capítulo 39

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Cecília

-Eu recebi uma ligação alguns dias atrás.- comecei.

-uma ligação?- perguntou, apenas concordei com a cabeça. - ligação de quem?

-da minha mãe.- suspirei ao dizer essas palavras.

-isso é bom ou ruim? - perguntou não entendendo.

Seria bom se minha "mae" fosse uma pessoa boa, se ela fosse uma mãe amorosa e carinhosa como todas as outras mães, só que minha mãe não é assim, ela é ruim, e me odeia por algum motivo que não conheço.

Marta sempre deixou bem claro que não me queria, e que eu era um peso em sua vida, desde que me entendo por gente tive que "trabalhar" pra poder comer pois ela não me dava comida e quando dava era muito pouco.

-isso é ruim.- deitei minha cabeça em seu ombro.

-quer me contar o porque? - ele me perguntou.

-ela não gosta de mim e por isso me maltratava e não me dava comida. - disse triste.

-ela te batia?- Felipe perguntou enquanto passava a ponta dos dedos em meu cabelo.

-sim, ela e meu padrasto, quando os dois bebia muito, ela descontava suas frustrações em mim e ele ajudava ela.

-porra.- disse me apertando.

-eu fugi de casa com quatorze anos, eu morava em Minas e um dia eles chegarem em casa transtornados e começaram a me bater, eu apanhei tanto aquele dia que pensei que iria morrer, nunca senti tanta dor na minha vida, quando eles terminaram e foram para o quarto eu corri pro banheiro mesmo com muita dor, tomei um banho gelado e tomei alguns analgésicos. - desabafei pra ele.

-como que você conseguiu chegar aqui princesa? Você só tinha quatorze anos.- disse indignado.

-eu... eu comecei a trabalhar com dez anos, no começo parecia um serviço bobo mais me ajudou muito. - Felipe se levantou comigo da cadeira e foi até o sofá que tinha ali, ele se sentou e me aconchegou em sua perna.

-que tipo de trabalho uma criança de dez anos faz Cecília?- perguntou tentando nao parecer bravo.

-eu limpava uma quitando que tinha perto da minha casa, todos os dias ao final do dia eu ia lá e varria e jogava fora algumas frutas que estava ruim, eu ganhava cinco reais por dia.- disse orgulhosa, apenas de muito novo sempre fui esforçada, apesar das circunstâncias.

-ele te explorava meu amor.- disse olhando em meus olhos.

-era a única forma de ganhar dinheiro tendo dez anos Felipe.- disse abaixando o olhar.

-eu sei meu amor, eu sei.- suspirou. -continua

-depois de Quase um ano eu arrumei um outro serviço, eu já estava com onze anos, era de faxineira e eu ganhava setenta reais por mês, Dona Lúcia me ajudou muito, me dava oque comer e muitos concelhos.- disse me lembrando da senhorinha.

-voce era só um bebezinho.- disse ele me ninando.

Ele não parecia bem, estava nervoso e se mexendo toda hora, não quero perguntar mais ainda a cabeça dele, oque passou passou.

-tudo bem, tudo isso já passou e agora estou aqui com você.- disse sorrindo pra ele.

-isso não muda os fatos Cecília, não tem como estar tudo bem, olha tudo oque você passou.- disse.- continua a contar.- falou sério.

-depois de quatro anos trabalhando na quitando e na casa da dona Lúcia eu consegui juntar um bom dinheiro, eu guardava dentro do meu colchão, ele era meio velho mais ajudou muito a guardar tudo, depois chegou o dia em que minha mãe me bateu aí eu fugi, comprei uma passagem e por sorte naquele dia eu consegui viajar no ônibus sem pedir documentos.- Felipe me pois no sofá e foi até a mini geladeira que só notei que ela estava ali agora.

Ele pegou uma coca de latinha abriu e me entregou, puxou sua cadeira e se sentou em minha frente.

-qual foi o motivo da ligação?- pergunto

-ela disse que iria vir atrás de mim e ia me levar embora, disse que eu iria me arrepender por ter fugido e que por minha causa meu padrasto foi embora.- suspirei triste.

-olha pra mim, ela não vai te levar embora, quando ela por o pé aqui eu mato ela Cecília, eu mato ela sem pensar duas vezes ouviu bem, ninguém vai te tirar daqui, nem que pra isso eu tenha que matar mil pessoas. - disse olhando no fundo dos meus olhos.

O peso da preocupação desde que recebi a ligação saiu dos meus ombros quase que de imediato.

Respirei aliviado por saber que alguém estaria aqui pra me proteger dela, e esse sentimento de proteção foi o melhor.

Puxei o grego pela camiseta e o beijei, ele de começo se assustou mais logo me puxou para o seu colo e começou a retribuir o beijo.

Sua boca tinha saber de menta misturado com mais alguma coisa porém eu não soube identificar mais era muito bom.

Seu beijo desceu pelo meu pescoço e logo senti sua mão apertando meu bumbum, sei que se eu continuar dando passagem pode acontecer outras coisas porém não quero que nossa primeira vez seja assim, em uma sala onde entra e sai pessoas direto.

Me separei dos seus lábios ofegante e encostei minha testa em sua testa, o sorriso bobo em meus lábios denunciava tudo oque eu sentia.

-eu... eu te amo Felipe. - disse timidamente

{Até a próxima}

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