ETERNIZADAS.

22 - Mulheres e amantes.

"Te observo e agora eu sou a convencida. Te admiro, cuido bem todos os olhares, e mesmo com os olhos vermelhos, ainda me mantenho serena. Vamos ser sinceros? Não preciso ter insegurança, não enquanto essa mulher me olhar e deixar claro que é louca por mim, pelo meu toque, e que fica louca quando minha boca ganha vida própria. Somos um casal gostoso e carinhoso, de dia somos refúgio, somos a mulher uma da outra, mas quando a noite chega, viramos selvagens, famintas e claro, amantes uma da outra."

Mulheres e amantes.

Ela tem batido as pernas no chão, tem mexido os dedos de forma descontraída, o rosto marrento e meio tímido, como isso é possível? Como é possível ela ter duas personalidades? Tenho observado cada vez mais seu rosto, achado ainda mais atraente seus pequenos detalhes, e quando encontra meus olhos, sinto uma pontada forte, ainda não sei se foi no peito ou mais para baixo, ainda não sei que tipo de arrepio me pegou, mas pude sentir o perfume e os beijos molhados no pescoço. Ela me causa muitas coisas, entretanto, as mesmas ainda são confusas, ainda não sei se minha ansiedade vai de zero a cem ou se isso tudo é algum tipo de sentimento forte, ou se são ambos. Descendo os olhos posso enxergar seus lábios, pequenos, delicados, tão alinhados, e lá, sabendo como mexe comigo, abusando do poder, de saber que é a única que me tem na mão, ela morde, morde aquela deliciosa boca e me faz salivar, chorar como um cachorro que quer desesperadamente sair para rua e atacar uma carroça, como um cachorro querendo atenção, carinho, toque, e sabendo disso, um sorriso seguido de convencimento se faz presente por ali.
Ela é fantástica, fantástica como ninguém, ela tem uma voz suave, gostosa, e bonita, bonita com duplos e grandes sentidos confirmados pela terra, bonita como ninguém nunca viu, bonita como um privilégio, e quando sussurra aquelas malditas palavras, aquelas malditas palavras que não saem mais da cabeça, que me fazem revirar os olhos, enlouquecer, aquelas malditas palavras que me fazem rugir e me domam, que me fazem desistir totalmente de tentar lembrar daquela noite, porque elas fazem questão de me fazerem isso sem sacrifício nenhum. Ela é uma puta mulher de fases, ela me faz descobrir coisas que nunca imaginei de mim, ela me desvenda quando vai descendo lentamente, ela me faz desvendar um universo que não quero mais sair, e me faz passar o final de semana em Maldivas com aquela língua.
Aquela figura que conheço tão bem, agora está de pé, se despedindo dos seus negócios e vindo até mim, que lhe espero contente como uma criança, com a cabeça explodindo de informações, com meus olhos tentando pegar, enxergar o máximo dela que posso.
-Está tudo bem, querida?
Ajeitei o terno, fui subindo o olhar desde suas coxas, até seu decote, e levantando, encarei seu rosto de perto.
-Melhor agora, querida.
Sorrimos cúmplices, entrelaçando os braços, e caminhando para fora. Quero ser tudo para ela, a pessoa que ela vai querer contar, brincar, amar, dividir os problemas, as felicidades. Quero ser a mulher para seus dias, e amante para as noites.