Capítulo 1 - O Mundo dos Sonhos

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Ana acorda assustada e desorientada. Mais uma noite agitada com sonhos estranhos, que mais parecem consequências do que ela assistiu em algum tipo de filme.
Quase sempre o mesmo sonho. Mas desta vez, foi mais real e com mais detalhes.

Acordou aflita, com tremor pelo corpo e dentro de si, um medo terrível da morte.
Fazia tempo que não sentia isso. A última vez foi depois da perda de sua mãe alguns anos atrás.
A imagem daquele anjo, antes não havia rosto. Bem, com certeza havia. Porém, ao despertar do sono, a identidade dele sempre caía no esquecimento.
Diferente do que acontece agora, o seu rosto é bem nítido, só que seu rosto é de um dos seus cantores favoritos. Isso até faz sentido, já que o admira bastante. E por ser ele, consegue separar o sonho da realidade.

Ana se pega rindo sozinha da sua própria criatividade. É inimaginável um homem como aquele, um dia ser próximo dela. A não ser pelas suas canções e claro, carinho que ele tem pelos seus fãs.
- Mas que sonho doido! Sem limites, como sempre. - fala consigo mesma procurando voltar para o mundo real.
- Ah não! - Ana pula da cama, está atrasada para o trabalho.

A aventura vivida no sonho deixou seu corpo cansado. Se sentindo como se tivesse corrido uma maratona. E como uma sedentária de carteirinha, estava esgotada fisicamente.
Tomou um banho rápido, se arrumou e saiu depressa de casa.
Ao trancar a porta, se pegou observando sua tatuagem no braço, uma Fênix. Riu consigo mesma.
- Eita que mente fértil!

Ana, solteira, 30 anos. É uma mulher de beleza comum, que tem uma vida comum. Trabalha como atendente de uma lanchonete. Mora sozinha, e apesar de ser alegre e extrovertida, não tem muitos amigos. Mas valoriza cada amigo que tem. Sua rotina se resume em ir trabalhar e voltar pra casa. Ama ler e ouvir música. Sua mente desde de criança, amava viajar nas histórias que contava para si mesma.
Tentou escrever um livro, mas desistiu. A vida e suas peças tiraram sua inspiração para prosseguir.
Ultimamente, com seus sonhos recentes cada vez mais intensos, a fez criar um diário de sonhos. Como ela definiu, sua Fanfic pessoal. Já que agora o personagem peculiar de seus sonhos se parece com um dos seus artistas preferidos.

Antes, os sonhos tinham intervalos, de meses até anos. Agora estão mais rotineiros e mais vívidos. Nesta mesma semana foram três. Um deles foi repetição de um sonho antigo. Um menino de pelo menos 2 anos de idade. Pele branca, cabelos negros e lisos. Vestindo um macacão jeans tipo jardineira que aparece em vários sonhos.
Num deles, ela estava numa estação de trem subterrânea, com aspecto de ser bem antiga. Estava esperando o trem para onde mora.
Ela se deu conta do menino à caminho desta estação.
Era uma cidade linda, porém deserta, em um outro estado com certeza. O dia estava amanhecendo e ao contemplar o nascer do sol, sentiu uma mão pequenina segurando a sua.
A chamou de "mamãe", o menino, desta vez usando roupa social incluindo um sobretudo preto. Estava lindo vestido que nem um adulto.
Na estação, o trem estava demorando a chegar. No guichê, um casal de idosos, muito simpáticos. O menino se diverte com os filhotes de uma cadela que estava nos fundos de uma salinha, que parecia ser um tipo de depósito.
Ela deixou a criança com eles para poder explorar o local. Era tão sombrio e antigo. Uma cidade abaixo de outra.
Se distraiu com a arquitetura dos prédios. Ao se apavorar ao ouvir o trem, correu de volta à estação.
O menino estava ali esperando na plataforma. Parecia esconder algo no casaco, porém ela não se importou.
Um homem alto e magro, de uns 50 anos de idade, usando terno e chapéu, empunhando uma maleta se aproxima. Inicia uma conversa com ela. O assunto parecia comum, até ele mencionar o menino. Infelizmente, ao acordar, Ana esqueceu do que conversaram.

O trem se aproxima, destino "Rio de Janeiro".
Ela agradece aos idosos por cuidarem da criança. O tal homem desaparece, e assim deduziu que ele já havia embarcado.
"Vamos Michael!"- chama
O menino, andando devagar embarca. Dentro do vagão, ao sentar em seu lugar, ela escuta um ruído e enfim pergunta:
- O que você esconde aí hein mocinho?
O menino tímido, abre o casaco. Era um filhotinho, um cachorrinho branco. Ela ri da situação e só pensa em como vai explicar ao seu marido. Na época, ela tinha um relacionamento que não deu certo por diversos motivos.
- Como vou falar com seu pai sobre isso? - diz ao lembrar que o suposto pai, estaria os aguardando na estação de destino, com um presente surpresa para o garoto. Um cachorrinho que ele tanto pedia.
- Bem, agora serão dois. - Pensou alto, mas Michael estava tão feliz com seu novo amiguinho que nem percebeu.
Antes de sentar no seu lugar, como era o último vagão, pela janela dos fundos conseguia visualizar a estação ficando cada instante mais distante. Para sua surpresa, o tal senhor que conversava com ela estava ainda na plataforma.
Ana sonhava e sonhava. Muitos desses sonhos ao passar do tempo confirmavam outros sonhos, ou apenas fazia atualizações e alterações.

Como por exemplo o menino, que se chamava Michael.
Que no sonho da estação era seu filho. Mas isso só foi o reflexo do seu desejo de ser mãe naquele momento.
Em outro sonho, Ana estava prestes a atravessar a rua. Era noite, e chovia muito. Ela percebe um vulto branco passar por trás dela. Ao se virar para tentar ver o que era, um outro vulto. Agora preto, passa por trás novamente. Leva um susto e ao se virar, sumiu.
Escuta uma amiga a chamando do outro lado da rua, gritando que o sinal já havia tocado. No sonho, ela estava indo para escola, onde cursou o primeiro ano do ensino médio. Alguém bate a porta do carro. Ela se vira e à sua esquerda, um carro preto estacionado na calçada. Um veículo grande, parecia um Jeep. Um homem alto, de cabelos negros, lisos e compridos. Usando uma capa de chuva preta.

Havia colocado para dentro do carro um cachorro branco, que parecia ser um Pastor Alemão.
" Cor inusitada" pensou
O homem misterioso entra no carro, e ao fechar a porta. Ela vê seu rosto, rosto que chama sua atenção por lhe pareceu familiar. Seu rosto branco, seus cabelos negros, encharcados pela chuva. Seus olhos azuis, não eram de azul comum. Ao redor de sua íris, um brilho anormal, formando um anel branco cintilante, quase prata. O seu olhar te encanta e assombra ao mesmo tempo. Se sentiu despida.
Como se conseguisse ler seus pensamentos, ele sorri.

Ela nunca esqueceu deste olhar, mesmo esquecendo detalhes do seu rosto. Anos se passaram, e o sonho continua vivo nas suas lembranças.
Agora ela sabe que aquele menino tão gentil cresceu. E que ele era o Anjo Guardião dos seus sonhos. Ana interpretou este sonho como um encontro entre a criadora e seu personagem. Ela não sabe a razão de tudo isso, ainda. Só sabe que durante toda a sua vida, sonhos assim se tornaram parte de quem ela é. E Michael, um amigo que a encontra durante seu sono.

O Anjo & A Fênix  Parte 1 - O Guardião do JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora