Sentimentos, despedidas e decisões difíceis

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Mingi parecia ansioso esses dias. Não se concentrava em certas atividades, tentava fazer tudo com mais pressa que o necessário e não conversava muito, nem mesmo com Wooyoung. É claro que Yunho havia percebido isso rapidamente, e se perguntava se o comportamento do príncipe estava assim por conta da interação que tiveram no jardim algumas noites atrás. Quando se concentrava o bastante, o assassino ainda conseguia sentir o toque do garoto em seus lábios, conseguia ver seus olhos entregues e o aperto de seu abraço. Foi o único momento onde pôde presenciar sua fragilidade, e o outro pensava da mesma forma, mesmo que nenhum dos dois quisesse falar sobre isso.

Agora, Mingi evitava o olhar nos olhos, não o tocava propositalmente e não o procurava quando ele se afastava para fumar. Yunho sentia falta disso. Não porque gostava das interações com o herdeiro, mas porque sentia que seu plano estava começando a dar errado. Song Mingi estava escorregando por seus dedos logo quando ele achou que finalmente o tinha na palma da mão.

– Príncipe. – Chamou, do jeito que sabia que o mais novo gostava, em mais um momento onde ele passava por si e nem ao menos reconhecia sua presença. – Podemos conversar?

Ter aquele olhar sobre si novamente fez um sentimento estranho se apossar do guarda. Ele teve que respirar um pouco mais fundo e se controlar para não transmitir nenhuma intenção errada para o rapaz que nesse momento debatia consigo mesmo se acataria seu pedido ou não.

Era manhã. O príncipe havia acabado de se arrumar, o que ficava nítido na forma impecável como se apresentava e no cheiro gostoso que exalava de sua pele, contrastando com o guarda que não conseguia se livrar do odor do cigarro. Ele queria agarrar o Song pelo braço macio, empurrá-lo de volta para o quarto de onde havia saído e esclarecer aquela situação que o deixava nervoso.

– Temos alguma coisa para falar? – Perguntou, uma sobrancelha erguida, deixando claro que não seria tão fácil como imaginava. Nunca era.

– Por favor. Eu quero me desculpar.

Yunho sabia que tinha que resolver aquele empecilho o mais rápido que conseguisse. Não tinha tempo para gastar evitando interações preciosas com o seu alvo, e quanto antes conseguisse sua confiança, mais rápido ele poderia fugir dali.

O príncipe revirou os olhos, tentando demonstrar não se importar com as atitudes do mais velho, mas o Jeong sabia reconhecer sua linguagem corporal e tinha certeza que ele estava interessado. Ele soube que estava certo quando a porta atrás deles foi aberta novamente, e com alguns passos para dentro do cômodo, o Song permitiu que um assassino adentrasse o local onde ele dormia.

O quarto era bem maior que o seu. Era rodeado por grandes janelas cobertas por cortinas brancas que deixavam tudo tão claro quanto o paraíso. Sua cama era desnecessariamente grande, impecavelmente arrumada com lençóis caros e uma grande quantidade de travesseiros. Nos poucos segundos que teve, Yunho se esforçou em analisar cada pedaço daquele lugar, procurando algum possível esconderijo para informações importantes.

– Fique à vontade para se ajoelhar.

O guarda desviou o olhar para o príncipe como se não estivesse criando mil hipóteses somente ao ver os móveis de seu quarto segundos atrás, deixando que uma risada soasse pelas paredes amplas.

– Eu sinto que passei dos limites, Alteza. Peço o seu perdão. – Disse, tentando passar um pouco de insegurança ao não retribuir a encarada do mais novo por muito tempo.

– Por que acha isso? – Questionou, cruzando os braços. Ele não havia se afastado muito da porta, e assim como o guarda, prestava atenção em cada movimento.

– Porque você está distante.

– Você?

Mingi tinha a sombra de um sorriso no rosto, mesmo que estivesse repreendendo a falta do uso do pronome de tratamento correto. O Jeong, que havia feito isso de propósito, sentia o estômago revirar em antecipação. Não disse mais nada, implorando em silêncio para que o príncipe dissesse que ele não precisava o tratar tão formalmente e que mostrasse que seu plano ainda estava de pé.

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