capítulo 69

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Cecília 

         "Cinquenta dias depois"

A ONG estava agitada hoje, as crianças corriam pra todos os lugares e era até bom pra minha cabeça toda essa bagunça, bom que me destraia um pouco.

Resolvi voltar pra ONG quando percebi que ficar em casa vendo nossas fotos e chorando só ia me machucar mais e graças a Deus o diretor me aceitou de volta e entendeu meu lado.

Eu virei o centro das atenção aqui na comunidade, por onde eu passo as pessoas me olham e comenta alguma coisa, algumas pessoas até chegaram a me parar na rua e desejar forças e eu apenas concordo com a cabeça e agradeço, galego falou que vai ser assim por um tempo até eles esquecerem.

Falando em galego todos os dias ele vai lá em casa depois de sair do serviço dele e leva lanche pra mim, diz ele que tem medo de me deixar sozinha e eu fazer alguma burrada.

Ele fica até eu dormir e depois vai embora, e isso se repete todas as noites, ficamos conversando sobre o morro, ele me conta algumas fofocas que ficou sabendo e sempre finalizamos a conversa comigo chorando de saudade do Felipe.

Eu estava certa em relação aos meus objetos infantis, eles estão me ajudando tanto a passar por tudo isso.

Galego ficou confuso depois que me viu usando chupeta mas nao me julgou e muito menos criticou, segundo ele eu pareço mais fofa ainda quando uso coisas infantis.

Termino de ajudar um menininho de se trocar pro jogo dele e vejo seu sorriso de agradecimento, suspiro feliz e um pouco cansada do dia agitado.

Escuto meu celular tocar e pego ele vendo o mesmo número que tem me ligado a uns três dias direto, só que sempre que eu atendo é a mesma coisa, passa três segundos a pessoa desliga.

Bufo cansada e atendo a chamada levando o celular até a orelha e me afasto do pátio onde as crianças estão brincando pra poder escutar melhor.

-alô?- pergunto e a chamada continua muda. Me estresso dessa brincadeira e acabo sendo grossa com a pessoa do outro lado da linha. - eu vou bloquear o número se você não falar nada.- respondi brava e escutei uma risada abafada do outro lado da chamada.

Deve ser algum bobo passando trote.

-olha, para de me ligar, já perdeu a graça, está me incomodando.- respondi realmente brava, últimamente minha paciência está cada vez menor.

-que isso branca é assim que tu me trata?- ouvi a voz debochada dele e senti meu mundo parar.

Olhei pro celular novamente pra ter certeza que eu não estava ficando louca e vi que realmente estava em ligação.

-que brincadeira de mal gosto é essa? Isso não tem graça.- falei pra pessoa, meu coração estava acelerado por causa da adrenalina.

-eu te amo e logo te ligo de novo pra te explicar tudo, nao fala pra ninguém sobre a ligação, você é minha vida e eu tô morrendo de saudade de você, te amo criança.- disse tudo isso e logo desligou a chamada.

Senti minha pressão cair e tive que me sentar na cadeira que tinha ali pra não acabar me machucando, minha cabeça estava uma bagunça e eu não conseguia assimilar oque estava acontecendo.

Olhei em volta vendo algumas pessoas me olhando estranho e decidi que como já estava quase no horário de ir embora eu vou ir mais cedo, preciso da minha casa pra tentar entender oque acabou de acontecer.

Afinal, o amor da minha vida está morto ou não?

{Até a próxima}

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