13. A proposta

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Mas medo de quê?

Eu fiquei pensando sobre isso enquanto voltava para casa. Era o meio da tarde e a movimentação gerada pela hora do almoço já tinha acabado. Agora tudo estava deserto.

Estranhei que nem o Lysandre nem o Castiel vieram me buscar, como frequentemente acontecia depois do pequeno incidente com Daniel Foster. De qualquer forma, decidi voltar para casa sozinha mesmo.

Ainda estava com a aquela sensação ruim de quando sai da escola. Talvez o humor do Nathaniel antes de partir tenha me afetado; isso é a curiosidade sobre a sua expressão de premonição.

De início, achei que era só isso mesmo: que eu tinha ficado um tanto quanto paranóica ao ver o estado do loiro. Mas aos poucos, realmente comecei a me sentir sendo observada.

Parei de andar, olhei para todos os cantos da rua. Um homem estava atrás de mim a alguns metros. Sua expressão corporal indicava pressa, como se tivesse que agir rápido parar alguma coisa.

Respirei fundo e segurei as chaves de casa como se fossem adagas ou as agulhas da Yor de Spy x Family. Voltei a andar, apressando o passo. Talvez eu conseguisse lutar com a pessoa caso estejam realmente me seguindo.

Rezei para que eu estivesse julgando-o mal e aquele fosse apenas uma pessoa andando rápido para não perder o ônibus. Mas a sensação ruim não ia embora.

Em certo momento, eu virei em uma esquina. E logo adiante vi outro homem, vestido com roupas comum do dia a dia, mas ele estava parado olhando em minha direção bem, era como... Como se tivesse tentando bloquear minha passagem ali.

Dei meia volta, e trombei no primeiro homem. Ele tinha mesmo me seguindo até ali?

⸺ Vai a algum lugar? ⸺ Perguntou o primeiro, bloqueando a saída com o braço.

⸺ Sim, eu vou embora, se você me der licença! ⸺ respondi tentando desviar, mas sem sucesso.

⸺ Garotinha atrevida! ⸺ Disse o segundo, que havia se aproximado derrepente. ⸺ Identica ao seu irmão!

⸺ Errou! Eu sou mais forte que ele! ⸺ falei dando um chute nas partes do primeiro, que se encolheu com dor.

O segundo tentou me agarrar, mas rapidamente girei o corpo, apunhalando-o com a minha chave. Isso fez com que eu tivesse tempo de correr.

Mas não por muito tempo. Olhando pra trás, vi que a vítima do chute começou a correr atrás de mim. Merda! O segundo homem havia entrado num carro preto que havia parado ali assim que eu saí correndo. E como se não bastasse, vi mais dois carros daquele surgindo nas outras duas esquinas do cruzamento!

Foquei em correr. Eu era atlética, mas a minha mochila nas costas dificultava as coisas e me deixava mais lenta. Lenta o suficiente para que ele me alcançasse.

Ele agarrou meu braço, o que fez com que eu desse um solavanco.

⸺ Parada aí, putinha.

⸺ Putinha é a tua mãe, desgraçado de merda! ⸺ gritei enquanto o interruptor do meu cérebro mudava do modo fuga para o modo ataque.

Ali não era um ring justo, então golpes baixos também eram permitidos. Soquei seu estômago, e logo em seguida agarrei seu braço na intenção de quebra-lo. Mas o carro que havia recolhido o primeiro se aproximou e vi que o vidro fumê estava se abaixando, revelando pouco sobre a pessoa atrás do volante.

Não sabia de muita coisa, mas de uma coisa tinha certeza a julgar pela minha experiência com filmes, casos criminais e os relatos do meu irmão: assim que aquele vidro terminasse de descer, revelando completamente o rosto do meu perseguidor, ele também revelaria uma arma em seu punho.

O Mistério Do Seu SorrisoOnde histórias criam vida. Descubra agora