Capítulo XXI - O nosso fim!

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– Pare, por favor. – Eu chorava enquanto implorava. Harry estava fora de si. Havia ódio e desejo de sangue em seu olhar. – Por favor, pare com isso. Pare de machucá-lo.

– Implora mais, cachorra. – Ele diz sem parar de fazer pequenos cortes no peito de Bryan. – Talvez assim eu terei piedade do seu amante.

Meu olhar estava preso no olhar de Bryan. Via nitidamente o pânico estampado em suas feições. E eu não estava diferente dele. Eu estava tão apavorada quanto ele podia estar naquele momento. Eu nunca pensei que Harry fosse capaz de ir tão longe. Começo a acreditar que ele realmente iria matar Bryan. Deus, não estou preparada para ver alguém morrer.

– Deixe-o ir, por favor. – Continuei tentando persuadi-lo a parar de machucar um inocente. Bryan não poderia pagar pelo meu erro. – Ele não tem nada a ver com isso. Sou eu quem você quer punir e ter de volta. Eu vou contigo para onde você quiser. Só deixa-o em paz.

– Ele tem tudo a ver com isso, Lu. – Ele me olha dessa vez e dá uma pausa a Bryan. – Todas as escolhas têm uma consequência. Essa é a dele, e em parte a sua.

– Eu aceito a minha culpa e estou pronta para receber a punição que você me impor, mas por favor, Harry, pare de machucá-lo.

– Podes ter a certeza que eu irei punir você por teres fugido de mim e se deitares com outro homem. Tudo o que eu fazer a ele, lembre-se, Lu, a culpa é inteiramente sua. – Ele diz com desprezo. – Você me levou a fazer tudo isso, Lucy.

Harry olha para Bryan com ódio e vai até ele de novo. Cada soco que Harry dava em Bryan afligia mais e mais o meu coração. Eu gritava para ele parar. Tentava levá-lo a razão, mas Harry estava possuído pela fúria. Como eu poderia salvá-lo?

– Você desgraçou a vida desse homem, Lu. – Ele diz antes de dar a primeira facada na barriga de Bryan.

– Nããããoooooo! – Solto um grito desesperador.

Me debato, chorando compulsivamente enquanto Harry vezes sem conta esfaqueava Bryan bem diante de mim. Me senti tão horrorizada pelo ato de Harry e extremamente culpada por ter colocado Bryan naquela situação. Harry estava me punindo da maneira mais cruel de todas, e se eu sobreviver a esse dia, estaria condenada a insanidade pois o olhar de terror, dor e agonia de Bryan me atormentaria a vida toda.

Uma vida foi ceifada por minha culpa. Uma pessoa que eu amava morreu bem diante de meus olhos e eu assisti tudo de camarote sem poder fazer nada para o salvar. A dor que eu estava sentindo naquele momento era inexplicável. Era torturante.

Harry se vira para mim com uma expressão de satisfação em seu rosto. Nele não havia um rasto, mesmo que pequenino, de remorso por ter matado alguém. Realmente um dia fui loucamente apaixonada por esse homem diante de mim?  

– Minha doce Lu! – Ele diz meigo.

Harry se abaixa e poisa a faca no chão, ao seu lado. Agora era a minha vez. Se minhas mãos não estivessem atadas para trás, eu pegaria aquela faca e lhe daria uma facada. Harry encara meu rosto enquanto com suas carícias delicadas sujava a minha pele com o sangue de Bryan. Tento me afastar, mas ele me segura.

– Veja a que extremo você me obrigou a chegar? – Fala com rispidez. – Seus erros nos trouxeram até aqui. A culpa é sua. – Mordo seus lábios assim que ele me beija. Ele solta um grunhido. – Eu sei que nunca bati em você, mas hoje abrirei uma exceção.

Harry se levanta e em seguida sinto uma ardência no lado direito do meu rosto devido o toque brusco da palma de sua mão. Em seguida, o lado esquerdo do meu rosto é atingido. Suas bofetadas eram cada vez mais fortes. Meu corpo vai de encontro ao chão quando eu não consegui me manter equilibrada sob meus joelhos.
Ele retira seu cinto da calça e enrola uma parte em sua mão. Sinto minha pele arder a medida que o cinto tocava nela. Meus gritos ecoavam pela sala de estar tal como o som do cinto rasgando o ar e batendo em meu corpo. Não implorei que ele parasse pois ele não pararia.

Ainda não satisfeito, Harry faz de conta que a minha barriga é uma bola de futebol e dá chutes em mim. Minha voz já ficava ronca de tanto que eu gritava. Se já fazia um tempo que eu gritava, por quê ninguém até agora bateu naquela porta? Será que ninguém estava escutando meus gritos? Ou estavam todos indiferentes ao que se passava naquela casa? Nós seriamos assassinados e ele sairia livre e impune?

– Senti tantas saudades tuas, Lu! – Ele diz baixando o short do meu pijama. Deus, o que eu fiz para merecer isso?

Ele soltava gemidos de prazer enquanto eu gemia de dor. Eu estava virada de costas e ele fazia sexo anal em mim. A cada estocada parecia que minha alma era dilacerada. Doía, doía muito tudo aquilo.

Harry me vira bruscamente para ele após se satisfazer pois eu não conseguia me mexer mais. Uma dor se alastra até minha alma. Ele sorri ao ver minha expressão de dor. O que doía mais? – Me pergunto. – A dor física ou a da alma? Não sei dizer. Não há muita distinção entre elas agora. Ambas me fazem desejar a morte. 

Harry segura meus cabelos com força e toma meus lábios em um beijo. O beijo de Judas. Sinto a lâmina fria da faca perfurando minha barriga e eu arregalo os olhos. Ele puxa a faca e volta a enfiá-la em mim mais uma vez. Meu corpo mole cai ao chão. Era isso, eu iria morrer. Alguém poderia ter nos salvado, mas parece que ninguém quis saber dos meus gritos de aflição.

– Tal como Romeu e Julieta. – Harry estava deitado ao meu lado, mirando meus olhos, com uma expressão de dor e satisfação. Ele enfiou a faca em seu próprio abdómen. – Nos vemos no inferno, Lu.

Meu final seria ao lado dele? É sério, produção? A vida poderia ser assim tão irónica? Eu vou morrer ao lado do amor que me prendeu e destruiu a minha vida? Seu rosto seria a última coisa que eu veria antes de morrer? Flashes da minha vida toda surgem diante de meus olhos enquanto Harry cantava baixinho a música que dizíamos ser nossa. Como uma má escolha arruína toda sua vida e a vida de quem te rodeia?

A voz de Harry começa a soar distante a medida que a escuridão me embalava em seus braços. Minhas pálpebras se tornaram tão pesadas e eu não conseguia mais mantê-las abertas. Meu coração abrandava cada vez mais seus batimentos e estava sendo difícil respirar. Fechei meus olhos enquanto sentia com agonia o fôlego da vida se acabando. Estava tão cansada e apenas me deixei descansar.

 
Fim!

O amor que me prendeuOnde histórias criam vida. Descubra agora