Parte 6

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Pete acordou sentindo sua cabeça doer como o inferno. No entanto, nada doía mais do que a parte inferior do seu corpo.

O guarda-costas estendeu uma das mãos na direção do estômago e, ao invés de sentir a própria pele, encontrou a textura áspera da faixa em volta do seu tronco. Isso tirou o ar dos pulmões de Pete por alguns segundos.

Pelo menos ele não estava morto, mas... o que diabos aconteceu?

Enquanto tentava se lembrar das últimas horas, Pete observou o quarto. Era uma sala hospitalar privada, parecida com aquelas que os filhos de Khun Korn iam quando se machucavam. Quase ninguém tinha dinheiro para pagar por aqueles quartos, então o que diabos Pete estava fazendo ali? Poderia ser que Porsche convenceu Kinn a dá-lo um quarto caro?

Havia um par de janelas enormes do seu lado esquerdo, e o chão parecia ser completamente feito de mármore. Alguns quadros estavam pendurados nas paredes, e tudo era tão branco que a retina dos olhos de Pete estavam começando a doer.

"Merda." Ele murmurou a si mesmo ao tentar se levantar. Uma sensação queimante se alastrou pelos membros do homem, quase como se a dor estivesse caminhando por cada um dos seus membros lentamente, de forma torturante. Era terrível. Aquela ferida no estômago estava doendo como o inferno. "Merda-" Ele repetiu, até que paralisou completamente.

Vegas abriu a porta do quarto, segurando uma tigela. Igual a Pete, quando o viu tentando se sentar na maca, paralisou no batente da porta como se tivesse visto um fantasma. "Pete? Você não deveria estar se mexendo."

"Khun Vegas." Pete não se atreveu a curvar o tronco, mas inclinou a cabeça para frente como mostrar respeito.

Vegas pareceu ficar tenso enquanto se aproximava. "Já disse pra não me chamar assim".

Pete não respondeu. Havia algo rude na voz do outro homem, quase ríspido. Ele começou a se lembrar do que tinha acontecido no encontro com os italianos. Lembrou de como ele ferrou com toda a missão por causa de um erro idiota, e que muita gente tinha se machucado por isso.

Droga, era impossível não sentir culpa. "Me desculpa. Eu estraguei seu plano."

Vegas continuou se aproximando, até parar na beirada da cama, bem ao lado de Pete. O homem colocou a tigela da comida cheirosa na mesinha ao lado da maca e levantou a mão. Pete se encolheu, antecipando um tapa, mas o que aconteceu em seguida foi algo que nem em um milhão de anos ele acharia possível acontecer. Vegas colocou a mão no queixo de Pete, tão gentilmente que mal foi possível sentir o toque. Então, com um leve empurrar, forçou o rosto dele para cima. E, quando Pete amoleceu o pescoço e deixou que Vegas manobrasse seu rosto da forma que desejava, seu olhar foi de encontro direto com os olhos de Vegas. "Coisas assim acontecem toda hora."

Uma sensação quente inundou seu corpo. "Sim, mas essa era uma missão importante para você-"

"Shh."

Vegas parecia tão frágil, quase machucado. Ele olhou para Pete como se ele fosse uma das coisas mais importantes do mundo, como se fosse algo que... realmente valesse mais do que aquela maldita missão. Desse jeito, naturalmente, a mão de Vegas começou a se mover, mas diferente do que Pete achou que aconteceria, ele não se afastou. Na verdade, aproximou os dedos dos lábios de Pete.

Pete observou o momento em que os olhos do homem na sua frente viajaram por todo o seu rosto. Sem notar, Pete abriu os lábios e, de alguma forma, a ponta do dedo de Vegas roçou com o interior molhado da carne da sua boca.

Isso pareceu trazê-lo de volta para a realidade. Vegas se afastou em um pulo.

E só nesse instante Pete notou algo: a bochecha esquerda do homem estava avermelhada, mas não da forma natural que uma pessoa ficaria quando corava. Não. Aquela mancha vermelha tinha o formato de uma mão, e um pequeno filete de sangue escorria do alto da bochecha. Pete conhecia aquele tipo de tapa. Foi causado, provavelmente, por alguém que usava um anel. Um anel grande e pesado. Deve ter doído. "Vegas..."

SURPREENDENTEMENTE BOM | VegasPete ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora