17. Primeira missão

94 16 12
                                    

Admito que eu estava bem decepcionada com a minha primeira missão. Eu estava esperando algo como, sei lá, impedir a explosão de uma bomba, parar um ladrão de joias, investigar o prefeito corrupto de alguma cidade.

Mas não. Eu só estava indo entregar alguns documentos numa empresa junto com o agente parecido com um pinguim psicopata!

Aliás, descobri o nome dele: era Charlie. E ele parecia tão interessado no serviço quanto eu.

— Não acredito que eles me tiraram do meu departamento pra entregar documentos! — Ele reclamou o caminho inteiro, especialmente quando estacionamos o seu carro na rua.

— Seu departamento? — Se Amy era a médica, Frank o chefe e Bob o cara que controlava a parte tecnológica, o qual era o de Charlie? — O que você faz?

— Limpeza. — Ele disse enquanto continuava nos andando até a entrada, sem nem ao menos olhar na minha direção.

— Limpeza? Como assim?

Ele deu um sorriso de canto extremamente assustador, era possível ver seus caninos afiados como o de um vampiro.

— Você é jovem demais pra saber sem ter traumas.

Senti um arrepio percorrer minha espinha e continuei andando sem fazer perguntas.

O prédio da empresa ficava na área nobre da cidade, a poucos quilômetros da agência. Devia ter uns 30 andares ou mais! Era todo espelhado e seguranças eram espalhados por todo o local.

O nervosismo começou a bater assim que eu me aproximei da entrada. Era minha primeira missão! Era só entregar os documentos, não? Parecia simples, mas a ideia de falhar me fazia tremer. E se não nos deixarem entrar?

— Se continuar agindo assim vão pensar que você está tentando assaltá-los. — E obviamente aquele comentário não me ajudou a permanecer calma, fez o efeito contrário.

Vi um sorriso no rosto de Charlie mediante a minha agonia.

Chegamos à entrada, e fomos parados por uns doze seguranças que começaram a nós interrogar:

— Quem são vocês?

— Somos da agência de detetives Romani. — Disse Charlie mostrando nossos crachás. Apressei-me e fiz o mesmo com a identificação que eu havia recebido de Frank hoje mais cedo.

Eles olharam atentamente o documento, e não fizeram muitas perguntas mais. Apenas nos deixaram passar.

Dentro do prédio, as paredes eram todas brancas, piso bege de porcelanato, com decorações cinza ou em madeira; algumas plantas estavam espalhadas pelo local tentando trazer um pouco mais de vida. A mesa da secretária ficava do outro lado da sala, do lado esquerdo da escadaria de emergência, elevadores e algumas salas fechadas; no canto direito havia alguns sofás de madeira com assentos cinza.

Lá dentro era bem silencioso, a não ser pelo som das teclas do computador da secretária, ou do som baixo de falas vindas do andar de cima.

Nós aproximamos da sua mesa, e ela nos olhou de cima a baixo com uma expressão de desgosto. Mastigava um chiclete com a boca meio aberta e fazia um som muito irritante. Sua mesa não estava muito organizada, canetas espalhadas, muitos papéis empilhados que ocupavam muito espaço ali, o lixo atrás da sua cadeira transbordava de folhas amassadas, e havia também uma caixa inteira de chicletes de sabores sortidos ali.

Ela endireitou a postura e continuou nos olhando com aquela expressão de nojo:

— No que posso ajuda-los? — Disse com um falso sorriso.

— Agência de detetives Romani. — Anunciei, não pelos nossos nomes, mas sim pela instituição. — Temos que entregar esses documentos para o senhor Oliveira. — Disse levantando o grande envelope branco que até então estivera em minhas mãos.

O Mistério Do Seu SorrisoOnde histórias criam vida. Descubra agora