2 - mr. perfectly fine

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Após o jantar, percebi Conrad subindo para seu quarto sem ao menos falar com ninguém. Então como a boa amiga e psicóloga que sou, fui atrás do mesmo. Ouvi a música alta em seu quarto no começo do corredor, e, ao chegar em sua porta, bati duas vezes, já que ele não respondeu, abri a porta. O Fisher estava de costas para a porta, tirando sua camisa. Sem ele perceber, fechei a porta e fui até seu rádio que tocava R U Mine, do Artic Monkeys. O moreno olhou para trás e deu um sorriso ladino.

- Sua mãe não te ensinou a bater na porta, Thompson?

- Me desculpe se sua música estava tão alta que você nem ouvia minhas batidas na porta. -Dei uma risada fraca e me sentei ao seu lado. - Mal falou comigo o dia inteiro, parou de responder minhas mensagens e quando o jantar acabou, saiu para se esconder na sua caverna. Me conta, o que tá rolando?

Senti Conrad hesitar em responder, mas senti que depois de tudo o que passamos juntos desde de a morte da Susannah, ele não conseguia esconder nada de mim.

-  No final de semana, fui para casa e visitei meu pai. Enquanto eles estava no escritório, o telefone tocou, era a corretora, perguntando se já estava tudo certo para anunciar a venda dessa casa. Sabe que eu não poderia deixar isso acontecer, Coco, então vim para cá o mais rápido que pude. Adam não pode vender a casa sendo que ela é minha e do Jere. Falando nele, não conta nada disso para ele, beleza? Eu consigo resolver tudo antes dele saber.

- Ok, mas como eu falaria com ele? A gente não tem uma conversa desde o verão passado.

Conrad pegou minha mão, demonstrando apoio.

- Não está sendo fácil para mim também, ver ele e a Belly se dando tão bem é como uma facada.

Soltei um suspiro longo e me deitei em seu ombro. Era incrível como Conrad e eu construímos uma relação onde um era o pilar do outro. Nunca fomos próximo igual eu era com Jeremiah, só que estávamos tão necessitados de apoio, que não houvera nenhuma opção a não ser nos tornarmos inseparáveis.

Já fomos melhores amigos até os dez anos, que foi quando Conrad se aproximou de outros amigos em Cousins e quando eu me senti atraída pelo Jeremiah, me tornando mais amiga dele do que nunca.

Se tornou rotina eu ir visitar Conrad em sua faculdade, Brown, em Rhode Island, onde cursava cardiologia. Eu ia até Brown pelo ao menos duas vezes por mês, nos finais de semana ou feriados prolongados.

- Ei, Con, posso falar com voc-

Nós dois viramos nossos olhares para porta, lá esteve, o maldito do Jeremiah. Parecia que toda a vez que o vi, sentia meu coração bater sem controle, era inevitável. Me levantei da cama e dei um beijo na bochecha de Conrad.

- Vou indo, me manda mensagem. - Sai do quarto sem ao menos olhar na cara do loiro, tratarei ele com frieza assim como o mesmo fez comigo quando acabou com tudo o que construímos.

**

No caminho para um fliperama, que eu, por pura pressão, tive que ir, e ainda por cima tinha que dirigir o Jeep, Heather estava ao meu lado, e o carro, em silêncio.

- O que vai fazer com Jere? - Heather perguntou. - Foi bizarro.

- Como assim? - Olhei para ela confusa.

- Olha para frente, Chloe! - Henry gritou do banco de trás. - Deu para perceber que esse verão não vai ser nada bom. - Ele logo deu uma risadinha, percebi pelo canto de olho que Heather o olhou furiosa.

Não respondi a pergunta, só continuei dirigindo, afinal, estávamos chegando, não precisava me explicar. Estacionei no acostamento, desligando o carro e logo respirando fundo.

Nós três andamos un ao lado do outro, em silencio, sem dizer nada, mas claro, a morena que chamo de melhor amiga não fica quieta.

- Acho que vai ter que falar com ele, mesmo não querendo, não pode ignorar ele para sempre.

Fomos até o caixa, e de novo era uma ida silenciosa, as coisas com meu irmão ficaram meio frias também, não sabia como agir perto dele.

- Você não respondeu minha pergunta, do que realmente acho que deve fazer, só eu que dei ideias. - Heather me pressionou mais uma vez.

- Não 'tá nada cara que ela não sabe?! - Henry resmungou, pegando umas fichas dos jogos.

- O que rolou, de verdade?

- Preciso responder? - Falei.

Heather me olhou irritada. Qual era a necessidade de saber do meu passado trágico com Jeremiah? Já não bastava eu ter que vê-lo todos os dias até convencermos Conrad a voltar para a faculdade a tempo até suas provas começarem.

- Chloe, precisa terminar as coisas com ele. Sabe aquele negocio, de coisas mal resolvidas sempre voltam? - Assenti, prestando atenção na minha amiga. - Pois é, gata, resolve, se não aquele traidor voltar

- Traidor é uma palavra muito forte. - Meu irmão a retruca

- Não. - A morena responde seca. - Foi muita sacanagem o que ele fez. - Ela dá uma pausa. - Porra, Henry, se você fizer isso comigo, eu nunca mais olho na sua cara, e acabo com a sua vida!

Chegamos ao jogo de bola na cesta, Henry e Heather se posicionaram um em cada cesta e iniciaram uma competição. Fiquei entre eles dois e continuei a conversa.

- Ele foi e ainda é um babaca. Para namorar minha melhor amiga desde que eu me conheço por gente.

- Falando nisso, eu imaginava que poderia acontecer de tudo nesse verão, mas não ver o Fisher com a Bels. - Heather comentou. - Nem ver você tão próxima do Fisher mais velho, ein, Coco. - A mesma continua com a sua voz sedutora.

Henry pigarreio e eu revirei os olhos.

- Nem vem dar uma de cúpido, pois fracassou da última vez. - Vejo Heather revirar os olhos pelo espelho.

- Ele acabou com tudo. Sabe disso. Eu fui muito bem sucedida. - A morena dá um sorriso convencido.

- Jeremiah parece estar agindo como se nada aconteceu. Como se não tivesse me quebrado por dentro.

- Hello, Mr. "perfectly fine", how's your heart after breaking mine? - Heather começou cantarolar.

- Como eu odeio você. - Falo para a morena.

𝐌𝐀𝐘𝐁𝐄 𝐓𝐇𝐈𝐒 𝐓𝐈𝐌𝐄,  jeremiah fisherOnde histórias criam vida. Descubra agora