Robin sempre foi o sol, acho que o próprio sol achava isso já que toda vez que ele pisava na escola tudo brilhava, dias chuvosos se transformavam em dias para correr fora de casa no parquinho. Seu sorriso sempre foi lindo, confesso, não tenho vergonha nenhuma de falar isso, a bandana na cabeça era um charme e ninguém conseguia ficar tão legal como ele. Falava algumas palavras em espanhol durante as frases e soava tão maneiro, todo mundo perguntava "O que você disse?" e ele: "Ah, mandei a merda", eu achava incrível. Nas brigas, então, queimava como fogo e reluzia, eram apenas alguns golpes para a pessoa perder, gritavam o nome dele, uma grande torcida, eu queria seguir seus passos.
Quem olhava de longe nunca imaginaria que eu e Robin éramos amigos, tão diferentes, mas tão iguais. Ajuda ele em matemática, Robin achava impossível aprender fórmulas e utilizá-las nas contas, não entrava na cabeça dele, mas sempre arrumava nota suficiente para passar.
Eu sempre fui a lua, brilhava do meu jeito, sou bom em matemática e me saio bem nas outras matérias. Eu sabia apanhar, agora sei apanhar, levantar e bater. Nunca gostei de violência, odiava ver aquele monte de socos e brigas, mas como Robin dizia "Um dia eu iria precisar me defender." e o dia chegou.
Depois da última ligação e de acabar com Grabber pude voltar a vida normal. Fora Gwen ninguém iria acreditar que falei com as vítimas do sequestro e que me ajudaram a escapar. As pessoas que me atormentavam agora tinham um pouco de medo de mim, até porque "quanto mais sangue, melhor para o público que te faz parecer forte". Pensei que iria seguir a vida normal, mas não aconteceu, não como eu queria. Toda noite, toda maldita noite eu esperava o telefone tocar, mesmo sendo o da minha casa, eu chorei várias vezes de tristeza, queria falar com eles, falar com ele. Dizer que assisti O Massacre da Serra Elétrica e que era realmente bom, não melhor que Operação Dragão.
Eu encontrei a bandana dele, não sei, acho que ele tem várias e agora eu carrego ela comigo, normalmente fica no meu bolso, mas às vezes, quando vou assistir algo que Robin gostaria de ver, eu coloco ela.
Mas eu preciso seguir.
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Finney caminhou até uma praça, não ficava tão longe da escola e muito menos de casa, mas queria aproveitar o dia chuvoso para conversar, não com Deus ou Jesus, mas com Robin, com seu melhor amigo. Poucas pessoas circulavam com esse tempo, principalmente crianças e adolescentes, assim podia conversar sozinho sem parecer louco, não que ligasse, havia sobrevivido a um psicopata e ia ligar se era ou não taxado de maluco? Não, Finney realmente não ligava.
Se sentou em um balanço, vermelho desgastado, fazia um barulho estranho, mas ignorou. O barulho do balanço junto ao da chuva e vento dava um ar sombrio, mas a cidade já tinha passado dessa época a meses. Meses, muito tempo se passou.
一 Hey Robin, como vai ai? Bem, tenho certeza que bem. Como vai Griffin? Bruce? Vance? Billy? Espero que estejam se divertindo e fazendo bagunça no céu. 一 sentiu a voz embargar, como se algo estivesse impedindo de continuar e os olhos lacrimejaram. 一 Sinto sua falta. Desculpe, dizem que não deve incomodar as pessoas que já foram, isso atormenta elas, mas eu precisava conversar. Não sei se você viu, acho que sim, só não podia responder, mas esperei você ligar, esperei todos vocês.
Se levantou enquanto falava. Não conseguia se manter parado, sentia que ia explodir ou pior ter um ataque de nervos. Começou a rodar os brinquedos, gangorra, gira-gira, escorregador, um tipo de brinquedo de escalar, mas não prestava muita atenção neles. O nariz estava escorrendo um pouco, a roupa estava um pouco molhada, mesmo que fosse apenas uma chuva fina e leve. Respirou fundo, puxou todo ar que conseguia para os pulmões para depois inspirar.
一 A verdade é que depois da última ligação eu não consegui continuar, eu tenho bons amigos e Gwen, sempre está aqui do meu lado, às vezes acho que ela tem medo que eu suma. Cheguei a conclusão que você, ela e Vance tem um neurônio parecido. 一 soltou uma risada no meio da voz chorosa 一 é difícil pensar que logo irei fazer aniversário, passar para um novo ano da escola e você, você parou, você não teve a chance de continuar, nenhum de vocês teve. Não vim aqui relembrar a dor de vocês, jamais, mas eu precisava falar uma coisa.
Respirou e inspirou de novo, limpou a garganta, fechou os olhos e sentiu todos os pingos que caiam, um pouco de frio. Colocou a mão no bolso e pegou a bandana, abriu os olhos e encarou o céu, começou a caminhar em passos curtos para frente, sem um rumo 一 fora a grade da praça, se desse passos tão longos.
一 Ta vendo isso? É seu, eu queria deixar claro, que eu nunca vou abandonar você, você não me abandonou no momento mais difícil da minha vida e agora eu não vou abandonar você, somos irmãos, amigos, colegas de pancadaria, pelo menos eu tento. Eu vou continuar andando com isso, eu só quero dizer que eu amo você, você foi um amigo nota infinita e se você está ouvindo isso de algum lugar quero que saiba, não sou o sol, continuo sendo a lua.
Falou a última palavra e caiu no choro, encarou o chão, com a mão estendida para cima, mostrando a bandana, encharcada. Enquanto olhava para o chão, para a grama-baixa viu algo que deixou sem peito estufado, achava que iria explodir de felicidade, sentimento ao qual raro enxergava em si, apenas em momentos curtos. Uma resposta.
O sol tinha aparecido, tão bonito e tão brilhante.
Para alguns era apenas o tempo mudando, mas para Finn era a prova que seu melhor amigo zelava pela sua segurança, que seu melhor amigo, seu sol, continuava ali pronto para brilhar, mesmo que do céu.
一 Obrigado Robin! Muito obrigado! 一 falou e dessa vez tinha começado a chorar, mas com um sorriso pequeno no rosto. Afinal, continuavam sendo Sol e Lua.
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Autora: Espero que a pessoa que é o meu sol esteja feliz, eu ainda sou a lua dela. Eu sinto sua falta!!
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Sol e Lua
Hayran KurguFinney conseguiu escapar de Grabber, com ajuda das vítimas dele, conversando por um telefone. Depois disso tudo, Finney tem que seguir, mas algumas coisas ainda o machucam e não pode continuar assim.