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  NÃO sou assim sempre, frustrada com todo o mundo, mas os últimos dias não tem sido fácil, o que piora o meu humor. Eu estava toda suja de café, com uma mancha enorme na minha roupa e minha barriga queimada, mesmo assim, ando pela ilha a procura das garotas que vi mais cedo, mas não as encontro. Vejo um garoto loiro descendo de sua moto, vou até ele, que ao notar minha presença, parece que está me comendo com os olhos.
— Oi, com licença. - peço, ao me aproximar do loiro. Essa ilha só tem gente bonita, meu Deus.

— E aí, princesa. - ele sorri, me olhando de cima a baixo. — Sou Rafe Cameron. - ok. Ele parecia ser mais um babaca, vejo isso só pela forma que ele me olha.

— Cameron ? - Pergunto. Ele assente. — Você é parente da Sarah ? - Vejo Rafe revirar seus olhos ao ouvir o nome da garota.

— Infelizmente, sou irmão dela. - ele fala, sem ânimo.

— Pode me dizer onde ela está ?

— Lá dentro. - Rafe aponta para a grande mansão. — Pode entrar.

— Obrigada. - sorrio fraco e entro dentro do pátio da mansão. Aqui era grande, tão grande quanto a casa de minha avó, então já percebi que é um padrão isso aqui.

  Dou duas batidas na porta da casa e me afasto um passo para trás, espero alguns segundos e vejo Sarah aparecendo.
— Celina ? - ela parece confusa. — Ah. Oi.

— Oi, Sarah. - sorrio fraco. Kiara aparece atrás dela e sorri sem mostrar os dentes para mim, mas parece um pouco desconfiada.

— O que aconteceu com sua roupa ? - Kiara pergunta, vendo a mancha de café.

— Um idiota esbarrou em mim e eu derrubei café. - falo, revirando meus olhos.
— Mas eu só vim aqui para pedir desculpas a vocês. Eu não costumo ser daquele jeito, mas meus dias não tem sido muito bons... então, desculpa. - Falo, sincera e a loira abre um sorriso.

— Tudo bem. Entendemos. - ela dá ombros. — Quer entrar ? - Perguntou.

— Não, não. Agora eu preciso ir para casa arrumar minhas coisas. Mais uma vez, desculpa !

— Tá tranquilo, Celina. - diz Kiara, com um sorriso no canto da boca.
— A noite vamos ter uma festa na praia, caso queira ir, esta convidada !

— Obrigada. - Sorrio, um pouco tímida ainda.
  Elas pareciam ser legais, mas o estilo de coisas que as garotas fazem nunca foi algo que eu fiz parte, não que eu tenha tido muitas amigas, mas as que tive, não me identifiquei, bem pelo contrário.
  Talvez se eu der uma chance para as duas, meu verão pode ser um pouco mais divertido do que será se eu passar sozinha. Seis meses aqui. Seis meses para os meus dezoito anos. Seis meses para a minha vida seguir adiante, eu comigo mesma. Isso é o que quero.

[...]

— Vó ? - Volto para a casa de Luiza. Entro no local e a chamo. Vou até a sala e vejo a mulher de 70 anos sentada no sofá. Ao me ver, ela levanta, parecendo aliviada.

— Lina, me desculpa ! Eu falei sem pensar. Eu agi sem pensar. - ela suspira. — Você acabou de chegar, minha querida... não quero te precionar com nada.

— Tá tudo bem, vó. - sorrio para ela. — Eu só preciso de tempo. Prometo.

— Eu sei, querida. Eu sei. - Luiza me abraça e retribuo seu abraço. Fazia tempo que alguém não me dava um abraço com sentimentos verdadeiros. Foi estranho, mas bom...

—Er... vó... - a chamo. A senhora solta meu corpo e me olha, com um sorriso frouxo nos lábios.
— Vai ter uma festa hoje a noite... - começo, mas sou interrompida.

O ɴᴏssᴏ 𝒆𝒕𝒆𝒓𝒏𝒐 ᴛᴀʟᴠᴇᴢ; 𝙹𝙹 𝙼𝚊𝚢𝚋𝚊𝚗𝚔 🦋Onde histórias criam vida. Descubra agora