43 - Feridas.

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"Quando foi que nos desconhecemos? Quando foi que chegamos nesse ponto? Você acha que foi no início, eu acho que perdemos a linha no meio do caminho. É, e agora estamos separadas, separadas pela primeira vez em todos esses anos, e estou chocada, em prantos, te querendo aqui, não enxergando sentido em tantas coisas. Quando foi que quebramos com tudo? São horas sem conversar com você, e já estou em desespero, torcendo para que me mande uma mensagem, um sinal que nos mostre que esse não é o final, não o nosso."



Feridas.

Lembra das feridas que a gente sente que nunca vão cicatrizar? Estou começando a sentir que as mesmas vão voltar a fazer parte de mim, sentindo que aos poucos meu coração vai se despedaçar, ou já está acontecendo, não sei ao certo. Minha ficha não caiu, ao menos quando pareceu tão decidida, tão decidida que me doeu, aquelas nossas memórias bonitas registradas, o que faço com elas? O que faço com o tédio do domingo que teu sorriso matava? O que faço com aquela estrada e cama que decorei tão bem? Com o chuveiro quente e teu corpo que me envolviam? Com essas escritas perdidas nas minhas notas? Com a saudade de sentar na tua bicicleta e te beijar? Na correria da manhã cheia de briga e mãos dadas?
Não sei como continuar daqui, tínhamos um roteiro certo, mas ele se perdeu, você disse "Não me abandona", mas você me abandonou, e eu não estava preparada, não estava preparada para ser deixada assim, do nada, quando pensava que tudo andava bem, quando queria ser teu par na quadrilha, te pagar um churros, açaí, ser teu par xadrez na festa da escola, no time do futebol, nas quintas-feiras que disse que viria pra cá, que viria depois da aula, que me levaria para um café naquela prainha. E agora, meu bem? Por que nunca decidimos nada sobre esse ponto? Eu te falei que nossas brincadeiras sobre términos não aconteceriam, mas agora queria que acontecessem.
As horas se parecem infinitas, tenho certeza de que esse final de semana será o mais longo da minha vida, que vou tentar ser o mais fria suficiente, para que, não fique tão nítido que você me destruiu, que estou sentindo na pele o que é ter te perdido, tem muito de ti em mim, e essa é minha única certeza, espero, de verdade, que tenha muito de mim aí, que tu não esqueça de olhar a lua antes de dormir, de lembrar das palavras e piadas, que tu não esqueça que, algum dia, vivenciou um pouco de um amor bom, e que também teve a chance de desvendar um pequeno infinito, o nosso único e pequeno infinito.

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