Capítulo 13 - Olá Fênix!

7 2 0
                                    

Alexius caminha entre uma vegetação até chegar num campo aberto. Nele, uma grande cama flutuante com lençóis brancos e vermelhos de linho fino.

Deitada ali estava Ana, vestida de vermelho. Em sua cabeça uma coroa de ouro. Havia detalhes delicados desenhados nela, bem sutis. Eram ramos e flores que faziam lembrar o Jardim do Guardião em Angelus.
Ana estava com a pele pálida, mas estava plena num sono profundo.
De dentro da sua capa, Alexius retira uma caixinha de ouro, que com a aproximação da sua outra mão (que segurava o fragmento da alma de Ana) a faz abrir e dela sai três luzes. Dourada, o fragmento que estava em Angelus. A verde, o fragmento que ela manteve em si para viver na realidade mortal e a vermelha que estava no Mundo dos Sonhos e agora a luz roxa, fragmento que estava na Fronteira. As quatro a cercam, circulando acima do seu corpo.

Com o mesmo punhal que JK e os guerreiros usaram, Alexius fere a si mesmo. Perfura o seu peito e o rasga até de dentro dele sair uma luz negra que se junta às outras.
- Ainda faltam uma parte minha querida amiga... Espero que não demore muito. - Diz após deitar ao seu lado e fechar os olhos.

"A um passo da morte estou e sempre estarei, até que ela chegue. Visita inesperada, viagem temida para o caminho desconhecido, sem vida?
Não costuma avisar, só quando precisar. Para então se preparar ou para ela se evitar. Uma coisa é certa, ela um dia chegará.
Às vezes se deixa perder, por não ser a hora certa, ou para somente nos enlouquecer. Mas ela chega, com certeza, não há o que se fazer.
A Dama de preto chega, a Dama de preto passou. Seus olhos são penetrantes, seu olhar é quente e acolhedor. Sua presença é fria e surpreendente, suas mãos acariciam e ao seu abraço nos convida. Seu toque é leve, sua aproximação nos intimida. Seu beijo ardente sufoca, possui nossa alma e a bebe como uma doce bebida. Seu perfume embriaga e nos desliga deste mundo, sem se despedir de todos e de tudo. Nos desprende da infância, amores e de alegrias. E também das dores numa louca euforia. Afasta tudo que se conhece, até quem somos desaparece!
Seus passos são suaves, parece flutuar. Seus lábios nos chama sem precisar falar.
Anda depressa como se tivesse pressa e não há nada que a impeça, faz o que faz. Não se adianta, nem se atrasa e mesmo ao partir continua aqui. Leva um pedaço dos que ficam e me faz pensar, mesmo indo embora vai sem se afastar. A sensação prévia da sua chegada permanece na sua saída, e vai sumindo através do tempo, para voltar e tomar o doce vinho da vida.
Ela significa perda, significa terror, significa despedida, significa dor.
Às vezes é liberdade, alívio e paz...
Mas no final é o mesmo final, saudade vai e volta, e mais saudade traz.
Quando será a minha vez?
Como será a minha vez?
Um dia vamos nos encontrar...
Ela não se atrasa, nem se apressa, mas com certeza chegará!
E esse dia será o meu fim?
Espero eu, na minha humilde existência neste mundo, que eu não seja mais um prisioneiro do passado e nem quem deixe o rastro do pecado, em sua boca o doce amargo de um vinho ruim."

- Você nunca será um vinho ruim. - Sussurra olhando para ela. Ana abre os olhos e vira o rosto para ele. - Olá Fênix! - Alexius diz e sorri.

O Anjo & A Fênix  Parte 1 - O Guardião do JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora