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Eu estava super sem graça. Todos ansiavam minha resposta e eu apenas assenti. Coloquei alguns brócolis na boca tentando mostrar que eu estava ocupada demais para possíveis questionamentos que poderiam surgir.

–– Eu estou super animada para a festa mais tarde. –– Suze bate na mesa assustando a todos. –– Alguém aqui curte gin tônica?

E, graças a minha querida amiga, o assunto mudou para bebidas. Olho para ela e agradeço apenas com o olhar. Ela pisca um olho para mim e sorri. Como eu amo essa garota!

Depois do almoço, alguns foram dormir um pouco e outros escolheram curtir a piscina. Eu fui uma dessas. Eu, Maurinho, Suze e Ícaro trocamos de roupa e nos jogamos na piscina com a água já aquecida. Apesar do solzão, estava um pouco frio. Ninguém quis arriscar se jogar na água gelada.

Eu e Suze nos divertíamos fazendo stories juntas. Acho que eu esqueci de dizer que somos estudantes e blogueiras de moda. Na verdade, eu era. Como não vou voltar para o curso preciso mudar minha biografia no meu perfil.

–– Odeio quando você faz essa carinha, Isis –– Ela me aperta e chacoalha. –– Vamos lá! Animação!

–– Não vou mais poder trabalhar com moda no meu perfil. Nem o curso vou terminar. Quando eu penso nisso me sobe um ódio do meu pai... Urgh! –– Bato na água espirrando-a para todos os lados.

–– Sua vaca! Agora você vai ver!

Suze entendeu como uma pirraça e começou a jogar água em mim. Decido revidar na mesma proporção e aquela piscina ficou pequena para tanta diversão. Os meninos acabaram entrando na brincadeira também.

Notei que Ícaro ficava lançando uns olhares de quem tá querendo beijar minha boca e eu resolvi devolver os olhares na mesma intenção. O cara é maior gato, sorrisão, alto e simpático. Eu tenho mesmo que perder tempo?

Quando eu crio definitivamente coragem de me aproximar dele na piscina, uma bomba atômica é lançada entre nós, nos separando. Bomba essa que emergiu e sorriu com ar debochado para mim.

–– Pensei em me divertir com vocês. Tudo bem, Isis?

–– Ah, claro. Fique à vontade. A piscina é sua, afinal.

Todos olharam para mim, não entendendo patavinas do tom irônico que usei, mas eu fingi que nada fiz. Ele claramente jogou-se entre mim e o Ícaro para afastar-nos. Se ele quer que role algo entre a gente agindo que nem um garoto mimado dessa forma, sinto muito dizer, mas nada terá da mamãe aqui.

Eu não sou propriedade de ninguém para disputarem quem fica comigo. Na verdade, eu sou de quem eu quiser. Pelo tempo que eu quiser. Amo minha liberdade de escolha e espero continuar assim por muito tempo.

Maurinho e Suze resolvem afastar-se; foram fazer videochamada com a mãe histérica e preocupada que eles tem. Ícaro avisou que iria tentar relaxar um pouco e saiu da piscina também.

Restando apenas eu, numa extremidade da piscina, e Rafael na outra. Ele mergulha e vem em minha direção. Deus, ajude-me. Não quero ceder a esse arrogante de cara. Apesar de muito gato.

–– Você é ranzinza assim com todo mundo ou só com quem tá afim de você?

Uau! Mais corajoso do que o Ícaro. Tá ai, gostei. Apenas sorrio como resposta. Adoro ser enigmática.

–– Espero te encontrar na festa antes de ficar muito bêbado. Quero lembrar de tudo que podemos fazer juntos, se você quiser.

–– Mas é um idiota metido mesmo.

Ele gargalha perante minha resposta atrevida, mas eu só consigo focar nesse belo sorriso em minha frente. Eu quero o número do dentista dele. Espera ai, quero não. Eu não tenho dinheiro para isso. Merda!

Conversamos um pouco até Suze e Maurinho retornarem. Resolvo sair da piscina e Suze me acompanha. Quando estávamos dentro do quarto, Suze foi logo me cutucando e perguntando o que estava rolando entre mim e o Rafael. Suze, como sempre, muito fantasiosa.

–– Você fala como se eu já fosse casar com o cara amanhã, amiga. Sai dessa! Você nem é assim.

–– Mas sei que você é. Por isso tenho que cuidar de você. –– Faz bico. –– Minha amiga é romântica, mas a melhor amiga dela a protegerá.

–– Minha melhor amiga é muito doida, isso sim! Você arruma meu cabelo? Tô com uma preguiça...

Ficamos no quarto até a hora do início da festa. Olho o celular para ver se tem alguma mensagem importante, mas não tem nada. Nem do meu pai, nem da minha mãe. De ninguém. Melhor assim.

Eu e Suze curtimos estilos bem diferentes de roupas. Suze é bem patricinha, louca por cores claras e combinações românticas. Eu amo vestir cores fortes e modelos ousados.

Olhando as duas produzidas para a festa nitidamente eu pareço que vou a uma das baladas mais movimentadas da cidade e Suze parece que vai a um encontro de universitários em um barzinho. É bem engraçado.

–– Hoje eu quero beijar no mínimo sete. Espero que você não dê muita moral pro Rafael. Ele vai ficar se achando se você ficar arrastando asa pra ele. Homens são assim.

–– Para com essa história de Rafael, Suzane. Eu quero beber e me divertir. Pelo menos enquanto ainda posso. Vamos descer?

Nós duas resolvemos usar botas ao invés de saltos e foi a melhor ideia que tivemos. A região ao redor do casarão é de terra socada e não combinaria em nada com saltos. Principalmente depois de várias doses.

Suze já estava de olho em um convidado e nós mal pisamos na festa. Eu ainda me impressiono com a rapidez que essa garota tem em flertar com os homens.

–– Primeiro cinco doses e três músicas e só depois você me abandona pelos seus machos. Ok, Suzane Valadares?

–– Ok, Maria Isis Gusmão.

Suze sempre começa a beber com bebidas fortes, então pede uma dose de tequila. Eu não tenho o estômago tão forte, então peço um coquetel de fruta com vodka.

–– Você viu que aquela tal de Amanda ficava olhando torto pra você? –– Cochicha, mas sem me olhar.

–– Despeita feminina. Não suporto isso. Poderíamos todas sermos unidas, mas existem essas que gostam dessa rivalidade sem justificativa. Eu hein!

Enquanto fofocávamos, Rafael surgiu ao lado de um outro gostosão que eu ainda não tinha visto. Só que ele não conseguiu roubar o brilho que envolvia o dono da festa.

Como que os homens ficam tão charmosos vestindo suéter? Se eu colocar fico parecendo um saco de batatas. Se muito eu tenho, no meu guarda-roupa devem ter dois suéteres. E eu só uso em época natalina.

Enquanto eu divagava, não tinha notado que estava olhando fixamente para ele. Suze sussurrou avisando-me. Rafael olhou de volta e eu, para não parecer uma idiota, peguei minha taça e brindei no ar em forma de cumprimento. Ele riu e voltou a falar com as outras pessoas.

–– Você está pagando de apaixonada, Isis. Você já foi mais difícil. O que foi? O cupido te acertou e finalmente você vai dar?

–– Você sabe que eu nunca me apaixonei. Não vai ser agora que isso vai acontecer, com tantos problemas desmoronando na minha cabeça. –– Termino minha bebida. –– Vou de gin agora. Você quer?

–– É óbvio!

Eu já tinha bebido bastante, mas não tinha dançado. A pista tinha sido liberada e eu arrastei Suze para o meio. Fora nós duas, umas dez pessoas também estavam dançando. Mas parecia que nós éramos o centro das atenções.

Riamos e dançávamos feito loucas, sem ligar para o que falariam. Eu queria extravasar, deixar sair todo estresses desses últimos meses. Já que não tem dinheiro para SPA, o jeito era dançar e beber.

Três músicas depois e eu já necessitava de mais álcool. Suze avisou que era a hora dela se divertir com o sexo oposto um pouco. Pedi que ela tomasse cuidado e se protegesse sempre.

Peguei um drink e fiquei observando a movimentação intensa que estava naquele lugar. Tudo uma loucura!

–– Estava procurando por você. –– Rafael senta ao meu lado.

–– Por quê?

–– Pra festa realmente começar pra mim.

Você é o meu prêmioOnde histórias criam vida. Descubra agora