CONTO VI - A

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De volta à normalidade, houve algumas noites ruins e outras péssimas. Eu acordava dos pesadelos aos prantos. Nos dias em que Zaph não estava para me aninhar em seus braços, eu me encolhia em posição fetal e chorava baixinho na cama. A insuficiência pesa em meus ombros, desde quando acordo até eu conseguir dormir.

A imagem de Elis sorrindo abertamente durante as nossas conversas não sai da minha cabeça. Ela era tão retraída quando chegou, mas apenas alguns meses conosco foram o suficiente para fazê-la mostrar um dos sorrisos mais meigos e sinceros que já presenciei de perto. Nos meus sonhos, ele se mistura à face decapitada de Maicon, às feições penosas de Bianca, à língua do capelobo vindo em minha direção, ao sorriso malicioso de Rafael e aos dentes afiados do Vacor, que pula em cima de mim e me desperta no susto.

— Alice — chama Zaph através da porta do banheiro.

— Oi?

Desperto dos meus devaneios, mas não paro de colar o absorvente na calcinha. Será mesmo que ele não lê mentes?

— Senta na pia. — Seu tom parece ainda mais grave, o que me deixa confusa e um tanto cautelosa. Teria acontecido algo?

— O quê?

Estanco minha ação e reencaminho um olhar de cenho franzido para a estreita porta branca, como se eu pudesse enxergá-lo atrás del... AI JESUS! Zaph quase a arranca ao arrastá-la para o lado. Num estante ele está na minha frente.

— Enlouqueceu?! — brado, mirando-o de sobrancelhas erguidas.

Suas íris variam de laranja para vermelho, e o semblante que estava sisudo começa a se repuxar em um sorriso na lateral de seu lábio. Isso não me deixa menos preocupada.

— Senta na pia — o vampiro repete, incisivo e arrastado.

Ele nem mesmo está dentro do banheiro, mas o espaço, que já é minúsculo, parece ficar ainda menor. Abro a boca para argumentar, porém Zaph dá um passo para dentro e me encurrala contra a bancada da pia. Ele me suspende pela bunda, como se eu não pesasse nada, e minhas pernas se abrem em automático, como se ele fosse feito para ficar no meio delas.

A superfície lisa do granito está fria em contato com as minhas nádegas, e uma quentura, que não estava lá antes, sobe pelo meu corpo. Suas mãos grandes pesam contra a pele pouco acima do meu joelho. Um lampejo de noradrenalina trespassa minha estrutura quando penso que, se ele as mover mais para cima, poderá tocar nas cicatrizes. No entanto, as temperaturas oscilantes que suas mãos emitem, somadas à ligeira aspereza de suas palmas, deixam um rastro de eletricidade conforme o vampiro as deambula no sentido inverso, até meu calcanhar. Meu coração se acalma, mas ainda assim meu ar fica preso nos pulmões.

Zaph empurra sua boca contra a minha, e eu não ofereço resistência alguma. Eu poderia afastá-lo, pois sei que ele recuaria se eu pedisse. Contudo, meus seios incham ainda mais, desejando serem tocados por aquelas mesmas mãos. Meu ventre implora por uma carícia, então gemo contra seus lábios. O vampiro se afasta de mim num estalo e observo-o terminar de abaixar minha calcinha. Ele se agacha, sem desviar seus olhos escarlates do meu rost... Espera. Ah, não. Não me diga que ele pretende...

— Zaph, você não vai fazer o que eu acho que você vai fazer. — Se ele ouviu, decidiu me ignorar. O Tertius amplia o sorriso, com os caninos afiados e pontudos, ao ficar de cócoras logo abaixo de mim. — Zaph, não! Isso é nojento!

— Eu falei que um dia ia acontecer.

Enki meu! Antes que eu possa contestar, o vampiro descarta minha calcinha para longe, desleixadamente, segura a parte de trás dos meus joelhos com firmeza e coloca sua boca em minha vulva.

Jogo a cabeça para trás, me segurando na borda da bancada ao sentir sua língua velosa percorrer toda a extensão da minha boceta. Tento não pensar que ele está sugando o sangue das minhas paredes uterinas, mas deixo escapar um gemido porque o meu próprio útero traíra está muito feliz. Droga, como isso é bom.

Zaph passeia a língua em volta do meu clitóris sem pressa alguma, e eu não consigo suprimir outro murmúrio de prazer. Além de não conseguir impedir os movimentos dos meus quadris em sua direção.

— Hum, Alice, ce deliciu — rumoreja Zaph, com a boca perto demais da minha intimidade, e seu hálito em minha pele sensível quase me arrepia. Meus mamilos endurecidos doem e, por isso, não consigo evitar que minha mão vá até um deles.

Solto um ganido ainda mais alto ao brincar com meu bico rijo, enquanto minha outra mão embrenha-se nas madeixas sedosas de Zaph para segurá-lo contra minha boceta. Ele afasta meus lábios maiores com os dedos e sua boca se aventura até o lugar mais distante.

Minha vagina se contorce de prazer ao sentir sua língua dentro dela, roçando as paredes, entrando e saindo... Arqueio a coluna, projetando as ancas para Zaph e puxando mais seus cabelos negros entre meus dedos.

O vampiro retira a língua da... Libero um gemido alto quando meu namorado circula meu clitóris, numa velocidade imprópria para menores de dezoito anos, e o suga com força, só para mordiscá-lo em sequência. Então ele volta a explorar minha abertura molhada com aquela maldita língua habilidosa.

Ondas começam a se ampliar a partir do meu âmago e nublam minha mente, amolecendo meu corpo... Zaph não diminui o ritmo até me sentir espasmando. Quando ele dá uma última chupada longa em meu clitóris, eu chego ao ápice. Minha mente roda, esbranquiça por um tempo, e meu corpo enrijece. Endorfina me percorre como um rio.

Zaph desgruda devagar os lábios da minha pele ardente, despejando beijos em volta do local. Minha respiração é arfante, mas também noto que... Meu Ogum! Não consigo impedir uma gargalhada.

O riso eclode em mim ao ver o nariz e o queixo de Zaph sujos de sangue, e correlaciono de imediato com aquele funk: "agora me chama de palhacinho". Tapo a boca com a mão, mas meus ombros continuam sacudindo.

— Se eu me limpar na sua blusa branca — diz ele, se reaproximando enquanto se coloca de pé —, quero ver se vai continuar rindo assim.

— Desculpa, mas é que... — Não consigo completar.

Olho para seu nariz sujo de sangue agora mais perto, e começo a rir novamente com a mão sobre a boca. Meus olhos marejam.

— Eu te dou um orgasmo dos deuses e é assim que você agradece? — Zaph inclina-se em minha direção e eu acuo, apoiando uma mão no granito da pia. A outra que escondia a boca voa para seu peito, mas a risada não consegue me abandonar. — Ah é? Vem aqui então.

— Nem pense nisso! 

As Aventuras (Eróticas) de Alice e ZaphOnde histórias criam vida. Descubra agora