HELPLESS

Submissão, raiva e o seu cuidado

Pela manhã, Yunho esperava ser buscado do lado de fora dos portões do castelo com um terno bem polido, os cabelos bem penteados e sem tipoia, por não querer mostrar a Seonghwa que estava incapacitado. Ainda tinha a sensação do calor do corpo de Mingi apertado ao seu, a calma que suas palavras trouxeram, e a queimação no peito ao lembrar de seu rosto.

A promessa que fez para o príncipe era o que lhe incentivava a continuar o mais firme que conseguia devido às circunstâncias. Ele o esperava atrás daqueles portões, no palácio enorme onde agora vivia sozinho, e isso era o bastante para que o motivasse a dar o seu melhor.

O carro preto de vidros fumê surgiu na única estrada que dava acesso ao castelo, e a placa claramente alterada fez Yunho engolir a seco. Poderia estar indo direto para uma emboscada, mas não acreditava que seria do feitio do chefe. Ainda que tivesse vacilado gravemente, sabia que o Park o amava demais para simplesmente jogá-lo para escanteio.

Não foi preciso nenhuma palavra para que o loiro entrasse no veículo assim que ele chegou perto o suficiente e a porta foi aberta. O motorista nem ao menos olhou para ele, seguindo pela estrada num silêncio sufocante. Yunho já estava acostumado com aquela atmosfera e tentou não se abalar tanto, mas sua mente estava mudando e ele ainda não havia se acostumado. Trazia um desconforto no estômago que o deixava nervoso, e pensar em Jongho piorava tudo.

Eles dirigiram por pelo menos duas horas. A paisagem havia mudado de enormes mansões e condomínios bem estruturados para uma vegetação seca e praticamente nenhuma construção em vários quilômetros. O garoto permanecia calmo enquanto tentava memorizar as direções tomadas pelo carro para que soubesse voltar sozinho caso fosse necessário, ao mesmo tempo que prestava atenção no comportamento do motorista, buscando qualquer ação estranha que pudesse significar perigo.

Algumas casas antigas começaram a aparecer no horizonte, mas não havia nenhuma placa sinalizando que haviam entrado em uma cidade. O lugar parecia ser completamente abandonado, e depois de virar algumas ruas estreitas, eles chegaram a um galpão muito maior do que qualquer outra residência ali. O grande portão estava fechado, mas haviam dois homens posicionados a sua frente.

Quando o veículo parou, Yunho se viu obrigado a descer. Assim que bateu a porta, o motorista-robô deu a partida para longe dali, jogando poeira pelo ar. O loiro espremeu os olhos para não machucá-los, se aproximando do lugar com passos decididos demais para quem estava à beira de um colapso. Havia trazido suas pistolas e deixaria claro que não estava para brincadeiras se algum de seus antigos colegas tentasse alguma coisa.

Não encontrava aqueles caras há muito tempo. Na verdade, não fazia questão de lembrar seus sobrenomes, mas sabia que eles o conheciam muito bem. Os cadetes tinham inveja do Golden, cachorrinho de Park Seonghwa, e desejavam mais que tudo estar em sua posição.

Recebeu olhares cortantes assim que se colocou à frente da passagem bloqueada, esperando que abrissem para si. Os dois homens se entreolharam com feições sacanas, claramente pensando na melhor forma de zombar do loiro. Mesmo assim, se abaixaram para erguer o portão, o metal meio enferrujado rangendo num barulho alto. O galpão era realmente enorme e parecia não ter sido limpo há décadas, julgando pelo chão empoeirado e pelas diversas tranqueiras espalhadas por toda parte.

– Se meteu em encrenca, lorão? – Um dos capangas finalmente se pronunciou, andando tranquilamente ao seu lado enquanto mexia a espingarda deliberadamente.

Yunho não respondeu. Não precisava dar atenção a aqueles caras, só queria descobrir onde Jongho estava, tirá-lo dali e voltar pra casa, assegurando ao Park que faria tudo certo dali em diante.

– Ele não vai falar, Jae. Ele tem que se ajoelhar e implorar ao cafetão pra chupar o pau dele e sair dessa. – O outro provocou, se aproximando demais. Tinha o rosto muito perto, e fez Yunho parar de se mexer. – Não é mesmo, Golden? Você não faz isso sempre?