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Julie Florence

Já se passou três dias desde aquele acontecimento na praia. Desde então, não encontrei mais aquele menino! Novamente venho dizer que ele parecia ser alguém misterioso na qual surgia somente quando não estávamos esperando. Ainda não consigo entender por quê minha filha havia gostado tanto de uma pessoa que mal viu na vida e que, muito menos, era conhecido por mim ou por seu pai. Ou pelo menos eu achava isso.

Hoje já estava embarcando para voltar para Fortaleza! Durante esses dias já fiz alguns trabalhos em São Paulo, Rio de Janeiro e até mesmo em outras cidades. Foram coisas curtas porém todos nós sabemos que no fim de cada sessão eu ia conhecer um pouco do lugar e é claro, provar a culinária. Era uma felicidade misturada com alívio quando percebia que Gabi só focava em aproveitar os lugares, esquecendo a ausência do pai. Acho que de nós duas a que mais lembrava do Gustav era eu. Às vezes sinto falta, mas não dessa versão recente e sim da antiga, aquela que me deixava apaixonada em cada segundo graças as dedicações e demonstração de afeto.

Quando cheguei no hotel rapidamente fui tomar um banho junto com minha filha pois acabei lembrando do encontro que marquei com a Clara. Estava atrasada! Porém não tanto. Odiava atrasos pois era uma pessoa extremamente pontual e até perfeccionista comigo mesma.

Com tudo pronto coloquei algumas coisas necessárias na mochila, peguei a Gabi no colo e saí do meu quarto para fazer o mesmo trajeto de sempre. Já na recepção acabei por chamar um UBER que iria me levar até à empresa onde nosso encontro foi marcado. Eu estava soando frio! Mesmo com uma expressão neutra diante meu rosto, o nervosismo estava tomando conta do meu ser. Minha filha brincava com os anéis em meus dedos para se distrair pelo o caminho enquanto minha mente só se focava sobre o que poderia acontecer lá. Será que é estranho uma profissional chegar no futuro local de trabalho com uma filha nos braços? Gabriela não tem culpa de nada e eu também era insegura para a deixar com qualquer pessoa, mesmo sendo algum cuidador.

ㅡ Chegamos, senhorita. - A voz doce da motorista acabou soando e me retirando do transe.

ㅡ Muito obrigada! - Agradeci um tanto eufórica e sorridente, logo a pagando para me retirar do veículo.

Uau! Que lugar bonito. Não me recordo de ter passado por aqui antes, mas era surpreendente. Estava diante um prédio alto onde pessoas circulavam de um lado para o outro.

ㅡ Você deve ser a Julie! - Escutei alguém me chamar e logo meu olhar se encontrou à pessoa em minha frente. Era a Clara! ㅡ É um prazer te conhecer.

ㅡ Ah...O prazer é todo meu, Clara! - A cumprimentei com um beijo em cada lado do rosto. ㅡ Me desculpa o atraso. Só lembrei que tínhamos marcado a reunião quando cheguei em Fortaleza, estava na Bahia mais cedo.

ㅡ Não precisa me dar explicações. Está tudo bem! E Bahia é um lugar perfeito. Tenho certeza que seu trabalho deve ter surpreendido muito por lá! - Disse simpática. ㅡ E quem é essa princesinha? Sua irmã?

Confesso que no mesmo instante eu não segurei o riso! Novamente mais uma pessoa que confunde minha filha com irmã.

ㅡ Não! Essa é a Gabriela, minha filha. - Segurei a mãozinha delicada da pequena para fazer com que a mesma acene para a loira.

ㅡ Filha?! Meu Deus, me desculpa. - Ela tentou se explicar porém nós duas acabamos rindo. ㅡ Você não aparenta ser mãe. Não que isso seja algo ruim, é que sua aparência é bem jovem. Às vezes esqueço que você tem 22 anos e não 16.

Papo vai e vem...Até que ela lembrou que tínhamos uma reunião à fazer. Seguimos pelo os corredores daquele lugar que, além de bonito, era confortável e de encher os olhos. Sei que fomos até o quinto andar do prédio em uma sala onde todos estariam nos esperando.

ㅡ Fique à vontade! - Exclamou ao chegar em frente a uma porta grande de madeira, podendo a abrir e revelar as pessoas que ali estavam. ㅡ Gente, essa aqui é a Julie e enquanto ela estiver no Brasil será nossa fotógrafa.

Enquanto Clara contava sobre mim, eu passei a dar passos curtos para dentro da sala. Estava tímida por conta da quantidade de olhares sobre meu ser. Acho que isso nunca aconteceu antes!

ㅡ Oi, pessoal! Será um prazer trabalhar com vocês durante esse tempo e... - Quando meu olhar correu por cada pessoa, eu percebi que conhecia um deles. Tanto que cortei minha própria fala e apontei para o garoto, que fez o mesmo.

ㅡ Você?! - Nossa voz saiu em coro.

𝐓𝗵𝗲 𝗣𝗵𝗼𝘁𝗼𝗴𝗿𝗮𝗽𝗵𝗲𝗿 | 𝐖𝐈𝐔Onde histórias criam vida. Descubra agora