Promessas, olhares e a sua segurança

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AVISO: O capítulo possui descrição explícita de violência.
me desculpem o atraso T-T
o cap segue diretamente os acontecimentos do anterior, então se esqueceram do que aconteceu, voltem lá pra ler o finalzinho e não ter confusão, ok?? obrigada pelo carinho!


– Como você está se sentindo? – Yunho perguntou, os dedos deslizando pelos cabelos acinzentados. A brisa que acariciava os corpos dos dois deixava o ambiente gélido, mas eles se esquentavam mutualmente através do contato físico que não paravam de fazer.

Mingi não respondeu de imediato. Suspirou, deixou que os olhos vagueassem pelas folhas das árvores sobre eles, e voltou a suspirar. A verdade é que não queria saber o que estava sentindo.

– Vazio. – Disse, a voz tão monótona quanto o seu estado de espírito. – É como se estivesse apenas sobrevivendo. Não sinto nada, e isso está me deixando louco.

Sua face se tornou conturbada, e para suavizar as linhas de expressão que surgiram em sua testa, o guarda-costas passou os dedos pela pele tensa do garoto. Ele respirou fundo, concentrado em se manter calmo.

– Sei que estou triste. Extremamente triste. Talvez seja isso, a tristeza tão gritante que esconde qualquer outra emoção que eu possa estar tendo.

Yunho nunca teve que consolar ninguém. Jongho parecia sempre calmo, mesmo que a situação chamasse por desespero, e nunca precisou de palavras calorosas para se sentir bem. Bastava apenas que o Jeong estivesse presente para que tudo desse certo entre os dois. Por isso, não fazia ideia do que fazer agora que via resquícios de lágrimas se acumularem nos olhos puxadinhos do príncipe. Já tinha feito o que sabia fazer – estar presente – e não o restava nenhuma outra alternativa de ação para aquele momento.

De certo modo, se identificava com as palavras do garoto. Há muito tempo não sentia uma emoção que ultrapasse o nada que continuava sentindo desde sempre. Era como se estivesse apenas esperando os dias passarem sem propósito, obedecendo ordens e agindo como um peão que não tinha vontade própria.

Até conhecer Mingi, não teve o pensamento de que poderia ter uma opinião. Que podia agir como bem entendesse. O problema era que depois de tanto tempo acostumado com aquela forma de viver, não conhecia outro jeito de se comportar. Ainda precisava acatar ordens, precisava satisfazer os desejos de seus superiores, precisava ser controlado por mais algum tempo.

– Grande parte da população já me vê como uma maldição. Quase um amuleto de má sorte.

– Por que acha isso? – Yunho questionou, franzindo a testa. Não gostava quando o rapaz começava a se auto degradar, pois admirava sua determinação como ninguém.

– Eu não acho, Yunho... É a realidade. – Disse, numa voz monótona, já tendo repetido isso para si mesmo milhares de vezes. – Você nunca ouviu falar sobre as histórias de como eu matei minha mãe? De como deixei meu pai doente de desgosto?

A garganta do guarda travou, assim como a mão que acariciava os cabelos metálicos. É claro que já tinha visto as matérias. Os sites de fofoca mais repugnantes gostavam de trazer o assunto à tona de vez em quando, e assim que a notícia da morte do rei fosse divulgada, ele sabia que a vida de Mingi se tornaria um inferno.

– E agora que ele se foi, eu... Eu não sei nem se vou poder andar tranquilamente de novo. – Seus lábios tremeram por um momento, e seus olhos pareciam vazios. – Estou com medo.

Yunho quis trazê-lo para seus braços e apertá-lo contra o peito para passar segurança, mas o momento não parecia propício. Mingi lutava contra o choro desde que eles saíram de casa, e ele não queria ver o rosto bonito cheio de lágrimas novamente.

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