2. Domingo

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Eu definitivamente sou contra 99,99999% dos políticos. Mas devo um grande obrigada ao imperador Constantino por ter proclamado os domingos como "dia de descanso".

Isso tornava possível que Giovanni e eu tivéssemos mais tempo em família.

Tínhamos acabado de sair de um fliperama com meus braços recheados de prêmios e o vendedor simplesmente com o queixo no chão.

Eis a cena do que ocorreu:

Andando pelo shopping passamos em frente ao fliperama. O vendedor tinha um grande sorriso no rosto, de quem adquiriu bastante dinheiro, no entanto seus clientes saiam com expressões negativas, aparentemente era bem difícil pegar os brinquedos.

Giovanni cutucou minha costela e disse:

⸺ Se você adivinhar o que está acontecendo com aquele sujeito eu te pago um milkshake.

Esse era um jogo que nós tínhamos. Ele me propunha uma situação de lógica e percepção, e eu tentava resolver aquilo como uma detetive. O jogo não tinha exatamente regras, talvez apenas uma: "descubra o que aconteceu".

A barraca daquele homem era um jogo de tiro ao alvo. Ao fundo havia algumas prateleiras diversos prêmios atrás de pequenas placas de madeira, cada uma com um número escrito. Dependendo do número que você derrubasse você poderia trocar pelo prêmio correspondente. E, caso alguém acertasse dois prêmios seguidos, tinha direito a mais duas rodadas.

Nós nos aproximamos e vimos as pessoas jogarem por uns bons cinco minutos. Como sempre, os clientes tentavam o melhor prêmio, mas nunca conseguiam. No máximo era um chaveiro ou uma caixa de balas.

Comecei a prestar atenção na direção dos tiros. Era muito rápido então eu não consegui acompanhar a direção das rolhas (que estavam no lugar das balas). Mas a maioria das pessoas mirava numa pelúcia gigante de um Becola (um mascote de um jogo chamado Eldarya), e normalmente essas balas atingiam um prêmio mixuruca de 5 reais que ficava a cerca de duas posições a direita.

Sem contar que os melhores prêmios estavam no canto esquerdo da prateleira. E que quando as pessoas saiam reclamando, elas alegavam que queriam o prêmio que estava na parte esquerda, mas pegaram o da direita.

Aquilo parecia um padrão para mim.

Fingindo estar entediada dei algumas voltas ao redor da barraca. Nenhum mecanismo suspeito ou algo do gênero, mas eu já tinha minha resposta.

⸺ Descobriu? ⸺ perguntou Giovanni quando me aproximei dele novamente.

⸺ A arma está desregulada. As rolhas sempre vão para a direita do prêmio, e assim acertam algo mais barato, que é um terço do preço do bilhete.

⸺ Isso aí! Muito bem! Aí, aquele bicho grandão ali não é daquele seu joguinho?

⸺ O becola? Sim, ele mesmo.

⸺ Ótimo! Vamos capturá-lo e depois você conta isso pro Nevrasca!

⸺ É Nevra, Giovanni! E bem que eu queria que funcionasse assim...

⸺ Eu lá sei o nome dos personagens do seu jogo, Bibi!

Meu irmão entregou uma nota de 200 para o dono da barraca de tiro ao alvo. O que nos garantia uma boa quantidade de tiros. Com um sorriso, o dono da barraca dispôs as "balas" juntamente com a arma. Uma imitação bem falsa e colorida de um rifle de caça, que era presa ao balcão por uma corda.

⸺ Você primeiro, Bianca. ⸺ falou meu irmão me empurrando o rifle.

Mesmo sabendo do truque, isso não facilitava o meu trabalho. Ainda era bem difícil. Então me concentrei em pegar prêmios menores e mais fáceis que eu também queria. Consegui uma caixa inteira de balas de goma, chaveiros de vários personagens, um Naruto de pelúcia (que eu fiquei particularmente muito orgulhosa de ter conseguido!) E um fone de ouvido pirata. Errei várias vezes também, mas consegui bastante coisa.

O Mistério Do Seu SorrisoOnde histórias criam vida. Descubra agora