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Julie Florence

Me sentia uma criança mimada. Por notar o quão mal e chorosa eu fiquei depois de todo aquele assunto, Matheus deu ordem para que todos nós fossemos embora, me deixando finalizar o trabalho outro dia ou só quando me sentisse melhor. Tudo que mais precisava mesmo era do meu cantinho de paz, onde sentia segurança. Só não contava que as pessoas ao redor, que trabalhavam na 30, iriam se importar com o meu estado. O quarto do hotel que antes era habitado somente por mim e minha filha derrepente estava cheio de gente que perguntavam se eu estava melhor, me enchiam de guloseimas. As conversas sempre tinham o intuito de me distrair dos pensamentos negativos, além de me fazer dar boas risadas. Vinicius estava do meu lado à todo segundo. Algumas pessoas estavam sentadas ou deitadas sobre nossos pés, outras permaneceram de pé. Eu não conseguia parar de sorrir. Me sentia um pouco melhor e até especial.

ㅡ Eu sei que a conversa está boa, pessoal. - Resolvi me pronunciar. ㅡ Mas eu precisava tomar um pouco desse tempo para agradecer a presença de vocês. Muito obrigado por estarem aqui! Não sabem o quanto isso vai ficar marcado no meu coração, mas também me desculpem por ter colocado alguns frente à frente com aquele traste.

No final de minha fala olhei para o Vinicius, Matheus e Cleriton, indicando que aquela parte em específico era para os três.

ㅡ Não tem que agradecer e muito menos se desculpar, Julie! - Matheus se aproximou de mim para deixar um beijinho no topo de minha cabeça. ㅡ Cada um aqui se preocupa porque gosta de você. Sei que nos conhecemos a pouco tempo, mas tu se tornou uma pessoa especial, tá ligado?! A 30 sempre vai estar de portas abertas para te receber.

ㅡ Não só falando do lado profissional. - Clara entrou no quarto segurando Gabi, complementando a frase de seu marido. ㅡ Pode contar com a gente fora e dentro disso! Vamos te ajudar e proteger sempre.

ㅡ Vocês vão me fazer chorar outra vez... - Comentei fazendo alguns rirem.

ㅡ Sem chorar, minha princesa! Hoje o seu dia já teve muito disso. - Vinicius me abraçou de lado.

ㅡ É que eu vou sentir saudades quando for embora. - Um beicinho se formou em meus lábios enquanto corria o olhar por cada um. Todos fizeram "own" tentando manter o clima.

ㅡ Não vai sentir se desistir e ficar com a gente. - Cleriton deu de ombros, se gabando da ideia.

Confesso que já pensei nisso, mas não poderia simplesmente abandonar meus pais e minhas coisas lá fora. Estava gostando sim de ficar aqui, de ser bem recebida, mas tinha que seguir com minhas prioridades. Coisas que planejei por anos. Porém ia sentir saudades do Brasil e do pessoal sim! Isso é fato.

. . .

Já anoiteceu! Todo mundo já foi embora menos o Vinicius. Ele fez questão de ficar cada segundo do meu lado, me dando apoio, falando coisas doces para tentar me confortar e felizmente conseguindo todas as vezes. Novamente não sabia o que fazer para tentar retribuir mais coisas boas que me fez. Quem sabe uma hora eu consiga o ajudar com algum conselho ou ação. Tanto que sempre deixava claro que estaria ali para qualquer coisa, seja mínima ou não.

ㅡ Não vai embora? - Minha voz veio a soar calma terminando de passar um creme sobre a pele de minha filha, que não parava quieta pois queria brincar com o rapaz. ㅡ Filha, será que você pode esperar um pouquinho?

ㅡ Melhor escutar sua mãe, princesa. - Ele comentou se aproximando de nós duas para a pequena ficar mais calma. ㅡ Quer que eu vá embora? - Me observou com aquela carinha manipuladora.

ㅡ Não, não quero! É que você precisa descansar também. Já passou o dia inteiro grudado em mim e talvez seja melhor tirar um tempo para ti agora. - Respondi terminando de ajeitar o pijama da pequena. Engatinhando ela foi até Wiu, podendo ficar em seu colo rodando a sigla de seu nome sobre a corrente.

ㅡ Já tiro tempo suficiente para mim, Julie. - Sorriu largo. ㅡ E se for possível passo mais dias aqui com você! Só vou embora quando ter certeza que não sente mais insegurança ou coisas do tipo.

ㅡ Own! Como você é fofo. - Apesar da ironia no tom de voz, eu me aproximei dele para o abraçar.

ㅡ Mas é sério! Ficaria aqui o tempo que fosse preciso. Sei lá, passaria o dia, a noite... - Percebi uma certa direta quando ele citou "a noite". Mesmo tentando esconder o sorriso malicioso, eu consegui perceber.

ㅡ Você quer dormir aqui, Vinicius William? - Propus revirando os olhos.

ㅡ Eu não queria, mas já que insiste tanto. - Ele se ajeitou na cama repousando as costas sobre a cabeceira.

Novamente percebi outra ação dele na qual queria pedir algo, mas preferia que eu adivinhasse.

ㅡ Nem sonhando, viu?! - Comentei.

ㅡ O que? - Ele perguntou inocente, mas logo riu entregando o jogo.

ㅡ O sofá te espera! - Mandei um beijinho antes que pudesse entrar no banheiro.

𝐓𝗵𝗲 𝗣𝗵𝗼𝘁𝗼𝗴𝗿𝗮𝗽𝗵𝗲𝗿 | 𝐖𝐈𝐔Onde histórias criam vida. Descubra agora