53 - Festa e vazio.

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"Dizem que para superar o final de um ciclo, você precisa fazer novas memórias. Tentei fazer isso, tentei sair com amigos, e confesso que foi terapêutico, mas ainda te enxergo nos lugares, ainda penso que vamos nos esbarrar e meu coração acelerar, porque é o que tem acontecido ultimamente. Estou fugindo das pessoas, porque não quero te procurar nelas, não quero sentir que não são o suficiente, não quero minha cabeça sabotando tudo, só porque elas não sorriem, me olham ou beijam como você. Não é justo com elas, e nem comigo."





Festa e vazio.

Por que tu parece tão viva na minha vida? Por que não sai da minha cabeça? Bebi um pouco de tudo, fiz umas novas amizades, até dei uns beijos em umas garotas, mas cadê você? Cadê você aqui? Rebolando, sorrindo, brincando e me beijando como das últimas vezes? Por que você faz todas perderem a graça? Só queria estar focada, mas penso "Com ela encaixava" e tudo desmorona, porque até beijando, eu lembro de ti. Minha intenção hoje era viver uma diversão e tanto, te esquecer, encher a cara, e mesmo fazendo o possível, você ainda estava aparecendo. Não é que eu me forçasse a te lembrar, mas quando eu olhava elas, nenhuma era perfeitamente feita para mim, nenhuma me fazia perder o juízo, nenhuma tinha um olhar penetrante, nenhuma estava interessada em saber o motivo de escrever tantos textos ou histórias passadas de quando era criança, nenhuma delas era você.
Tua falta ainda me assusta, ainda fico morrendo de medo de viver te procurando e esse sentimento ruim não sumir, ainda morro de medo do meu olhar sempre te encontrar, morro de medo de não conseguir te tirar da minha vida, e esse medo me assombra quando pode, quando passo nos lugares ou quando meu pai faz o sagu que tanto gostava. É injusto você me fazer querer sonhar, me ensinar, me fazer acreditar em novos recomeços e acabar assim com o nosso, com todo esse esforço que tivemos, e é mais injusto eu não poder ir te abraçar, não poder te visitar, não receber esse sorriso ou essa risada escandalosa que dava quando minha piada era ruim ou quando fazíamos nossas inúmeras brincadeiras.
É injusto você ter ido, mas é mais injusto ter deixado tantas memórias boas, é injusto o universo não cooperar comigo, o universo fazer eu viver te vendo em tudo, esbarrando como nunca fizemos, é injusto nada suprir o vazio que deixou desde que foi embora.

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