Capítulo 6: Transformação.

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Olá, meus amores.

Era como ser queimado vivo, os seus músculos doíam tanto que pareciam sair do lugar e se deformar, mas ali estava ele, ainda vivo. O seu sangue ferveu como se um veneno mortal o percorresse, ele odiava aquela sensação dolorosa, cada transformação era muito pior que a anterior, parecia que alguém sádico estava torturando-o com chicotes fervidos e venenos para ver até onde ele aguentava a dor, cada pontada de dor latejante parecia apenas aumentar.

Por que? Talvez fosse por que ele não tivesse ninguém para ajudá-lo? Era a primeira vez que ele lidava com uma transformação sozinho, toda transformação ele tinha Greyback para ajudá-lo á não atacar ninguém, doía terrivelmente, as suas costas arquearam quando os ossos quebraram e aumentaram de tamanho. Ele sentiu o gosto metálico de sangue em sua boca ao morder a língua, provocar uma dor em si próprio para não atacar um inocente era o que ele poderia fazer. Se ele atacasse alguém se sentiria culpado pelo resto de sua vida, a dor o ajudava a ter controle.

A sua pele se rasgou, dando lugar á pelos ásperos e negros ensanguentados, pelos escuros como a noite, ele caiu ajoelhado no chão, mordendo os  lábios para conter um grito selvagem de dor, a testa encostada na grama, a sua respiração rápida e dolorida. Após alguns minutos Harry estava gritando e uivando de pura e completa agonia enquanto o seu corpo se contorcia em pura dor, o suor entrando em seus olhos, fazendo-os arder e queimar.

Controle-se, controle-se, controle-se, pensou irritado consigo mesmo, cada transformação era mesmo dolorosa e lenta como uma sessão de tortura, tentou respirar fundo para manter-se são, socando o chão com toda a irritação, a dor ia sumir na manhã seguinte, quer dizer iria diminuir, não sumir pois ainda sentiria algumas dores, ele iria se controlar depois, ou pelo menos era o que ele desejava.

Harry sentiu as suas unhas crescendo e se tornando garras afiadas, ele poderia cortar gargantas com aquelas garras se não se controlasse. Mesmo depois de dois anos, manter o controle era difícil, ele não nasceu sendo lobisomem, então era mais difícil para ele do que para os nascidos lobisomens, cada transformação trazia uma dor quente e horrivelmente intensa.

Ele arfou quando a dor finalmente cessou, se transformando em um lobo totalmente negro, tinha um focinho longo, algumas manchas no pelo que eram cinza escuro, o pelo era escuro ao ponto de se camuflar á escuridão daquela noite, os olhos dourados eram vazios e animalescos, brilhavam muito também, a sua visão era ótima na noite de lua cheia, podendo ouvir, ver e cheirar coisas muito distantes porque estava atento, o lobo uivou para a lua, seu lado animal tomando conta de seu corpo e correndo liberto pela floresta.

Madame Pomfrey tinha recomendado á Harry que ele tomasse uma poção chamada Wolfsbane, ele não quis, aquela poção era péssima, a única coisa que ele tinha que fazer era sobreviver á transformação. Não era tão ruim ou difícil assim. E aquela poção era um dos venenos que Dumbledore havia usado para "domesticá-lo" antes, e ele não queria ser um cachorrinho do velho novamente, não de novo.

Correr era um alívio, as suas patas macias eram silenciosas ao bater na grama e pedras, Harry não precisava de mais nada além daquela liberdade deliciosa de correr por onde queria. A liberdade de não ter problemas e estar sossegado. Apenas instinto e paz.

Ele parou farejando, curtindo o silêncio da floresta escura. Ele se aproximou de um riacho, bebendo um pouco de água, sua garganta estava seca e dolorosa por causa da dor quente de antes.

Uma pessoa só poderia se transformar totalmente em um lobo se aceitasse que era um. Ele tinha aceitado isso há um ano. Se não seria aquela transformação deformada entre um humano e um lobo como acontecia com Remus Lupin. Aceitar-se era o início de tudo.

Harry era o lobo.

Ele perseguiu alguns animais noturnos, de vez enquanto deitando na grama macia e descansando para voltar á correr depois de alguns minutos. Harry estava agitado, precisava se cansar o máximo possível para que pudesse ficar melhor na manhã seguinte, assim ele ficaria satisfeito, por mais que se aprofundasse na floresta proibida, ele não se perdia, ele tinha um ótimo senso de direção.

Harry estava exausto, deitou na grama, fechou os olhos e dormiu por alguns minutos. Ele precisava de um descanso, poucos minutos depois estava caminhando de volta para o castelo.

Ele respirou fundo, olhando a lua no céu.

Era tão solitário.

Parecia que ele não tinha ninguém com quem contar e era a verdade.

Ele estava sozinho para lidar com a lua cheia e com tudo o que viria á seguir, ganiu infeliz com esse pensamento. Bem, pelo menos futuramente Harry teria os gêmeos, eles o amariam e Harry cuidaria de Fred e George, eles seriam uma família feliz.

Harry dessa vez seria feliz.

Harry voltou á Hogwarts, ele usou uma das passagens secretas para entrar, vestiu a capa de invisibilidade e finalmente entrou no dormitório, indo tomar um belo banho de água fria, sempre o ajudavam á relaxar um pouco e ele diria que até aliviava um pouco as dores que ele sentia.

Era cinco e meia da manhã.

Harry vestiu um pijama macio e confortável, deitando devagar na cama, sua pele estava vermelha e lustrosa e ainda doía muito também. Cada movimento fazia-o sentir dor e agonia.

Estava cansadíssimo, o seu corpo ainda estava se regenerando da transformação agonizante, porém ele ficaria bem depois de um tempo.

A dor passaria...

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Até o próximo capítulo, meus amores.

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