Ps - Lisa

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Como estão as coisas, minha filha? Está se alimentando bem?

- Está tudo bem. - Sorrio, me sentando na cama. - Sempre comi muito bem. A senhora sabe. E a Tana? Como está?

- Tana está ótima. Estudando. Está tirando boas notas...

Sorrio, sentindo um aperto em meu coração de uma forma absurda, saudades de ver o sorriso largo dela, que lembra tanto a nossa a mãe.

Diferente de mim, ela se parece muito com nossa mãe, desde os cabelos loiros, ao modo doce e gentil. Gabi vai fazer aniversário em breve. Sinto tanta saudade.

- Estou com saudade, tia. Muita.

- Nós também, amor.

- Mande um beijo pra Tana. Tentarei ligar mais cedo... - Olho para o relógio, me deitando a cama. - Já são quase dez da noite aí.

- Lalisa

- Oi, tia Vera...

- Ele contratou um detetive para nos achar.

Meu coração dispara de imediato e me sento, segurando o aparelho fortemente nas mãos.

- O quê?

- Betânia, aquela nossa antiga vizinha, me ligou. Ele esteve lá hoje de manhã, está a nossa procura. - Sua voz sai arrastada e um pouco preocupada. - Ele disse que quer ver vocês duas, e ela acabou contando que você saiu do país e eu fiquei com a Tana.

Engulo em seco, balançando a cabeça.

- E se ele conseguir a guarda dela, Lisa? Se ele nos encontrar?

- Nunca. Ouvia, tia? Ele não vai nos tirar ela. Eu vou trazer vocês duas para cá e vamos ficar longe, de uma vez por todas, desse homem!

Passo a língua pelos lábios e as mãos pelos cabelos ainda úmidos.

- Não quero que fique nervosa, estamos bem.

- Ele nunca irá nos encontrar, tia. Eu juro.

- Eu sei, meu amor. Te amamos muito. Fique com Deus.

Fecho os olhos, suspiro e sorrio.

- Eu também amo vocês. Mais que tudo.

Finalizo a ligação e coloco o celular no colchão.

Sinto minhas mãos tremerem de uma raiva, que jamais achei que pudesse sentir por um ser humano, e não é pelo fim do casamento dos dois. Foi pelo modo que tudo aconteceu.

Do homem mesquinho e cruel que ele se tornou, do quanto o dinheiro passou a ser o centro do seu mundo. O quanto ele se tornou ganancioso e manipulador.

Ele poderia ter ido embora e não voltar nunca mais.

Mas parece uma assombração, pronto para me atormentar.

Quero distância do Michael.

Saio da cozinha segurando um prato com sanduíches e um copo de coca-cola bem gelada. Me sento, pego o controle e aperto o play. O sono foi embora, e com ele toda minha noção de que vou precisar acordar cedo para ir trabalhar. Mordo o pão, com queijo derretido e salame.

Está delicioso para caralho.

Igual o Jungkook.

Abano a cabeça, beberico a coca-cola gelada e mordo o lábio, suspirando.

Desejo proibido (Liskook)Onde histórias criam vida. Descubra agora