15 - like a nightmare.

762 58 9
                                    

- Podemos falar disso mais tarde, ok? - Conrad disse para Jeremiah.

- Ei, amor, onde você tava? - Sem resposta.

Lágrimas escorriam pelo rosto do Jeremiah, minha preocupação ia aumentando. Que merda tava rolando?

- É importante. - Conrad parou Jeremiah com a mão, depois de dois segundos do loiro o alisando... - Você já sabia, não é? Você soube disso a porra do tempo todo e não me disse nada?

A cada vez tudo ficava mais e mais confuso, Jeremiah parecia começar a ficar irritado, então, agarrei em seu braço.

- Jere...

Foi a última palavra de Conrad antes de Jeremiah dar um soco forte nele e eles dois começarem a se bater no chão. Foi até eles e tentei separar, sem resultado, chamei Susannah que parou a briga aos gritos.

- O que está acontecendo? - Su começara a ficar brava também, os dois irmãos já estavam de pé. Jeremiah ameaçava a começar a chorar.

- A gente sabe, mãe. - Conrad falou, franzi a testa.
- Nós dois sabemos.

- Sabem do que? - Questionei olhando para Jeremiah, que caiu no choro de vez.

Minha mãe veio até mim e segurou na minha mão, ela também chorava - delicadamente, estilo Morgana Thompson.

- Susannah está com câncer, filha.

E foi aí que meu mundo desabou, de novo. E como uma noite de sonhos se tornou em um pesadelo.

**

Já não bastava os dois últimos anos em luto, não bastava todo o meu esforço para vir para Cousins Beach, no final, tudo desmoronava. Não bastava eu perder meu pai por acidente de carro logo após o verão, tinha que perder Su também? Sei que em momentos como esse deveria estar junto de alguém para me apoiar, mas necessitava estar sozinha, para pensar em como fui ridiculamente ridícula de não perceber que minha madrinha não estava bem. Passei a entender o porque Conrad bebia o dia inteiro, fumava maconha etc, era para esquecer a dor de ter que perder a pessoa que mais ama. Meu verão baseou-se inteiramente ao Jeremiah, e percebi que não me importei com mais nada, nem em saber que Susannah estava bem ou o porque de Connie estar tão diferente. Eu chorava, muito. Meu rímel escorria deixando minhas bochechas pretas, minha cama estava cheia de glitter por conta do vestido, eu estava acabada. Minha ficha ainda não tinha caído por completo. Câncer? Como? A batida na porta me leva para longe de meus pensamentos conturbados.

- Filha? Tá tudo bem?

- Parece tudo bem, mãe?

A mesma deu um sorrisinho e negou com a cabeça, logo se sentando ao meu lado.

- Porque não me disse nada?

- Era o desejo dela, Chloe . Que seu último verão fosse normal, não poderia falar não. - Ela começara a chorar junto a mim, colocando sua mão no cabelo. - Vamos passar por isso, juntas. Vamos apoiar ela com o que ela precisar enquanto estiver com vida.

- E o tratamento?

- Ela não o fará.

E foi assim que me debulhei em lágrimas de novo.

- Susannah tem que fazer o tratamento mãe! Pode ajudar!

- Já tentei, Chloe. Não adianta. Ela prefere descansar ao sofrer. E quando isso acontecer, estarei aqui, para você. Sempre estarei aqui para você,querida. Sabe disso. Nunca,nunca mesmo,te deixarei sozinha.

Outra batida da porta. Jeremiah. Minha mãe deu um sorriso gentil para o mesmo, se levantou e fechou a porta.

- Convenci ela de fazer o tratamento. - Um sorriso fraco apareceu em seu rosto e eu dei um abraço nele.

- Ela vai conseguir, sempre conseguiu. Pode ter certeza.

**

- Ai meu deus, eu sou a própria Afrodite! - Falei rindo e apontando para o meu quadro que Susannah pintou. - Ficaram lindos, Su.

- Obrigada, meu amor.

Todos concordaram em levar o provável último verão de Susannah normalmente com uma condição: ela terá que fazer qualquer tipo de tratamento que faça ela melhorar. Faltara duas semanas para o fim do verão.

- A mesma cara do Hermes, sim ou sim? - Jeremiah estava ao lado de seu quadro e começamos a rir.

- Muito mais gato. - Dei um beijo nele.

**

Era de noite, estava com Jeremiah em meu quarto enquanto assistíamos Gossip girl. Ouvi uma batida na porta e levantei para abri-la.

- Ei, Chloe. Posso falar com você, querida? - Era a minha madrinha.

Olhei para Jeremiah, o mesmo deu de ombros. Prometemos levar o verão normalmente, mas ainda falávamos sobre Su, nos preocupávamos com ela. Só assenti e ela me levou para seu quarto, onde se sentou em sua cama, segui ela.

- Eai?

- Então...Chloe. Só queria garantir que se algo der errad-

- Não. Nada vai dar errado Su. Para com isso, se for para falar eu vou embora. - Ameacei me levantar mas a loira me segurou pelo braço.

Sua expressão era séria, então entendi que era melhor eu sentar e escutar.

- Temos que ter a consciência que eu posso não aguentar. - Senti minhas mãos tremerem, eu começar a suar e um nó se formar em meu pescoço ao ouvi-la falar isso. - Sei que vai ter alguém cuidando de você, sua mãe vai estar ao seu lado caso eu vá embora. Mas Jeremiah não. - A cada palavra meu coração disparava mais e mais, o desespero de pensar na minha vida sem uma das minhas apoiadoras desde sempre, é doloroso. - O pai dele finge que liga para ele, e Conrad...vai estar vivendo em seu próprio mundo, e ele não vai conseguir cuidar do Jere, ele não cuida nem de si mesmo.

Susannah deu uma parada longa e soltou um suspiro forte. Já tinha entendido o que era.

- Eu prometo, cuido do Jeremiah. Ele sempre me mandava mensagem quando meu pai morreu, não vai ser diferente quando se for...

- Ok. Obrigada de verdade, querida. Sabe quanto ele e eu precisamos disso. Não vou embora em paz sem saber se ele está nas mãos certas.

Dei um abraço em Su. Ficamos conversando por um tempo ainda. Sobre como tudo seria após ela partir.

**

As duas últimas semanas foram como um
sonho. Passei a maior parte do meu tempo com o Jeremiah, com meus amigos e em festas. Mas quando eu estava sozinha era aonde meus pensamentos sobre Susannah apareciam como um todo. Todos os tipos de possibilidades - ela sofrer com tratamento, sobreviver, morrer - passaram pela minha cabeça. A essa altura, eu arrumava minha mala enquanto ouvia dancing with our hands tied e conversando com Heather. Henry gritou para irmos rápido porque sairíamos em vinte minutos.

- Chloe. Podemos conversar? - A porta abrira e Jeremiah apareceu nela.

Fui até meu namorado e descemos as escadas. Fomos em direção a praia e sentamos na areia, olhando diretamente para o mar.

- Acabou. O último dia do verão.

- Pois é. Foi o verão que mudou minha vida, foi o melhor verão. -Falei respirando o ar do mar salgado.

Passamos um minuto em silêncio, somente sentindo a brisa do mar.

- Chloe. Eu te amo. - O loiro disse pegando em
minha mão e se virando para mim. - E é por isso que eu acho que a gente tem que terminar.

𝐌𝐀𝐘𝐁𝐄 𝐓𝐇𝐈𝐒 𝐓𝐈𝐌𝐄,  jeremiah fisherOnde histórias criam vida. Descubra agora