21. Dignidade e ossos quebrados

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Algum tempo depois de muito caos, o ônibus finalmente parou. A área era florestal era usada por escoteiros para acampar, mas passaríamos apenas algumas horas ali, por isso não trouxemos muita coisa além do básico em nossas mochilas.

Mesmo daonde eu estava, conseguia ver o rosto do professor Faraize. Cansado, exausto do tumulto gerado pela escolha de duplas. Boris estava mais tranquilo com aquilo tudo.

— Deixe-os, senhor Faraize. Quanto não tivermos que interferir em suas pequenas discussões, não atrapalham em nada. — Dizia Boris vez ou outra quando o professor parecia estar quase desistindo de sua profissão em um passeio escolar. — Jovens são agitados mesmo. Tenho certeza que você também era cheio de vida nessa idade!

Bem, no entanto isso não quer dizer que o professor de educação física fechou os olhos para o que a turma estava fazendo. Em certo momento ele deu bronca em uma das duplas e deixou o ônibus inteiro quieto. Enquanto isso, só pude olhar para a cara de incrédulo do Faraize enquanto calavamos a boca.

Mas voltando para a parte em que descemos do ônibus:

O local era caracterizado por suas árvores tortas, pedras grandes e vegetação densa. Haviam algumas trilhas de terra que adentravam a mata, uma delas bloqueada por uma faixa amarela, indicando que não devíamos passar por ali.

— Acho que é por lá que a corrida vai começar. — Disse Nathaniel.

— Provavelmente...

A rua por onde o ônibus tinha vindo, era coberto de poeira, sendo a única parte asfaltada, fora o mini estacionamento para campistas (que foi aonde o motorista parou).

Os professores nos deixaram livre até alguns alunos de outras escolas chegarem. Eles aproveitavam esse tempo para se organizarem, e nós aproveitamos para dar uma respirada antes da competição. Nos espalhamos pelo local, com os alunos se livrando de suas duplas e ficando mais um tempo com seus amigos. Nathaniel havia sido chamado pelos professores para ajudar, então nós nos separamos.

— Kentin! — Chamei-o enquanto me aproximava. Violette não estava mais com ele, ela tinha ido a até Kim. — O que está achando da corrida de orientação?

— Achei uma boa ideia. Gosto de fazer trilhas. Mas não tenho tanta certeza quanto a minha dupla...

— A Violette?! Ah, não se preocupe! Ela é um doce! tenho certeza de que vocês se darão bem.

— Se você diz, Bianca, confio em você. Mas eu ainda gostaria de ter poder escolhido.

— È... eu também! — Suspirei. — Mas o que está achando da escola nova? Não nos falamos muito desde então.

— Gosto daqui. — Ele sorriu. — É muito mais acolhedora que a Rivers. Bem você lembra o que eu passei por lá, não lembra? — Ele suspirou e eu assenti. — Aqui fiz alguns amigos novos também. Alexy e Armin. Eles são da nossa sala, mas não vieram para a corrida.

— Sei quem são. Não falo muito com eles, mas prometi ao Armin que iriamos jogar LOL algum dia. — Enquanto nos dois riamos, eu fiz um lembrete mental de realizar essa tarefa assim que eu tivesse tempo sobrando. — Eu vou dar mais uma volta — anunciei. — Te vejo por ai, Kentin!

— Ok, venha falar comigo mais vezes.

Continuei vagando pela área que não estava restrita, tentando reconhecer o terreno de alguma forma. Para uma corrida escolar não era nada de tão relevante assim, mas caso eu estivesse em uma missão, o reconhecimento do terreno poderia custar minha vida. O que não era o caso naquele momento, mas não custava se precaver.

Não havia nada de muito interessante ali por enquanto na verdade. Os passarinhos cantavam, o vento mexia com as folhas das árvores que faziam uma barreira contra a luz solar. Como era um local de acampamento, não havia nada de muito perigoso por ali.

O Mistério Do Seu SorrisoOnde histórias criam vida. Descubra agora