O ɴᴏssᴏ 𝒆𝒕𝒆𝒓𝒏𝒐 ᴛᴀʟᴠᴇᴢ; 𝙹𝙹 𝙼𝚊𝚢𝚋𝚊𝚗𝚔 🦋

17

Quebra de tempo - uma semana

Faz alguns minutos que eu estou parada uma quadra antes do castelo. Pela primeira vez em uma semana eu saí de casa e levantei da cama, e até então, não estou chorando.
Mexo em uma das pulseiras que estavam no meu pulso e ando de um lado para o outro, inquieta. Será que JJ contou a Jonh b ? Eu não sei.
- Lina ? - merda.
Me viro para traz e vejo Sarah se aproximando.

- Oi. - falo fraco. A loira me abraça, eufórica.

- Meu deus, Celina ! Não consigo falar com você a uma semana ! - ela exclama.

- É, eu sei. Desculpa. - forço um sorriso fraco.

- O que aconteceu? A Kie chegou muito mal lá em casa, o JJ ficou quieto a semana toda...

- Eu fiz merda. - falo séria.
- Eu descobri sobre a minha família e surtei. - maneio a cabeça, olhando para os lados, nervosa.

- Calma. - Sarah põe as mãos em meus ombros, e olha nos fundos dos meus olhos.
- Você está indo para o castelo ? - ela perguntou. Afirmo. - Ok, vamos juntas.

Agora não tem como fugir, Celina.

Saber que toda a sua vida foi uma mentira, não é fácil. Mas perceber que só foi uma mentira para você e que permanece assim, é pior ainda.

Não sei como vou olhar para Jonh b. Não sei se vou chorar. Gritar. Surtar. Perdoar.

Eu não sei.

Mas vou ter que saber, porque estou no quintal do Castelo e consigo enxergar o Maybank com um baseado entre os dedos, Pope com uma lata de cerveja na mão, Kiara com alguns fios, provavelmente fazendo uma pulseira, e Jonh b se levantando, com um sorriso enorme nos lábios.

- Só faltava vocês! - ele exclama, largando sua lata de cerveja no chão da varanda.

Os olhares dos outros três vem na nossa direção, e eu desejo não estar ali.

Sarah segura minha mão e começa a me puxar quando percebe que não consigo me mexer. JJ me encara, sério. E, como sempre, não consigo decifrar nada que vem dele. Seu olhar é tão vazio que chega a arrepiar qualquer um que não o conhece.
Kiara me olha de canto, mas finge que não estou ali. Pope sorri fraco, como se dissesse tudo bem.

- Eu acho... - Heyward começa, mas é interrompido por JJ.

- Vocês precisam conversar. - O loiro se levanta e estende a mão para Kiara se levantar do chão. Sarah segue eles até o outro lado da casa, deixando eu e Jonh b sozinhos. Ele parecia confuso pela situação, era perceptível que JJ e Pope não tinham contado nada a ele.

- O que você quer conversar, Lina ? - Ele pergunta e me "chama" com a mão para dentro do castelo.

- Eu... er... - entro e fecho a porta, mas travo.

- Por que não apareceu aqui a semana toda ? Sentimos sua falta. - ele sorri, mas sou incapaz de retribuir, o que ele estranha, pois fica sério rapidamente. - O que está acontecendo, Lina ? Me fala. Você está muito esquisita.

Estou com medo. Estou com muito medo.

- Você tem uma irmã, não é ? - O que me deu ? Não sei. Mas eu fui direto ao ponto.

- O que ? Como soube ? - ele trava a mandíbula, fecha os pulsos, fica tenso.

- Não vem ao caso.

- Vem, vem ao caso, sim ! - ele está sério, nunca vi Jonh b tão sério.

- O senhor Heyward me falou.
Ele resmunga um 'hum' e caminha na direção do sofá, se sentando nele. Faço o mesmo e me sento na poltrona em frente a ele. Tudo fica em silêncio, e isso me dá uma sensação de agonia.

- Ela tinha seis anos. - ele finalmente quebra o silêncio. - A última vez que eu a vi, ela tinha tinha seis anos e eu sete. - um nó se forma na minha garganta. Sinto meus olhos marejando e ao olhar para Jonh, consigo perceber que os deles estavam da mesma forma.

- O que aconteceu com ela ? - tenho a audácia de perguntar.

Ele me encara por alguns segundos, arfa e começa a falar.

- Eu não sei. Quando éramos pequenos ela e minha mãe foram embora da ilha e voltaram dois anos depois, ficaram uma semana e foram embora de novo. - sinto a dor na voz dele.
- A única coisa que sobrou foi um colar...

- Um colar ? - Minha barriga fica embrulhada e a probabilidade de eu vomitar agora, é muito grande.

- Sim. - responde, fraco. - Meu pai falou que minha mãe separou um coração em três pedaços, deu um pingente para cada amor da vida dela. - uma lágrima escorre pela bochecha do garoto. - Meu pai tinha um, eu tenho um, e minha irmã tem outro. Cada um com uma parte do coração. Eu só não entendo, se eu era um dos amores da vida dela, por que ela me deixou ? - ele ri, irônico.

Ele sente dor. Uma dor muito parecida com a minha.

- Eu sempre quis ter uma irmã. Sempre foi o meu sonho. - um sorriso bobo escapa dos lábios dele em meio ao choro.

- Mas e eu, Jonh... - sinto minhas bochechas encharcadas de lágrimas.

O olhar do moreno sobe na minha direção. Sustento seu olhar, tentando tirar toda a verdade possível dele.

- Que ? - consigo ver uma ruga se formar na sua testa, e um ponto de interrogação surgir.

- Quando o senhor Heyward me falou, eu não quis acreditar. Ainda não quero, porque não foi assim que eu imaginei...

- Do que você esta falando, Celina ?
Rio, irônica. Me levanto do sofá e ele me acompanha com a cabeça.

- Eu sou sua irmã, Jonh b ! - Jogo as mãos para cima e sinto um peso sair das minhas costas. Ele ri da situação, não acreditando.

- Lina, eu não acharia ruim se isso fosse verdade. Você sabe que eu te adoro. - ele sorri. - Mas o nome dela é Hope... - Volto a chorar, sinto meu peito doer. Ele se levanta, preucupado.

- Prazer, Celina Hope Grey. - falo com a voz rouca.

Ele para. Não se mexe. Não demostra nada.

- Por que você não me procurou ? Por que você não teve nenhum interesse em saber nada ao meu respeito ? Todo esse tempo eu precisava de alguém, Jonh b. E você podia ser esse alguém ! - choro desesperadamente.

A porta do castelo é aberta e os pogues entram por ela.

- Hope ? - lágrimas desciam pelo rosto de Jonh b e sinto pena dele agora, mas a raiva é muito maior.

- Você é um mostro. - sussuro sem aguentar mais.

Saio do castelo batendo a porta. Paro no meio do quintal e choro. Choro como nunca chorei na minha vida. Braços me agarram por trás e me abraçam. Me viro de frente e consigo ver que era JJ. Olho para ele por alguns segundos e enterro minha cabeça entre seu pescoço e seu ombro, abraçando o corpo dele de volta e chorando até minha garganta doer.