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Um filho? Como assim de uma hora pra outra eu sou pai? Como que minha vida pode ter ido de zero a dez tão rápido?

Quando saí do escritório de Maria Isis, o garoto estava cercado de mulheres e mostrava um cavalinho de pano para elas.

–– Já vai, moço?

–– Vou, sim. Até logo, pequeno.

Ele dá tchau e eu saio antes que ele veja que eu iria chorar. Por sorte, as lágrimas só caíram quando passei da porta.

Eu estava tão desnorteado que não lembrava nem onde tinha deixado meu carro. Segundos depois, segui em direção ao meu carro. Minha vista tava embaçada e meu peito estava apertado.

Sentei em frente ao volante e encostei minha cabeça nele. Eu tenho um filho. Meu Deus, eu sou pai de um garoto de cinco anos!

Quando consegui me controlar, respirei fundo e coloquei o número de Amanda pra chamar. Na primeira tentativa não deu certo, ela não atendeu. Na terceira deu certo.

–– Amanda, você só vai me ouvir e quando eu perguntar a você a verdade você vai responder apenas a verdade.

–– Hum... Certo.

E eu falei. Falei tanto que senti minha garganta secar. E ao final, fiz a pergunta mais importante e decisiva na minha vida agora.

–– Amanda, você escondeu de mim a existência do meu filho? No dia que Maria Isis me ligou pra falar do meu filho, você escondeu de mim a informação mais importante da minha vida por causa da ideia louca de que isso atrapalharia uma futura relação entre nós?

–– Você deveria olhar sua rede social principal, Rafael.

–– Amanda, não me faça repe...

–– Eu acabei de anunciar que estamos grávidos, Rafael. Ao contrário da Maria Isis, eu quero que você acompanhe cada momento do nosso filho. Cada exame, cada chute, cada roupa comprada, cada detalhe do quartinho. O que Maria Isis fez, Rafael, foi se arrepender no último momento, quando toda chance de você acompanhar a gestação tinha acabado, e ela viu que a idiotice dela poderia custar caro pra criança. Porém, eu fui egoísta e não queria que você fosse tolo o suficiente pra acreditar no arrependimento dela. Era óbvio que ela não estava arrependida, era nítido que ela estava te contando só por desencargo de consciência e você iria interpretar como se ela tivesse pedindo pra vocês ficarem juntos novamente.

–– Amanda –– Respiro fundo. –– Eu vou desligar esse telefone e falarei com você uma outra hora. Apenas...aguarde.

Isso não pode estar mesmo acontecendo. Não pode, não pode, não pode...

Eu descubro no mesmo dia que sou pai de duas crianças? É demais pra minha cabeça. Preciso pensar.

Volto para o hotel e peço na recepção pra enviarem algumas bebidas para o meu quarto. Jogo-me no sofá e tento controlar essa vontade de sair correndo que nem um louco.

A desgraçada da Amanda escondeu a existência do meu filho por causas egoístas e agora a mesma desgraçada está grávida de um filho meu. E claro que eu exigirei exame que comprove que é realmente meu, mas tudo indica que sim. Nossas relações sexuais, por pouquíssimas vezes, eram desprotegidas. Ela sempre me disse que tomava os anticoncepcionais direitinho e fazia visitas regulares ao ginecologista.

Eu passei todos esses anos longe do meu filho, longe da única mulher que eu amei nessa vida toda, por causa do fodido egoísmo de uma mulher que agora tem um filho meu na barriga.

Como vou matar Amanda agora? De que jeito posso apertar seu pescoço se fazendo isso posso prejudicar uma vida inocente, que eu mal acabei de saber da existência, mas amo com toda minha vida?

Você é o meu prêmioOnde histórias criam vida. Descubra agora