Planos

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Um tempo depois, quando o garoto de cabelos negros se retirou do quarto onde seu amado estava hospedado, as enfermeiras que estavam assistindo toda a cena entraram no quarto com um semblante apaixonado nos rostos velhos. Haviam achado aquela cena uma fofura, e embora ainda achassem um pouco estranho pessoas do mesmo sexo se tratando tão carinhosamente assim, não puderam deixar de achar a cena uma graça.

Uma das enfermeiras, a mais nova das duas, entregou uma sacola azul com os pertences do garoto, que abriu com rapidez. Deu um suspiro de alívio ao encontrar ali a tão amada pulseira, que fazia par com a de Fushiguro. Não tardou em trazê-la rente ao peito, abraçando aquele pequeno objeto.

- Itadori meu rapaz...você tem um exame agora, e nós precisamos te sedar. O sedativo é bem forte, portanto é provável que você só acorde amanhã. Durante esse tempo as visitas serão proibidas okay? - o garoto apena acenou, quanto mais rápido fosse sedado, mais rápido dormiria.

As enfermeiras levaram o rapaz para a sala onde ocorreria o exame e se prepararam para aplicar o sedativo. Uma das enfermeiras, que já havia consciência do medo de agulhas do rapaz, segurou a sua mão enquanto a outra aplicava a injeção no braço dele.

Ah...maldita hora que ele fechou seus olhos e dormiu. Mal sabia o garoto que o que o esperava não era um sono tranquilo e pacífico.

Depois de um tempo ele abriu seus olhos, percebendo estar no domínio de Sukuna. O garoto bufou e colocou as mãos nos ouvidos ao escutar a risada maliciosa do outro. Olhou para cima e viu a maldição sentada em seu trono, vigoroso e dominador, rindo de canto enquanto apoiava o queixo em uma das mãos e olhava para Itadori sentado no chão, miserável.

- Eu...eu não consigo parar de rir!! - disse a maldição, colocando as duas mãos na barriga e tombando seu corpo musculoso para frente, começando uma risada completamente histérica e maldosa. - Você...você realmente tá apaixonado? Você? Pelo Fushiguro? - e desatou novamente a rir.

- E o que tem se eu estiver? Não é da sua conta! - bradou Itadori com raiva enquanto socava o chão com toda a força que conseguia.

Gemeu.

Aquele simples ato causou uma dor intensa em seus ossos da costela que estavam quebrados e por todo o seu corpo, que estava fraco. Ele não entendia, ele estava magro e fraco, então porque Sukuna continuava musculoso e bonito? Não achava justo. Itadori se deitou no chão segundos antes de Sukuna aparecer de pé em cima de si, com um dos pés forçando sua barriga para baixou. Itadori gemeu mais uma vez.

- Você está patético moleque. Não é digno de ser meu receptáculo. - Sukuna deu o seu famoso sorriso irônico para o garoto enquanto se abaixava e deitava seu corpo em cima do corpo do outro. Começou a passear uma de suas mãos pelas curvas do corpo de Itadori. O menino suspirou assustado, se remexendo e tentando se soltar, Sukuna apertou seu pescoço.

- Mas voltando ao assunto Fushiguro... Acha mesmo que ele vai te querer? - arranhou a barriga do garoto com suas unhas grandes, o outro gritou dolorido sentindo sua pele ser arrancada de si. - Mal posso esperar para comer aquele garoto...... - sorriu cínico ao ver Itadori se contorcendo em baixo de si. - Tomar aquele corpo esbelto pra mim.... Ah....vou fazer um belo estrago naquele corpinho frágil dele...irei marcar cada pedacinho daquela pele branca, irei fazê-lo gritar pelo meu nome até ficar sem voz. - e num ato de raiva, Itadori deu um forte soco no rosto da maldição, que sorriu com o ato.

- Você não vai encostar um dedo nele, nunca! - gritou furioso. Aceitava as provocações de Sukuna numa boa, quando eram direcionadas para si, é claro. Mas a partir do momento em que ele falava das pessoas que amava Itadori não conseguia se segurar.

- Eu só não te quebro todo garoto porque não quero ficar mais tempo vendo você vegetar em uma cama de hospital, mas quando você sair daqui...eu vou tomar o corpo de Fushiguro, e vou acabar com a sua raça. - disse enquanto se virava, já liberando o garoto de seu domínio para que pudesse ter um sossego e relaxar.

E no momento em que Itadori abriu seus olhos, o sol começava a raiar do lado de fora, não deveriam ser nem sete da manhã ainda. Sentiu um aperto em sua mão, olhou para o lado e sentado na poltrona ao lado de sua cama estava Gojo, dormindo sem a venda negra nos olhos. Itadori suspirou e olhou seus braços, todos cheios de cortes e fios.

Se remexeu na cama desconfortável e sentiu seu professor aumentar o aperto em sua mão.

- Yuuji-kun? - Ouviu a voz de seu tão amado professor e começou a chorar. Desde quando começou a pensar no suicídio? Ele realmente queria morrer? Ficar sem ouvir a voz de seu professor, que era como seu próprio pai? Queria ficar sem os abraços e cafunés que ganhava de Fushiguro toda noite? Sem os conselhos e idas ao shopping com Kugisaki?

Não.

Ele queria morrer, mas ao mesmo tempo queria ter tudo o que tinha enquanto estava vivo.

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