Pedido

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Itadori soltava gemidos longos e arrastados enquanto se revirava na cama, estava entediado, mas as enfermeiras o proibiram de sair do quarto sem algum acompanhante, e isso era um saco. Estavam todos ocupados com a reconstrução da escola, e ele queria ajudar! Fora culpa sua, mas ele não podia ajudar.

Fora proibido de ir no velório de Nanami, não quiseram que ele fosse mal olhado. Todos os superiores da escola acham que ele deveria tomar a culpa e morrer logo. Nobara e Fushiguro também ficaram com cicatrizes, o rosto de sua amiga, tão lindo, ficara com uma cicatriz horrenda em um de seus olhos. Fushiguro havia perdido um dos dedos de sua mão esquerda, e seu braço ficou com uma cicatriz gigantesca.

O rosado havia desistido de tentar se desculpar com eles, já que não aceitavam. Sabiam que a culpa era de Sukuna, o grande rei das maldições, e não dele.

Itadori se levantou e resolveu ir ao banheiro, sua mente estava tão cansada que não tivera forças para tomar banho durante os últimos três dias, a última vez em que Fushiguro havia o visitado.

Entrou no banheiro e trancou a porta por precaução, não queria que alguma enfermeira o pegasse fazendo o que iria fazer ali dentro. Tirou a pequena lâmina que havia escondido dentro de sua cueca e começou o serviço. As enfermeiras nunca descobririam que eram recentes, agora que seu corpo estava em um estado melhor, a cicatrização estava mais rápida, graças a toda a energia amaldiçoada que rondava seu corpo.

Após retirar as bandagens dos pulsos, começou a fazer seu trabalho.

A cada corte, alguém ou algo vinha em sua mente.

1, Fushiguro e sua cicatriz, no chão, sangrando e chorando.
2, Nobara jogada em meio a destroços com o rosto desfigurado e desacordada.
3, Nanami morto.
4, A reação de Gojo ao chegar na escola e ver o que havia acontecido.
5, A merda do sorriso de Sukuna.
6, Choso chorando.
7, Já sentia sua visão pesada.
8, Só mais dois.
9, Só pra ficar igual.
10, Embrulhou a lâmina no paninho e a colocou em cima da pia, indo realmente tomar um banho.

Itadori retirou suas roupas e entrou na água gelada do chuveiro do hospital, gemendo dolorido quando a água entrou em contato com os cortes. Observou a água vermelha se espalhar pelo chão e pingar em suas pernas, suspirou, sentindo aquela velha dorzinha amiga.

Terminou seu banho e trocou sozinho as bandagens de seus braços, para que as enfermeiras não precisassem fazer o trabalho e acabar descobrindo os cortes novos. Vestiu uma bermuda curta e soltinha e uma blusa fina de mangas compridas que Fushiguro levara para ele no último dia que fora ali. Penteou seus cabelos, coisa que já não fazia haviam semanas, e se olhou no pequeno espelho do banheiro, se sentindo um pouco melhor consigo mesmo. Era sempre assim, após os cortes, sempre se sentia melhor.

Ao sair do banheiro, se surpreendeu ao ver o de cabelos negros sentado na cama enquanto encarava o nada. Ao ver o rosado sair do banheiro, um pequeno sorriso se abriu em seu rosto e ele correu para abraça-lo. Itadori se sentiu seguro ali dentro do abraço de Fushiguro, então sem mais aguentar, desabou.

Chorou tudo o que tinha para chorar, soluçando e tremendo no colo do outro. Fushiguro nada disse, sabia que não adiantaria de nada tentar dialogar naquele momento, por isso apenas ofereceu o que o rosado precisava: carinho e conforto para que pudesse desabar sem ter medo. Se deitou com Itadori por cima de si enquanto acariciava seus cabelos molhados.

Assim que a sessão de choro acabou, resolveu falar.

- Vai me contar o que aconteceu? Se não se sentir pronto, não se force a falar, vou continuar com você aqui do mesmo jeito. - Disse calmo, sem parar com o carinho que fazia nos cabelos alheios.

Itadori suspirou. Não se sentia bem mentindo para Fushiguro.

- E-eu...eu não sinto nenhum avanço vindo de mim Gumi.... quando acho que melhorei, eu volto do início. E-eu me cortei hoje...e me senti bem fazendo isso. E continuo com o mesmo tipo de pensamento. Eu sou tão i-inútil que não sirvo nem pra morrer! - se levantou e se sentou na cama, voltando a chorar compulsivamente - E-eu me sinto c-como se fosse um p-pedaço de merda, e eu sei que e-eu sou!? Eu sou n-não é? Eu m-machuquei você, machuquei a N-nobara, m-matei o Nanamin s-sensei...... M-meu corpo n-não tem mais f-força nem p-pra fazer o oxigênio entrar e s-sair dos meus pulmões. Eu não a-aguento m-mais, eu não mereço v-viver... - parou um pouco para tomar ar, e Fushiguro continuou calado, apenas com o carinho nas mãos do rosado.

- E-eu penso que todos m-mentem pra mim sabe? Q-que se preocupam d-de mentira. E-eu sou tão desinteressante que n-não valho o t-tempo precioso de v-vocês. E-então não se preocupe tá? E-eu vou morrer b-bem rápido e-então não v-vai mais precisar f-fingir que - fora interrompido por um tapa.

Fushiguro havia dado um tapa em seu rosto.

- G-gumi o que? - parou de falar assim que olhou o estado do rosto de seu amado.

- Eu não aceito ouvir você falar desse jeito de si mesmo e dos outros Itadori! Eu não...consigo! Todos nós estamos nos matando para proteger você porque todos nós te amamos! Gojo te ama, Nobara te ama, Maki te ama, Toge te ama, Panda te ama, Choso te ama e eu também te amo! Todos nós queremos o melhor pra você então por favor não nos chame de mentirosos! - bradou irritado e com os olhos transbordando em lágrimas. Itadori estava em estado de choque, a mão parada no lugar onde foi estapeado.

- Gumi eu...

- QUIETO! Me deixa terminar! - gritou enquanto limpava as lágrimas com a manga de seu uniforme. - Eu realmente amo você Yuuji... eu te amo tanto que chega a doer. Eu sinto vontade de morrer toda vez que vejo você nesse estado, então por favor, não diga que meu amor é falso, não diga que minha preocupação é falsa...

O rosado apenas encarava o outro, pensando no que deveria fazer agora. Sua cabeça deu um clique, então se inclinou para frente e tomou os lábios de Fushiguro aos seus, levando suas mãos para a nuca dele. O moreno ficou parado durante alguns segundos, mas logo levou suas mãos até a cintura do outro e correspondeu ao beijo.

Logo ambos estavam rolando na cama, se beijando e abraçando até a falta de ar se fazer presente. A mente de Itadori deu outro clique.

- Gumi....você quer ser meu namorado?

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