03 - no interior.

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Não falou muito quando chegou ao hospital no próximo dia

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Não falou muito quando chegou ao hospital no próximo dia. Tinha aprendido a viver sem aqueles pensamentos. E tinha aprendido bem. Mas lá estavam eles novamente, surgindo de uma noite para a outra e penetrando-lhe a cabeça como farpas. Sentia uma dor no corpo e exaustão descomunais. Mesmo assim, não conseguiu ficar em casa. Sentia-se desprotegido. A vontade era passar o resto da semana dentro de uma delegacia, ou quartel. Mas como não podia fazer isso, voltou para o único lugar onde podia encontrar certa tranquilidade de espírito — ainda que seu turno fosse começar apenas a noite.

Passava do meio-dia quando Sean tomou coragem para sair da sala dos funcionários e caminhar pelos corredores, buscando ocupar a mente com alguma coisa, pronto para oferecer sua ajuda em qualquer problema que a equipe médica estivesse tendo, mais fulo fosse este — por exceção de voltar para a ala vermelha; a perna ainda estava dolorida pelo corte de navalha proporcionado pelo paciente louco.

Havia deixado a fotografia em casa. O simples pensamento de andar por aí carregando aquela coisa o dava calafrios. Não sabia o que ela significava. Estava acostumado com trotes e brincadeiras de mal gosto, que certamente eram recorrentes após o segundo massacre sobrevivido. Porém, aquilo não parecia ser mais uma brincadeira proporcionada por algum desocupado. Jodie Sanders tinha sido morta no apartamento ao lado possivelmente minutos antes daquela maldita coisa passar por baixo de sua porta.

Sean lembrava-se de relance do elevador em movimento logo quando abriu a porta. Estava tão sonolento que sequer pensou em ir atrás. Se o tivesse feito, provavelmente o mistério seria resolvido em menos de uma hora. Mas acabou petrificado diante da imagem de Victoria Reed, um rosto do qual sequer pensava a muito tempo. No entanto, a face da garota com quem um dia dividiu os corredores de Oakfield High o encheram das mais diversas lembranças. Não apenas isso, mas a mensagem escrita no verso da fotografia.

O que aquilo queria dizer? As opções eram muitas, mas, ao mesmo tempo, poucas. Sua mente tentava focalizar apenas na parte ruim daquilo tudo, na parte aonde o pesadelo retornava e tomava forma novamente. Mas Sean tentava sufocar tais ideias o mais forte que podia. Quais seriam as chances? Era impossível. Aquele filme tinha acabado e a história seguiu em frente. Estava livre e seguro. Pelo menos, esperava que sim.

A figura de Kelly vindo em sua direção o fez melhorar o rosto. Os olhos inchados carregados de olheiras não enganariam ninguém em relação ao seu desgaste físico — e mental —, contudo esperava que uma desculpa qualquer fosse servir. De qualquer jeito, a enfermeira não pareceu se importar, parando diante de si com uma expressão casual.

— Oi, Sean — cumprimentou. — O que faz aqui?

— Boa tarde, Kelly. Resolvi dar uma passada antes do meu turno.

— Isso que é comprometimento... — elogiou, fazendo biquinho em aprovação. — Enfim, tem uma ligação para você. Eu te ligaria avisando, mas me disseram que estava por aqui, então... — Apontou para a direção em que veio. — O telefone está no saguão.

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