O ɴᴏssᴏ 𝒆𝒕𝒆𝒓𝒏𝒐 ᴛᴀʟᴠᴇᴢ; 𝙹𝙹 𝙼𝚊𝚢𝚋𝚊𝚗𝚔 🦋

18

JJ MAYBANK

Desde que conheci Celina, o que eu mais vejo ela fazer, é chorar. E não é drama ou encenação, são problemas de verdade, isso que torna ainda mais preocupante.
Agora, com ela em meus braços, derrubando lágrimas no meu ombro, posso ter certeza de que ela não era como eu pensava. Talvez o fato de eu já tenha a conhecido anos atrás, tenha influenciado, mas o momento, sem dúvidas, me prova que eu estava errado. Pelo menos, sobre alguns aspectos.
- Ele é um mostro... - sua voz rouca, fraca, abafada e chorosa, trás uma sensação de desespero para mim.

- Nem todos os monstros fazem coisas monstruosas. - comento, abraçando suas costas.

Celina levanta a cabeça, lentamente, me dando a visão de seus olhos vermelhos, pesados e cansados. Ela estava machucada. Ela era completamente quebrada. Consigo ver isso. Pessoas danificadas reconhecem outras pessoas danificadas. É como um clube do qual você não quer ser sócio.

- Por que ele fez isso, então ? - diz ela, com uma voz tão fraca que quase é impossível sair de seus lábios.

- Eu não sei, Lina. Mas eu conheço o Jonh b, ele pode até ser um mostro, mas é incapaz de fazer algo monstruoso.

- Você não entenderia. - ela nega com a cabeça, se afastando um pouco.

- O que eu não entenderia ? - ela me filtra como se tivesse que tomar uma decisão, como se quisesse tirar algo de mim.

- Se eu morrer, não vai ter ninguém que se importe comigo...

- Lina...

- Você não, seus amigos precisam de você. Você tem que viver. Eu não.

- Eu preciso de você. - Falo de imediato. Ela me encara, sem reação, sem sentimento.
- Você precisa me ridicularizar. Só você sabe exatamente como fazer isso !

Ela solta um riso frouxo.

- Você tem que ser ridicularizado uma vez por dia, se não vai ficar insuportável ! - ela fala, com certeza. Reviro meus olhos e rio.

- Viu. Preciso de você, se não eu iria ficar insuportável ! - Exclamo, entrando na brincadeira. Ela sorri sem mostrar os dentes e deixa uma risada nasal escapar.

- Por que sempre faz isso ? - Ela vira o rosto por alguns segundos e depois volta a me observar. - Por que sempre me faz rir quando eu estou chorando ?

- Não gosto de te ver chorar. - dou de ombros.
- Prefiro a Celina irritadinha, odiando todo mundo. - ela ri.

- Eu odeio isso, odeio quando você me faz rir, Jonh Jacob Maybank. - ela revira os olhos, com um sorrisinho no canto da boca. Jogo minha cabeça para trás, arrependido de ter contado a ela o meu nome completo.

- Odeia nada. - sorrio de orelha a orelha, satisfeito.

A morena passa as mãos pelo rosto, limpando as lágrimas que caiam de seus olhos. Ela me olha e sorri fraco.
- As vezes você consegue não ser um completo babaca. - sorrio, soltando uma risada nasal.
- Obrigada.

- Estou a sua disposição, princesa kook. - faço uma reverência para a garota. Ela revira os olhos, sorrindo sem mostrar os dentes.

- Eu preciso ir para casa. - diz ela.

- Não, eu tenho uma ideia melhor, Grey. - vou na direção da lateral do castelo.
- Vamos surfar.

- Eu não trouxe biquíni. - Celina fala como se fosse óbvio.

- A praia vai estar vazia agora. A temporada de turistas já acabou. Você vai só com sutiã e calcinha. - Continuo andando e me viro para ela, piscando. A morena cruza os braços e semicerra os olhos.
- Ah. Qual é, Grey ? Esconde as mesmas coisas, não faz diferença. - dou de ombros, pegando a minha prancha.

- Vamos logo, antes que eu mude de ideia. - ela fala, andando para fora do quintal do Castelo. Sorrio satisfeito, seguindo a garota.

CELINA GREY

Eu poderia dar vários motivos para não estar aqui, agora, mas nehum parece estar cem por cento certo. JJ tira sua regata, ficando com seu short. Ele põe a prancha em baixo do braço e olha para o mar.
Tiro minha roupa e jogo na areia, consigo sentir o olhar do Maybank sobre mim, mas nada de mais ou algo que me encomode.
Ele dá uma corridinha para acelerar o processo de chegar no mar e eu faço o mesmo.
Talvez o fato de eu estar com uma lingerie de renda preta, na praia, me encomodasse, mas no momento, não ligo.
Mergulho no mar e sinto minha pele se arrpiar com o choque térmico. Volto a superfície e passo as mãos pelo meu cabelo, deixando todo ele para trás. Limpo meus olhos e, com o corpo inteiro embaixo da água, olho para trás, vendo JJ me encarar, com a boca levemente aberta.
- O que está olhando, Maybank ? - Perguntei, com um sorriso pequeno no canto dos lábios.

- Nada. Só estou observando como você é realmente bonita. - Posso sentir meu rosto ferver. Minhas bochechas coram e meu corpo se arrepia em resposta a fala do loiro.

- Percebeu isso só agora ? - Mordo o lábio inferior, tentando me segurar para não rir.

- Não, percebi no dia em que nos conhecemos. Mas eu não estava com vontade de aumentar o seu ego. - ele deixa claro, virando a cabeça para o lado e dando ombros. Encaro seu rosto por mais alguns segundos, tendo a visão completa de cada detalhe perfeito que ele tinha.

- Me dá essa prancha. - vou até ele, pegando sua prancha, já que eu não tinha trago a minha. Levo ela até a parte um pouco mais funda do mar e o loiro me segue.
Impulsiono meu corpo para subir na prancha, mas minhas mãos escorregam sobre o material e solto um gritinho, com o susto.

- Tenta não se matar ! - JJ exclama ao me segurar, com as mãos apertando minha cintura com força, os olhos filtrando os meus e com nossos corpos tão colados que posso sentir sua respiração.

Eu não sei por quantos segundos ficamos assim, nos encarando. Minhas mãos estavam se segurando no seu peito, enquanto as suas continuavam apertando a minha cintura. Eu queria beijá-lo. Agora. Era isso que eu queria. Mas eu odeio ele... por que quero beijá-lo ?

Uma onda forte passa por nós, nos tirando do transe. Volto a subir na prancha, tentando me separar dele. Percebo que o loiro tentava fazer o mesmo.

- Er... amanhã é o baile, né? - ele pergunta, mudando o clima.

- Sim. - respondo.

- Você arrumou um par ?

- Não.

- Pretende arrumar ? - insiste ele.

- Não.

- Nem se for com esse gostoso, aqui ? - ele aponta para si mesmo, se olhando de cima a baixo. Reviro meus olhos.

- Se a sua intenção era me convidar para esse baile, eu sinto te informar, mas você é péssimo! - exclamo, me deitando na prancha e indo de encontro a uma onda que vinha.

- Esse lance de amor é muito novo para mim, princesa kook. Preciso de muito treino ainda ! - Ele põe as mãos na cintura, olhando para mim, mesmo que eu já estivesse indo até a onda. E, apesar de não enxergar o loiro, sei que ele estava sorrindo com aquele sorriso sarcástico que eu tanto odiava.