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Aquele desgraçado tinha que aparecer na minha vida agora? Logo agora? Justamente hoje?

Valeu, destino! Você gosta de curtir com a minha cara não é? Ha ha, estou me acabando de rir do seu humor peculiar.

Depois dele ter praticamente me obrigado a dar meu número, voltei rapidamente para a festa do meu filho. Sento na toalha e respiro fundo ainda olhando para onde eu tinha acabado de encontrá-lo.

–– Isis, você está pálida. –– Carola toca nas minhas mãos. –– E muito fria. Viu assombração no banheiro, garota?

–– Pior que assombração. –– Balanço a cabeça em negação e sorrio fraco. –– Vamos oferecer os cupcakes para as crianças e depois cantaremos a canção de parabéns. Estou começando a ter dor de cabeça.

–– Eu tenho remédio, se quiser.

Agradeço apenas com o olhar e tento focar em outras coisas. Mas sabe aqueles filmes de terror onde a mocinha está caminhando a passos lentos no meio da floresta e tem a certeza que tem mais alguém com ela, porém não pode ver?

Estou sentindo a mesma coisa. Rafael está por perto, rodando, porém agora eu não consigo vê-lo. Não sei se ele seria doido de me seguir e aparecer aqui.

Na hora do parabéns foi que eu realmente me distraí. Ver o sorriso e a felicidade do Liam ao ver as velas acesas e todo mundo ao seu redor batendo palmas foi indescritível. Ele estava tão, tão feliz.

E um novo medo acabou sendo desbloqueado. E se Rafael quiser se aproximar do meu filho nessa altura da vida? Ele já se acostumou a ter só a mamãe porque o papai viajou pra muito longe e não sabe quando vai voltar.

Sim, eu menti, mas o que eu poderia dizer pra uma criança que aos três anos perguntou onde estava o seu papai?

Eu já estava preparando meu psicológico pra quando ele crescesse mais um pouquinho e essa conversa viesse à tona.

Mas agora não é o momento. Agora não. Eu não me preparei o suficiente.

E outra, eu não quero o Rafael mais nas nossas vidas. Ele não quis saber quando o Liam nasceu. Tinha todas as chances de vê-lo, pelo menos participar da criação e educação dele. Mas, provavelmente, ele misturou tudo e penalizou meu filho sem ele ter culpa.

–– O primeiro pedaço é da mamãe. –– Liam entrega-me o bolo e beija meu rosto.

–– O segundo, Liam? É da vó Nita ou da sua tia favorita Dine?

–– É do meu pai, tia Dine. –– Ele me entrega outro pedaço. –– Mãe, bota na geladeira pra não ficar ruim. É do papai, quando ele voltar.

Puxei o ar três vezes controlando minha vontade de chorar. Apenas sorrio e beijo sua cabecinha. Todos olham pra mim, como se perguntassem silenciosamente se eu estava bem, apenas assinto.

Depois que distribuímos bolo e lembrancinhas, liguei para os pais das crianças para que elas viessem buscá-las. Coloco o celular no bolso e fico olhando o Liam brincando de correr com seus amiguinhos.

–– Ficou nítido que você ficou sem jeito, Isis. –– Letícia me oferece um copo com suco. –– Foi difícil fazer a Kate entender que tinha duas mães no início. Eles são tão pequeninos pra absorver essas coisas de gente grande não acha?

–– O pai do Liam apareceu aqui. –– Desabafo. –– O que ele quer perto da gente? E se ele exigir conhecer o Liam? Eu não posso negar, mas também não queria que ele ficasse perto de um filho que ele ignorou por cinco anos.

–– Eu conheço um bom advogado, caso precise. Ele não possui direito algum de se aproximar do Liam se soube da existência dele e nunca quis procurá-lo antes. –– Ela afaga meu ombro. –– Estamos indo que a Kate está mais suja de que pano de chão. Obrigada pelo dia incrível. O Liam é um sortudo por ter uma mãe incrível como você.

Você é o meu prêmioOnde histórias criam vida. Descubra agora