Carícias, conforto e o fim da missão

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Yunho estava confuso. Sabia que o fato de Mingi ser um órfão agora, assim como ele, o fazia se identificar um pouco mais com o príncipe, mas não entendia por que estava agindo de uma forma que nunca foi do seu feitio. Durante aquela madrugada, eles conversaram através da porta por horas. Eles precisavam dormir, mas não conseguiam encerrar os assuntos que surgiam a cada minuto. O guarda tinha falado demais, tinha demonstrado sua fragilidade bem escondida para o garoto, mas não se arrependia de o ter feito. De qualquer maneira, faltava pouco para que ele finalmente estivesse morto, e seus sentimentos iriam embora junto.

A ausência de horas de sono não fez muita diferença para o assassino, já acostumado a passar várias noites em claro por causa de missões, mas o Song não compartilhava do mesmo estado. Deitado sobre a cama espaçosa, ele estava um pouco pálido, tinha olheiras escuras abaixo dos olhos e não parecia ter vontade de levantar por tão cedo. Seus compromissos para o dia haviam sido remarcados e ele tinha poucas horas para se reabilitar e voltar ao trabalho de ser o único herdeiro de Atheea.

Com uma xícara de porcelana entre as mãos, Yunho se aproximou do garoto, se sentando na beirada da cama. O cheiro do chá preferido de Mingi, camomila, foi suficiente para que ele abrisse os olhos lentamente, dando um sorriso sem graça ao perceber o guarda o observando.

– Está se sentindo melhor? – Perguntou enquanto ele se ajeitava no colchão, recebendo o chá nas mãos finas logo depois.

Ele pressionou os lábios e inclinou a cabeça para o lado como resposta, assoprando o líquido quente antes de bebê-lo.

– Quer que eu prepare um banho? Que traga seu café da manhã? Posso ligar a televisão e ficar com você durante a tarde.

Mingi pigarreou, deixando a xícara repousar em seu colo antes de levar o olhar cansado para o rosto do loiro.

– Sinceramente, está sendo difícil querer continuar. – Desabafou, batendo as unhas na porcelana, o olhar ainda firme em Yunho. – Você... não pode fazer isso parar logo?

O Jeong não soube muito bem como responder a essa pergunta, que em sua cabeça havia soado como um pedido para que o matasse de uma vez. E julgando a inteligência do príncipe, aquela hipótese não era tão difícil de acreditar. No final, eram apenas dois caras suicidas que não viam a hora de tudo acabar.

– Eu posso fazer as coisas melhorarem um pouco.

Mingi fechou os olhos, parecendo frustrado com a frase, por mais que estivesse gostando da companhia do mais velho durante aquele tempo. E Yunho fez questão de não o deixar um segundo sequer, assistindo seriados que não entendia muito bem na televisão enorme do quarto do príncipe. Em determinado momento, eles estavam de mãos dadas, e o polegar do assassino acariciava as costas da mão do garoto o tempo inteiro. Eles não fizeram nada mais que isso, porém. Não conversaram os assuntos profundos da noite anterior, não se tocaram mais que o necessário e não trocaram olhares.

Aquele dia passou lento, torturante, e na manhã seguinte, Mingi não suportava mais estar afundado em seu colchão enquanto tentava ignorar a realidade. Por isso, deixou que suas funcionárias o levassem para o banho, largando Yunho organizando os lençóis para trás. Ele não precisava fazer isso, mas era a primeira vez que estava sozinho naquele cômodo e tinha que aproveitar a oportunidade. Tinha ficado com o garoto durante a noite inteira, vigilante, desviando o olhar entre seu rosto e a paisagem que poderia ser vista da grande janela. Não teve coragem de retirar os dedos entrelaçados do príncipe nos seus próprios, e só agora podia andar com tranquilidade pelo quarto.

Após arrumar a cama o mais rápido que pôde, ele se dirigiu à mesa de cabeceira. Na primeira gaveta, encontrou um planner que não continha nada além dos afazeres diários do príncipe e algumas pulseiras e relógios que ele costumava usar bastante. Na segunda gaveta, ele encontrou algumas fotos polaroid que poderiam ser penduradas na parede de tão bonitas, alguns envelopes vazios e um crachá.

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