ETERNIZADAS.

37 - Turbilhão de pensamentos.

"O medo nos assombra. Quando ficamos longe, sempre acabamos surtando, não sei se é porque vivemos nos sabotando, ou se temos tantos medos, que inseguranças começam a sufocarem até não darem mais. Entre essa loucura toda, me pego tentando enganar essa coisa que me engana, tentando fazer a gente desfrutar tudo que ainda podemos, e toda vez que te vejo, tenho certeza de que isso pode custar muito caro no futuro, mas que agora, vai valer muito a pena."

Turbilhão de pensamentos.

Me sinto errada o tempo todo, me sinto deslocada, outra pessoa, me sinto observada, intrigada e com medo, medo de viver da forma que sempre vivi, com medo de ser o que realmente sou, e isso me dói, mas o que mais me dói entre tudo, é saber que só me sinto assim quando você segura minha mão ou diz que vai me ver hoje. Sempre te imagino chegando com aquele seu jeito fechado, marrento, que me seduz, que me instiga, excita e quando me abraça, sussurrando no ouvido, me derrete completamente, o nosso início é uma obra de arte, mas o nosso fim, é sempre a poesia mais trágica. Não sei se quero ou se estou preparada para viver todos os meus dias assim, como se isso fizesse parte do cotidiano, como se isso fosse normal e eu tivesse o dever de aceitar, não sei se estou preparada para esse turbilhão de sentimentos que vão me acompanhar ao longo da jornada, não sei se mereço me sentir assim, depois de tanto aprender sobre quem sou.
É uma pena, uma pena isso estar acontecendo com nós, com o maior amor do mundo, uma pena as músicas tristes serem as nossas músicas, se encaixarem em cada verso das nossas linguas, a cada palavra que acabamos despejando sobre os resíduos que sobram de nós nos dias chuvosos. Não é complexo, só me dói ouvir a rádio, todas essas dedicações e não poder te dedicar, não poder te sentir, ser sentida, ser amada, sentir que, mesmo o mundo transbordando pessoas, ainda assim não somos as certas, ainda sim não vamos viver uma linda e grande aventura. Como eu queria que você tivesse noção de como isso me dói, de como isso quebra cada pedacinho do meu coração, de como me faz pensar tantas e tantas coisas que não queria, como me faz querer alcançar o impossível, pegar a lua na mão, guardar as estrelas no bolso e perguntar se você não quer sair comigo, se não quer recomeçar, tentar uma nova forma.
Gosto de lembrar nitidamente de tudo, dos sonhos, anseios, do que já viemos superando, dessas estradas e pessoas malucas, sabe? Que nos fazem distanciar e querer ficar no cantinho, sentadinha, sem querer ser notada, com medo de esbarrar com muita maldade, viver muita maldade ou só não querer se misturar, estar tão decepcionada de argumentar e acabar sendo da mesma laia. Engraçado que o infinito é pouco quando gostamos de alguém, engraçado que ele é raro, e difícil de ser conquistado, engraçado como tentamos e prometemos ao máximo tomar cuidado, e sempre acabamos nos machucando como se a ferida nunca mais pudesse cicatrizar. Me bate uma confusão agora, pois sabemos o que devemos fazer, infelizmente chegamos nesse ponto, mas temos tanto medo de perder uma a outra, eu tenho tanto medo de te perder, de saber que você vai ir, só que diferente dos outros dias, vai se perder e nunca mais voltar, isso me bate um desespero, porque não sei como te segurar, sinto que está escapando pelo meio dos meus dedos, que minhas mãos estão rasas, escorregando e você indo conforme os minutos se passam. Suspiro, abro novamente os olhos e te enxergo, está só com a minha camisa abotoada, dormindo um sono profundo e gostoso, você fica linda assim. Como pude, como consegui pensar nisso tudo enquanto deveria apenas te observar? Quando você abre os olhos devagar, me diz aquele doce "bom dia" e dá aquele seu sorriso, tenho certeza de que quero adiar essa dor um pouco mais.