...30...

1.5K 80 1
                                    

As garotas me levaram até um banheiro, me empurraram debaixo do chuveiro com roupa e tudo e ficavam se divertindo com a minha reação à água fria.

Quando eu já estava bem molhada, pediram que eu tirasse minhas roupas e jogasse em um canto. A loira pegou um tubo cheiro de um líquido esverdeado e começou a jogar em minha direção.

Pelo cheiro, era sabonete líquido e da pior qualidade. Ela jogou nos meus cabelos, no meu corpo e no meu rosto. Ficavam me fazendo de alvo e esguichavam o conteúdo do tubo onde achavam divertido.

Assim que removi aquele sabão todo de mim, a morena jogou uma toalha com cheiro de mofo e pediu que eu me enxugasse rapidamente.

–– Não tem calcinha pra você. Mas não se preocupe que o vestido que o chefe mandou você vestir é longo.

O tal vestido era horroroso. Todo cheio de flores roxas e amarelas, mangas até o punho e não tinha ficado totalmente justo em mim.

Jogaram um perfume floral em mim e ofereceram-me um pente para dar um jeito nos meus cabelos. Eu estava me sentindo uma boneca na mão de duas crianças com mais ou menos cinco anos de idade.

–– Vem, o chefe está esperando por você.

Elas me empurram quando não consigo andar rápido, só que não reparam que esse vestido é longo e engancha na minha bota.

Do lado de fora do galpão, do outro lado, tinha uma pequena casa. Elas me mandam seguir em frente, sem elas. Eu estava com medo, mas com fome também.

Um cara armado até os dentes abre a porta e um cheiro bom de comida chega até mim. Caminho à passos lentos até o interior da casa, que não é diferente de uma casa comum, e chego até uma pequena salinha onde o homem que falou comigo está sentando à mesa. Ele ri quando me vê.

–– Pensei que o vestido lhe cairia como uma luva. Isso me faz pensar que tenho que engordar você um pouquinho. Não gosto de muita magreza. –– Levanta e puxa uma cadeira para mim. –– Estava esperando por você. Sente-se.

Engulo seco e obedeço ao seu pedido. Não esqueço que no último ato impensado meu quase que tenho meus cabelos arrancados.

–– O que está achando da recepção? Cisne e Garça trataram-na bem?

–– Cisne e Garça? Ah, as garotas... Uhum.

–– Eu coloco nomes interessantes nas minhas garotas. Você será flor. O que me diz? Eu acho que é a sua cara. –– Ele serve meu copo com suco e aproxima o bolo para que eu pegue. –– Por favor, coma. Quero você muito bem. Odeio que saiam falando que sou um péssimo anfitrião.

Bebi um pouco do suco e comi um pedaço do bolo. A todo momento eu olhava para cada canto daquela casa. Eu estava assustada, porém tinha medo até de respirar errado e ser castigada. Notei, até que meio tardiamente, que tinha uma arma em cima da mesa, ao lado do braço dele.

–– Não tenha medo disso aqui. Não é pra você. É pra quem me desobedece ou me aborrece muito. –– Assinto. –– O gato comeu sua língua?

–– O Sr. é agiota não é? Estou aqui por causa do meu pai, ele estava devendo muito dinheiro ao senhor. Estou certa?

–– O seu pai veio chorando aos meus pés, implorando por míseros cinquenta mil reais para quitar umas dívidas que possuía. –– Ele enxuga a boca com o guardanapo e cruza os braços enquanto me observa. –– A dívida foi aumentando, aumentando... Mas nada do seu pai me pagar o valor total. Eu tinha deixado o alerta de que a minha forma de cobrar era diferente e que se ele não pagasse veria que forma seria essa. Inclusive, liguei várias vezes pra ouvir você. Queria decorar sua voz perfeita.

Você é o meu prêmioOnde histórias criam vida. Descubra agora