39 - Monstro.

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"Você sempre foi boa, boa com as pessoas, plantas, animais, boa com o mundo, com esse seu coração gigante. Você sempre foi uma garota boa, e principalmente comigo, você sempre foi extraordinária, até quando o mundo me perseguia, quem estava lá? Quem estava lá me abraçando e falando que eu não era alguém ruim? Você, você estava lá e essa é a única lembrança que quero carregar desse tempo."





Monstro.

Acho que sou muito durona, ou me faço muito, nunca consigo admitir coisas simples, fáceis, só fujo dos assuntos e finjo que não me importo, mas me importo sim, e agora estou sentindo na pele, estou tremendo, arrepiada só de pensar no depois, porque você não está aqui e eu sei que não está, não adianta tentar esquecer, só consigo me sentir fora de casa, meu lar não veio até mim hoje, e é aí que descubro o quanto sinto, não só por ti, mas também pelo tempo passado, e tenho certeza que esse é um dos seus dons, deixar até os segundos gigantes.
Não posso enganar ninguém, você mesma sabe bem que meu truque não funciona quando se trata disso, quando envolve qualquer tipo de sentimento em mim, quando está em meus braços, e tudo bem, posso ser um pouco vulnerável, isso pode ficar em segredo? Entre nós? É que sabe, esse sorrisinho curto que dei, foi só tentando dizer que isso é vergonhoso, ficar tão exposta, mas se você me conhecer verdadeiramente, de peito aberto, assim, me sinto menos sufocada. Odeio esses meus jeitos, esses meus lados guardados, obscuros, rasos, essa cabeça que não decide se quer me acalmar ou matar, só que, quando te vejo me descobrindo e escolhendo abraçar, acolher, dar carinho do seu jeito estranho, sinto que não sou essa loucura, esse monstro todo, e te agradeço por isso, por me enxergar diferente, por me mostrar que posso ser diferente, que ainda não é tarde demais para dizer que sou mais uma alma perdida nessa imensidão indecifrável.

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