segurado pelas mãos fortes de seu protetor que a pega no colo e leva para casa. Não estavam muito longe. Yaman chega com ela nos braços, mãe Nadire, que tinha se apressado a chegar quando viu que ela estaria segura com ele, abriu a porta para que ele entrasse com ela. Seher não tem forças e se deixa ser carregada até seu quarto onde ele a coloca sobre a cama com todo o cuidado e entendendo que ela precisava descansar e ficar um pouco sozinha ia se dirigindo a porta quando ouve seu nome:

- Yaman?- Fala minha bonequinha! Você precisa de algo? Vou pegar uma água para você!

-Não... não precisa... - Ele volta para próximo da cama.- Me diz o que posso fazer para te ajudar então?

- Fica aqui comigo... por favor! - ela fala e se afasta um pouquinho para ele sentar ao seu lado na cama. Yaman sente seu coração dar uma leve falhada e não entende muito porque, mas senta-se ao lado dela e ela se aninha em seu peito o enlaçando com um braço pela cintura e ele a abraça da maneira que podia sentindo seu corpo quente colado ao seu dar leves tremidas pelo soluço do choro de minutos antes... isso fazia seu coração doer. " O que fizeram com você bonequinha? Quem fez isso com você vai se ver comigo! Aahhh! Eu vou cuidar de você!" – Yaman pensava e aos poucos sentiu que ela se acalmava até adormecer ali, grudada nele e ele ficou velando seu sono com um sentimento que o preenchia de uma forma estranha para ele. 

   Seher não queria ficar sozinha e ele, por algum motivo era a única pessoa que transmitia a ela a paz e o aconchego que ela precisava, então pediu para que ele ficasse ali. Quando o abraçou e se aconchegou em seu peito sentiu seu corpo arrepiar e seu coração acelerar, mas a dor do que acabara de descobrir tinha levado todas as suas energias e acabou adormecendo e no seu sono novamente o pesadelo das águas turbulentas mas dessa vez seu salvador tinha rosto...

DESTINOOnde histórias criam vida. Descubra agora