Last Chapter

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Um mês, 30 dias, 720 horas, 43200 minutos.
Respire, tá tudo bem, você consegue, respire fundo e se acalme.

Faz um mês, um mês que enfrentamos o Vecna, um mês que eu me "casei" com o amor da minha vida, um mês que o perdi.
Tem sido difícil pra todos, Dustin não consegue olhar para os dados de D&D e o tio de Eddie mal saí de casa. Eu precisei dar o luto pra ele, e foi de longe a coisa mais dolorosa que eu já fiz na minha vida.

Quanto a mim? Só tenho feito o básico e todas as oportunidades que tenho, fico dentro do meu quarto. Não preciso ouvir que está demais e que não passamos muito tempo juntos, não preciso ouvir que não o conhecia. Não precisa ouvir da minha mãe que foi melhor assim. Se ela soubesse... Se essa cidade de merda soubesse.

Steve e Robin vem me visitar todos os dias depois do trabalho, eu não trabalho mais na locadora, na real, nem existe locadora. Infelizmente o plano do Vecna tinha dado certo de alguma forma. Minutos depois que saímos do mundo invertido, um grande estrondo pode ser ouvido e dos locais onde as mortes aconteceram, se abriram rachaduras enormes que ligavam os mundo. O "terremoto", como decidiram chamar, acabou com ela. Eles agora trabalham no grupo que está ajudando as famílias desabrigadas. A cidade nunca vai se reerguer, a verdade é essa.

Lucas, Will, Mike, El, Nancy e Jhonatan revezam quem ficava com a Max no hospital, ela não morreu, mas está muito mal. Ainda não tive coragem de ir vê-la, pois me culpo por não ter conseguido salva-lá. Eu prometi a ela, eu disse que ficaria tudo bem.

Os caipiras de mente fechada decidiram que seguir a vida era a melhor opção para lidar com tudo o que aconteceu, por isso hoje era a colação de grau da turma de 86 do colégio e o baile seria um grande evento, estavam vendendo ingressos e o dinheiro seria para ajudar a reerguer a cidade, como se fosse possível.

Na noite passada Steve passou aqui, disse que me pegaria para irmos juntos, mas eu não dei certeza se ia, na verdade não disse nada, apenas me controlei para não chorar e dar mais certeza a todos de que eu não estava melhorando, porque não tinha como melhorar, mas eles insistiam em dizer que tinha.

Eu estava na cama quando escutei a porta do meu quarto de abrir devagar, Dustin entrou e trouxe um prato de comida, ele o deixou sobre meu criado mudo e não disse nada, apenas se sentou na minha cama e eu pude ver os ombros dele balançando. Ele está a chorando.

-Dustin... não, por favor.

Me sento na cama e o puxo pra um abraço, ele desaba completamente e me abraça apertado.

-A culpa foi minha Lou, eu não consegui tirar ele de lá a tempo, eu não consegui fazer ele subir...

-Dus, você não tem culpa de nada. Sabe que ele não teria mudado de ideia por nada no mundo.

-Se eu tivesse ido atrás dele, talvez eu tivesse conseguido impedir.

-Não Dus, seria pior. Eu perderia vocês dois...

O abraço ainda mais apertado e começo a chorar. Eu achei que a coisa mais difícil que eu já tinha passado na vida, foi enfrentar o devorador de mentes, mas ali depois que perdi o Eddie, percebei que ser controlada não passava de uma formiga perto do que eu estava enfrentando agora. Perder o meu namorado, o amor da minha vida sem poder dizer adeus, foi a dor mais escruciante que eu já tinha sentido na vida, e tenho certeza que essa dor seria impossível de aguentar se eu tivesse perdido o Dustin também.

-Eu preciso de você pra passar por isso. Eu não vou conseguir sem você.

-Eu estou aqui Lou, pra você. Pra sempre.

Ele se culpava por não ter salvado o Eddie, mesmo sabendo que não teria como.
Eddie tinha decidido não passar pelo portal, para atrair ainda mais os morcegos para longe, segundo ele para ganhar tempo. Quando Dustin conseguiu o alcançar, era tarde demais, e tudo que ele conseguiu foi prometer que cuidaria de todos. Acima de tudo de mim, e ele estava cuidando, como nunca antes.

A thousand tsurus and desire - Eddie MunsonOnde histórias criam vida. Descubra agora