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Eu mal conseguia acreditar que estava de volta. Mesmo tendo passado dois dias longe, eu sentia que tinha passado dez anos.

Mesmo não tendo ficado sob tortura, meu psicológico não estava muito bem. Todo o contexto ainda me deixava amedrontada.

Depois que Rafael foi embora, entrei abraçada aos meus pais e a Nita. A mesma chorava que nem uma criança, tocando em mim o tempo todo como se eu não fosse real.

–– Vocês não tem ideia de como eu senti a falta de vocês. Pensei que jamais os veria novamente.

–– Filha... –– Minha mãe beija minha testa repetidas vezes. –– Não tinha remédio no mundo que me fizesse dormir de tanta preocupação. Estou pensando seriamente em me divorciar do seu pai. Ele quer acabar com a nossa família e eu não posso deixar isso acontecer.

–– Não fala assim, Marta. Eu estava me corroendo de remorso por ter provocado isso tudo. Estava de mãos atadas sem ter como resolver isso sem precisar envolver o Rafael.

Minha mãe tinha raiva no olhar quando direcionava os olhos para meu pai. Eu apenas o abracei. Não queria focar nas coisas erradas agora.

–– Nita, tive que comer fast food no almoço enquanto estive lá. Que saudades de você e da sua boa comida. –– Abraço seu corpo rechonchudo e beijo sua bochecha.

–– Rezei tanto por você, minha filha. Tenho que voltar a igreja pra agradecer a Deus pelo seu retorno.

Mesmo tendo vontade de ficar horas olhando para cada um deles, eu precisava de um banho bem longo e demorado. Principalmente pra trocar essas roupas.

Deixo meu celular terminar de carregar enquanto me lanço debaixo do chuveiro com água quentinha. Agora eu deixaria o Rafael gritar na minha cara que sou patricinha, dondoca, burguesa, o que ele quisesse dizer. Água quente é tudo!

Falando nele, preciso conversar com meus pais para organizarmos um jantar em gratidão por toda ajuda que ele deu. Rafael arriscou sua liberdade, sua empresa, sua credibilidade, seu nome, arriscou muita coisa pra me libertar.

O mínimo que posso começar a fazer por ele é oferecer-lhe um jantar aqui em casa.

Mais ou menos duas horas depois da minha chegada, Suzane aparece aqui em casa. Quase não me deixou respirar de tantos abraços que me deu.

–– Você sabe não é? Que não tinha como ser minha culpa. –– Suze não tinha parado de chorar desde o momento que me viu. –– Eu fiquei me culpando mesmo sabendo que não tinha como ser culpada. O seu namorado também me acha culpada. Me perdoa, Isis. Se eu soubesse... Você sabe que eu jamais te deixaria sozinha por maldade.

–– Suzane –– Seguro em seu rosto obrigando-a a engolir o choro e prestar atenção em mim. –– Você não teve culpa alguma. Você já sabe da verdade. Não tem motivo pra você se culpar.

–– Mas eu te chamei pra aquele show e...

–– Eu te amo, sua maluca. –– Abraço-a forte. –– Eu estou bem agora. Amanhã eu vou para o curso tá? Já perdi dois dias.

–– Tem certeza, Isis? –– Assinto. –– Tudo bem. Você sempre foi uma garota forte. Eu nunca duvidei disso.

–– Diga ao Maurinho que assim que estiver livre na fábrica venha me ver. Preciso agradecer pessoalmente por tudo que ele fez também.

Conversamos por um longo tempo e depois ela foi embora. Suzane não estava muito bem. Não sei se devido ao que aconteceu comigo ou se tinha mais coisas por trás disso.

Em um outro momento conversaremos sobre isso. Tenho certeza que sim.

Meus pais estavam na sala, conversando de forma sussurrada quando voltei de fora. Ainda ouvi minha mãe dizer que não era justo isso se manter escondido por muito tempo.

Você é o meu prêmioOnde histórias criam vida. Descubra agora