20. Ônibus

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Um tanto quanto frustrada pela minha aposta com o loiro ter ido por água abaixo, quando cheguei em casa apenas roubei alguns doces da geladeira e me joguei no sofá.

Enquanto comia, coloquei alguns casos criminais para assistir. O escolhido do dia foi o caso de Payton Leutner.

Em 2014 ela foi encontrada rastejando para fora de uma floresta após ter sido esfaqueada diversas vezes. As autoras do crime eram suas duas "amigas", ambas fanáticas pelo Slenderman. O plano delas era matar Payton com esperança de poder morar na mansão do Slenderman, já que as duas acreditavam firmemente na sua existência. O mais bizarros desse caso? Todas as garotas tinham apenas 12 anos.

Segui vendo mais e mais sobre esse e outros casos, além de pesquisar sobre a creepypasta do ser sobrenatural em questão.

Isso tudo até meu irmão chegar do trabalho.

Nada de muito interessante aconteceu então: conversamos, jantamos, e fomos dormir. No dia seguinte ele me deu carona novamente até a escola. No carro ele voltou a garantir que eu estaria segura, e se caso acontecesse algo em que eu não conseguisse lidar sozinha, ele viria o mais rápido possível até mim.

— Mas tenho certeza que nada vai acontecer. — Ele estava bem tranquilo com isso tudo, o que me deixa bem também. — Apenas ganhe essa corrida! Bem... Tudo bem se você não ganhar também, mas eu sei que você vai fazer de tudo pelo primeiro lugar.

— Acertou em cheio, Ni! Ninguém vai atrapalhar a minha vitória!

Podia parecer bobo, afinal era só uma competição escolar. Não é como se eu fosse ganhar um prêmio que realmente valia a pena naquilo.

Mas deixe-me dizer, que eu só gostava disso tudo; a adrenalina que invadia meu corpo com qualquer desafio, a vontade de vencer por menor que fossem as apostas. Não faço pelos prêmios, faço por que é divertido.

Deus queira que eu nunca chegue perto de um bilhete de loteria!

Quando chegamos ao portão da escola, me despedi do meu irmão e sai do carro, acenando enquanto ele dava partida mais uma vez e se afastava com o veículo.

Encontrei Lysandre no pátio, ele estava sentado no banco escrevendo em seu bloco de notas mais uma vez. Usava roupas diferentes do costume: uma blusa Cacharrel preta, uma calça esportiva branca e cinza e um moletom amarrado na cintura.

— Hey, Lys! — Aproximei dele. — Guarda-roupa novo?

Ele levantou os olhos do caderno e sorriu quando me viu:

— Ah! Olá, Bibi! Na verdade, essas são as roupas que o professor Boris está distribuindo.

— Não sabia que ia ter uniforme obrigatório. E olha que eu estou no grêmio!

— É de se surpreender mesmo. Mas é melhor você ir pegar seu também, quer que eu te acompanhe?

— Quero sim! Vamos! Aliás, essa cacharrel ficou ótima em você!

Ele guardou seu bloco de notas na mochila, e me acompanhou pelos corredores até aonde o professor Boris se encontrava distribuindo as roupas.

— Senhorita Bianca, veio buscar o uniforme da corrida? — Confirmei com a cabeça e ele me entregou um pacote de plástico com todos os tecidos dobrados. — Você pode ir se trocar no banheiro, aproveite para descansar um pouco enquanto os outros alunos não chegam, vocês trabalharam duro nesses últimos dias.

O Mistério Do Seu SorrisoOnde histórias criam vida. Descubra agora